Paula Gama

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Estupro e roubo em carro de app: como se proteger e ter viagem segura

Desde a infância, as mulheres brasileiras estão "acostumadas" a se sentirem frágeis diante da violência. Quando um homem se vê em um local deserto, sua maior preocupação é com um assalto, enquanto as mulheres temem um estupro. Essa sensação de insegurança - que há gerações está nas ruas, nos ônibus e espaços públicos - também está presente nos carros de aplicativo.

Na última semana, uma mulher foi roubada e estuprada por um motorista de aplicativo em Salvador. Segundo informações da Polícia Civil, ela solicitou uma corrida e, poucos minutos após entrar no carro, o motorista a rendeu com uma faca, roubou seus pertences e a estuprou.

A sequência de violências não parou por aí. Cerca de 24 horas depois do caso, o motorista Ramon Santos, acusado de ter cometido o crime, apareceu morto. A principal suspeita é que ele tenha sido executado pelo "tribunal do crime".

Casos de violência dentro de carros de aplicativo, como estupro, sequestro e roubo, não podem mais ser considerados "pontuais" e "isolados". O que chama atenção é a ousadia de cometer crimes sabendo que informações pessoais, como nome, endereço e documentos, estão registrados na ferramenta. É exatamente por isso que, de acordo com Eduardo Lima de Souza, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo (Ama-SP), muitos compram contas falsas.

"Há duas situações: quando o bandido rouba o celular do motorista e se passa por ele - mas isso é por poucos minutos - e, a mais comum, criminosos que compram compras falsas. Você acha facilmente para comprar no Facebook. Eles utilizam esse tipo de conta porque não registram seus dados reais. Uma empresa de tecnologia permitir que algo desse tipo aconteça é o fim dos tempos, mas acontece", afirma.

Cássio Thyone, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, avalia que esse tipo de crime se tornou muito comum porque empresas como a Uber ampliaram o acesso à profissão de motorista profissional. Hoje, existem mais motoristas de aplicativo do que de táxi durante o auge do serviço. Para o especialista, parte desses sequestros e assaltos acontecem com apoio de outro crime, como o uso de documentos falsos para se cadastrar na plataforma.

Ainda que seja praticamente impossível ficar imune à violência em qualquer espaço, o especialista em segurança pública explica que existem formas de reduzir o risco. O primeiro passo é conhecer bem a plataforma que estiver utilizando e orientar os usuários idosos ou adolescentes sobre as ferramentas existentes.

"É importante escolher motoristas mais bem avaliados e sempre conferir se a pessoa que se apresenta é a da foto. Depois, é preciso saber usar todas as ferramentas disponíveis, como compartilhamento de corrida com um familiar, gravar o áudio da viagem e o famoso botão do pânico, que aciona a polícia", explica.

Outra recomendação básica e importante é jamais utilizar o serviço pirata. "Mesmo que você seja assaltado usando a plataforma, terá chances de rastrear o criminoso. Se você pegar um Uber 'pirata', como esses que ficam no aeroporto, você perde todos os recursos do aplicativo, todas as garantias. Normalmente, esses motoristas informais são os que foram banidos dos aplicativos", alerta.

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Ferramentas de segurança

Apesar de não terem zerado o número de crimes em veículos de aplicativo, as empresas investem em ferramentas de segurança para reduzir os riscos. De acordo com a 99, essas ações levaram a uma redução dos casos de assédio e violência sexual ocorridos durante as viagens por carro em 43%, por milhão de corridas, em todo país, de janeiro a dezembro de 2023.

Entre os recursos da 99 está o uso de inteligência artificial para atuar no momento da chamada da corrida, classificando o nível de vulnerabilidade de passageiras, considerando fatores como local, horário e duração da viagem, e direcionando a solicitação para motoristas mulheres ou para os condutores homens mais bem avaliados, além de disparar uma série de mensagens educativas sobre respeito e empatia.

De acordo com a plataforma, durante a viagem, a corrida é monitorada em tempo real por outra IA que identifica anormalidades, como parada longa ou desvio de rota, e aciona protocolos de segurança.

Já a Uber investe em uma ferramenta de "verificação de identidade em tempo real", chamada U-Selfie. De tempos em tempos, o aplicativo pede aleatoriamente para que os motoristas parceiros tirem uma selfie antes de aceitar uma viagem ou de ficar on-line.

Também há uma detecção automática de linguagem imprópria nas mensagens que são enviadas no bate-papo do aplicativo. Palavras que possam ser consideradas ofensivas ou que ameacem a integridade de uma pessoa entram automaticamente em um processo de desativação permanente da conta original.

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Durante a viagem, o aplicativo conta com o botão 'Recursos de Segurança'. Ele permite que usuários e motoristas parceiros possam compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem, além de oferecer a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. Ainda nesse botão também é possível acionar o recurso de gravação de áudio. Recursos semelhantes também são adotados pela 99.

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