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Moda 'fora da bolha': Esports intensificam relação com vestuário

Coleção lançada pela Liberty em 2022 - Divulgação / Liberty Esports
Coleção lançada pela Liberty em 2022 Imagem: Divulgação / Liberty Esports

Colunista do UOL

23/09/2022 04h00

Há muito tempo que o esporte deixou de ter características limitadas quando falamos de moda.

Se antes as roupas de clubes se limitavam a simples camisetas e, no máximo, agasalhos de modelos únicos, hoje em dia vemos uma enorme variedade, com cada vez mais opções e ideias por trás das marcas.

Nesse sentido, o esporte eletrônico também se desenvolveu rápido, e hoje não deixa a desejar tanto de forma endêmica quanto não endêmica quando o assunto é vestuário.

Na última semana, Bruno "Nobru", campeão mundial de Free Fire pelo Corinthians, dono do Fluxo e um dos maiores expoentes do game da Garena a nível global, oficializou parceria com a Lacoste, marca francesa de luxo, sinônimo de renome.

Uma exposição maravilhosa para o cenário como um todo, que ganha mais uma vez legitimidade perante públicos muitas vezes difíceis de conquistar.

Que o diga Felipe "brTT", maior campeão da história do CBLOL. O ídolo do League of Legends brasileiro não só tem parcerias gigantescas com ninguém menos que Nike e Gucci, como também conta com a sua própria marca de roupas - a Rexpeita, extremamente popular entre os fãs de esporte eletrônico no Brasil, mas também com um perfil totalmente capaz de "furar a bolha" e mostrar que Esports e moda caminham muito bem juntos.

Porém, a relação com a moda não se limita aos patrocínios a jogadores específicos. As organizações em geral têm trabalhado muito bem isso, de entender que não basta atender ao público somente com camisetas de jogo. É necessário desvendar o perfil dos torcedores e, de forma inteligente, atrair novos fãs também com um vestuário adequado para qualquer tipo de ambiente e situação - fidelizando o consumidor a todo instante.

Recentemente, a Liberty deu um bom exemplo neste sentido, lançando um drop que, nas palavras da própria equipe, "prioriza estilo e conforto". De fato, é possível notar que as peças não se preocupam em escancarar símbolos gigantescos ou referências exageradas à organização. A marca está ali, presente à sua maneira, apropriada aos mais diversos contextos de utilização. Uma tendência sagaz de marketing.

Assim como, no futebol, torcedores brasileiros consomem (e muito) camisetas de times europeus sem ter grande identificação com os respectivos, apenas para complementar seu armário com uma peça que lhe agrade, o mesmo vale para o esporte eletrônico. Entender que acompanhar uma equipe mais de perto e torcer por ela pode começar com o simples fato de gostar das cores ou das respectivas roupas é um passo e tanto para o cenário.

Sem esquecer, é claro, as famosas "collabs" - uniões entre organizações e marcas para coleções específicas. A já mencionada Gucci, por exemplo, realizou um trabalho neste sentido com a norte-americana 100 Thieves. A gigante Team Liquid é outra que dá aula nessa linha, já tendo trabalhado com nomes do calibre de Marvel e Naruto, por exemplo. Formas extremamente eficientes de multiplicar público e awareness.

Parece óbvio, mas vale sempre lembrar: o fã de esporte eletrônico, embora muitas vezes mistificado por estereótipos insistentes e preconceituosos, tem gostos próprios para outras áreas como fãs de quaisquer outras áreas. Cabe aos times, e ao mercado como um todo, entender que há muito a se trabalhar na relação entre games e moda.