Topo

Fernanda Victor

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Novidades para tratar obesidade: saiba mais sobre nova medicação aprovada

iStock
Imagem: iStock

Colunista do UOL

23/12/2021 04h00

Notícia animadora para o cenário atual! O número de pessoas com obesidade segue crescendo e já atinge mais de 600 milhões de adultos ao redor do mundo e cerca de 20% da população brasileira.

Com um caráter crônico e silencioso, a obesidade segue se agravando e coexistindo com outras doenças (comorbidades) à medida que contribui para aumentar a incidência de diabetes tipo 2, hipertensão arterial, alterações no perfil de colesterol, gordura no fígado e distúrbios do sono.

Atualmente, adota-se o critério da OMS (Organização Mundial da Saúde) que utiliza o IMC (Índice de Massa Corpórea) ≥ 30 kg/m2 para diagnosticar obesidade. As medicações antiobesidade podem ser fortes aliadas no processo de emagrecimento, sendo indicadas quando há uma grande dificuldade na perda de peso em pacientes com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) ou com sobrepeso (IMC ≥ 27 kg/m2) associado a pelo menos uma comorbidade.

Recentemente, no último dia 20 deste mês, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou mais uma medicação para o tratamento da obesidade no Brasil, completando uma lista de quatro medicamentos disponíveis.

A medicação recém-liberada é uma combinação fixa e de liberação prolongada contendo bupropiona e naltrexona. Até então, os agentes farmacológicos aprovados para o tratamento da obesidade eram a liraglutida, o orlistate e a sibutramina.

A nova medicação de uso oral bupropiona/naltrexona já havia sido aprovada nos Estados Unidos, na Europa e em alguns países da América Latina com o nome de Contrave®, sendo uma das mais comercializadas nos EUA e com um bom perfil de segurança, eficácia e tolerabilidade. A chegada dela no Brasil, indubitavelmente, somará forças no controle do excesso de peso.

A bupropiona e a naltrexona já eram utilizadas isoladamente no Brasil, mas os estudos demonstram que, quando em associação, os resultados na perda de peso são potencializados. Esses fármacos atuam no centro da fome, localizado em uma região do cérebro conhecida como hipotálamo, reduzindo a fome e controlando o apetite hedônico, ou seja, o comer associado ao prazer e a mecanismos de recompensa.

Vale reforçar que qualquer tratamento farmacológico para a obesidade precisa estar vinculado a mudanças no estilo de vida. Nos estudos clínicos que combinaram a bupropiona/naltrexona (360 mg/32 mg) com modificação intensiva do estilo de vida, atingiu-se perda de peso média de 11,5%, valor esse bastante expresivo.

Além disso, é necessária uma avaliação cuidadosa para direcionar quem realmente se beneficia dessa terapia.
Não podemos deixar de comemorar essa novidade! Afinal, quanto mais estratégias, maior a possibilidade de acesso ao tratamento da obesidade.

Referências:

1. Greenway FL et al. Effect of naltrexone plus bupropion on weight loss in overweight and obese adults (COR-I): a multicentre, randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet. 2010.

2. Barrea L et al. New-generation anti-obesity drugs: naltrexone/bupropion and liraglutide. An update for endocrinologists and nutritionists. Minerva Endocrinol. 2020.