Tesla anuncia Model 3 a R$ 125 mil; resta saber se cumprirá promessas
Parecia lançamento de smartphone ou de vídeogame novo: durante toda a quinta-feira (31), a Tesla Motors inundou as redes sociais com imagens de filas gigantes às portas de suas lojas nos Estados Unidos, Canadá e até Austrália. Um carro vale horas de fila? A resposta é complicada, mas o carro mostrado foi o Model 3, novo elétrico da Tesla.
Ao que parece, boa parte do público que se dispôs a chegar na loja de Los Angeles e filiais da empresa ao redor do mundo, a partir das 7h, estava mesmo querendo ouvir as novas promessas de Elon Musk, presidente da Tesla e candidato a novo guru da indústria desde a morte de Steve Jobs, da Apple.
Ele cumpriu o figurino: todo vestido de preto e com uma claque pronta a aplaudir a cada quatro palavras, começou a falar a partir das 20h30 locais (0h30 no Brasil) e, em poucos minutos, prometeu ter a chave para reduzir a poluição no mundo (segundo ele, houve recorde de emissões de CO2 em 2015), dar liberdade de viagem às pessoas ("viajar ao redor do mundo", nas palavras de Musk) e revolucionar o que chama de "modelo de transporte sustentável".
Na prática, apresentou seu novo carro elétrico: o Model 3 custa US$ 35 mil (cerca de R$ 125 mil), foi mostrado em diferentes cores, mas não está pronto.
Chega só no final de 2017. Mas, segundo Musk, já supera expectativas; "O total de encomendas, que começaram há 24 horas, agora passaram de 115 mil".
Promessa x realidade
Tanto quem estava na fila, quanto quem preferiu assistir à revelação do Model 3 pela internet, pôde (e ainda pode) reservar o carro pagando US$ 1.000.
A Tesla afirma que vai honrar entregas no mundo todo -- do formulário, consta até o Brasil --, mas a lista inicial de entrega cita apenas América do Norte e, conforme a produção for ampliada, Europa, Ásia, Área do Pacífico e Oceania, com países com mão inglesa na sequência. Nada de América do Sul.
Como o carro não estará pronto por mais de um ano, quem não quiser esperar pode usar a reserva de US$ 1 mil para abater parte do pagamento do Model S ou do SUV Modelo X. Tem brasileiro que já comprou o Model S, por conta.
De fato, o Model 3 promete bastante. É mais barato que o novo Chevrolet Volt (que custa pouco mais US$ 37 mil) e pode ser mais tecnológico e luxuoso. Não há, porém, especificações oficiais.
Musk fala em espaço para cinco adultos ("posicionamos o banco dianteiro mais à frente, para aumentar o espaço de pernas para quem vai atrás"), alcance mínimo de quase 350 quilômetros (215 milhas, contra 53 do Volt), capacidade de supercarregamento de baterias (para permitir viagens longas e rápidas... ou menos demoradas) e performance (0-100 km/h em menos de 6 segundos).
Além disso, virá com a capacidade de rodar de forma semiautônoma (em rodovias ou trajetos delimitados e bem sinalizados) -- função chamada nos EUA de Autopilot -- e que já existe em carros da Audi (A3 e A4) e Volvo (V40, S60, XC90), além de freios automáticos e alerta de mudança de faixa. Tudo de série.
O interior de um dos carros também foi mostrado, mas pareceu bastante conceitual. De toda forma, uma tela gigante e ultrafina, semelhante a um desktop feito pela Apple, se destaca no painel, ao lado do volante.
A imprensa americana aponta nível semelhante de equipamentos e acabamentos apenas em modelos alemães, como os da BMW. Acontece que o compacto i3 custa mais de US$ 42 mil por lá.
Vai entregar?
Em 2015, a Tesla diz ter entregue 50 mil unidades de seu sedã grande de luxo, Model S, em todo o mundo, um recorde. Não há estimativa fechada para os Estados Unidos, mas a imprensa local estima que o carro foi o elétrico mais vendido por lá, com algo entre 22 mil e 25 mil unidades.
Nissan Leaf (que roda pelo Brasil) só entregou 17 mil carros nos EUA (foi líder em 2014, com 30 mil carros), enquanto o Cruze vendeu menos de 13 mil.
Ponto 1: os rivais estão na transição, acabaram de mudar de modelo, situação que derruba vendas. O panorama real será visto agora em 2016.
Ponto 2: o total de venda de carros verdes (elétricos e híbridos) caiu quase 20% nos EUA, por conta da gasolina barata e da oferta de carros com motores a combustão mais eficientes.
Musk, porém, acredita no que chama de "grande plano". "A parte final do nosso grande plano é oferecer um carro de alto volume e preço acessível", aponta o empresário. Os números são eloquentes: a Tesla quer vender 500 mil unidades até 2020, principalmente do Model 3.
Para isso, vai precisar de sua nova e gigantesca fábrica de baterias instalada em Nevada, a Gigafactory (feita em parceria com a Panasonic e que teve US$ 1,3 bilhão -- quase R$ 5 bilhões -- em isenção de taxas e impostos do governo), operando ao máximo até 2020, com 6.500 trabalhadores.
Já deveria ter 700 pessoas trabalhando no final de 2015, mas só empregou cerca de 300, segundo publicações como "Bussiness Insider" e "The Verge".
Além disso, precisa cumprir a meta de quase quadruplicar o total de superpostos de carregamento de elétricos no mundo, chegando a 15 mil até o final de 2017. E mais que dobrar o número de localidades atendidas por lojas, de 215 para 441 em todo o mundo.
Foi uma boa apresentação, mas são muitas as promessas a serem cumpridas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.