Invasão corintiana, 48 anos: algum dia veremos algo parecido no futebol?
Por Marcos Júnior Micheletti, da Redação do Portal Terceiro Tempo
Há exatos 48 anos, em 05 de dezembro de 1976, mais de 140 mil torcedores estiveram no Maracanã para o jogo da semifinal do Campeonato Brasileiro daquele ano, entre Fluminense e Corinthians, que ao final contou com vitória alvinegra nos pênaltis, após empate em 1 a 1 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação.
A "Máquina Tricolor", comandada pelo saudoso treinador Mário Travaglini (1932-2014), era a favorita no confronto diante de um time que amargava 22 anos sem conquistar um título, o Corinthians, dirigido por Duque (1928-2017).
O elenco do Fluminense contava com o ex-corintiano Rivellino como sua principal estrela, mas outros nomes davam peso ao grupo, como Carlos Alberto Torres (1944-2016), Carlos Alberto Pintinho, "Búfalo" Gil, Doval (1944-1991) e Dirceu (1952-1995), entre outros.
Pelo lado corintiano, muito mais abnegação do que talento individual. Ainda assim, Neca, Wladimir e Zé Maria figuravam como aqueles em que a torcida alvinegra mais depositava seus votos de confiança.
MUITA CHUVA E MAIS CORINTIANOS EM PLENO MARACANÃ...
Havia um componente que poderia prejudicar o técnico e badalado time do Fluminense: a chuva. E foi exatamente ela, impiedosa, que acabou por reduzir a diferença entre as duas equipes.
Além disso, um outro que acabou marcando na história do futebol brasileiro: a presença de mais torcida do Corinthians do que do próprio Fluminense naquela disputa em confronto único.
FLU SAI NA FRENTE, MAS O TIMÃO BUSCA O EMPATE
Aos 18 minutos do primeiro tempo, apesar do gramado pesado, o Flu conseguiu impor sua melhor técnica para abrir o placar. Gil, o "Búfalo Gil", ponta direita de grande velocidade, cruzou para Carlos Alberto Pintinho. O habilidoso meio tocou de pé direito, da entrada da pequena área, sem chance para o saudoso goleiro Tobias (1949-2024).
Onze minutos depois Vaguinho cobrou escanetio pela esquerda. O quarto-zagueiro Zé Eduardo (1954-2017) escorou de cabeça e, no meio do caminho, na pequena área, Russo (1949-2012) fez de meia bicicleta o gol de empate corintiano. Beijinhos para a torcida, a marca registrada do saudoso volante corintiano, que naquele dia jogava com a camisa 10, que por tanto tempo havia sido de Rivellino.
Russo, no centro da foto, manda beijos para a torcida, entre Zé Eduardo e Zé Maria, comemorando o gol de empate do Corinthians diante do Fluminense. Foto: Reprodução
PRORROGAÇÃO E PÊNALTIS
Com o empate no tempo normal, o jogo foi para a prorrogação. Exceto por uma chance desperdiçada por Doval, as equipes pouco criaram, e nas cobranças de pênaltis a vitória foi do Corinthians, por 4 a 1, que converteu com Neca, Russo, Moisés e Zé Maria. Doval marcou o único gol do time das Laranjeiras. Tobias, o goleiro corintiano, acabou como o grande nome daquela decisão, defendendo as cobranças de Rodrigues Neto e Carlos Alberto Torres.
A OUTRA SEMIFINAL
Naquele mesmo 5 de dezembro de 1976, no Beira-Rio, o Internacional derrotou o Atlético-MG por 2 a 1. O Galo saiu na frente com Vantuir, na primeira etapa. No segundo tempo, dois belos gols: Batista, de fora da área, acertou o ângulo esquerdo do goleiro Ortiz. Depois, o antológico tento marcado por Falcão, após tabelinha pelo alto, entre Dario, Escurinho e Falcão.
NA DECISÃO, DEU INTER...
Classificados, Internacional e Corinthians foram para um único jogo decisivo pelo título do Brasileiro de 76, e a equipe gaúcha venceu com gols de Dario e Valdomiro, no Beira-Rio, em 12 de dezembro, garantindo o bicampeonato consecutivo para o Colorado.
Tobias, herói da decisão em pênatis há 45 anos. Na imagem, o ex-goleiro corintiano na inauguração da Arena Corinthians, em 10 de maio de 2014. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal Terceiro Tempo
ABAIXO, MELHORES MOMENTOS DA SEMIFINAL DO BRASILEIRÃO DE 1976 ENTRE FLUMINENSE X CORINTHIANS (NARRAÇÃO DE WALTER ABRAHÃO E REPORTAGENS DE ELI COIMBRA E JOSÉ REZENDE, PELA TV CULTURA-SP)
FICHA TÉCNICA DA PARTIDA
Fluminense 1 x 1 Corinthians (tempo normal e 0 a 0 na prorrogação) e Fluminense 1 x 4 Corinthians (nos pênaltis).
Estádio: Mário Filho (Maracanã)
Púlico: 146.043
Árbitro: Saul Mendes (Bahia)
Fluminense:
Renato, Rubens Galaxe, Carlos Alberto Torres, Edinho e Rodrigues Neto. Cléber (Erivelto), Carlos Alberto Pintinho e Rivellino. Gil, Doval e Dirceu. Técnico: Mário Travaglini.
Corinthians:
Tobias, Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir. Givanildo (Basílio), Neca e Russo. Vaguinho, Geraldão (Lance) e Romeu. Técnico: Duque.
Autógrafos de Russo (que grafava seu nome com dois ésses) e Tobias, de 14 de janeiro de 1975. Arquivo pessoal de Marcos Júnior Micheletti
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