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Fernanda Victor

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Já estamos em uma nova era no tratamento do diabetes?

vgajic/iStock
Imagem: vgajic/iStock

Colunista do UOL

19/05/2022 04h00

Ainda nem chegamos na metade do ano e 2022 já vem nos trazendo muitas novidades no tratamento do diabetes mellitus tipo 2. Observamos com entusiasmo o surgimento de medicações promissoras que têm demonstrado segurança e eficácia na obtenção de um melhor controle dos níveis de açúcar no sangue.

Na prática, sabemos o quão desafiador é alcançar e manter o controle glicêmico ideal. À medida que aumentamos as estratégias de tratamento que possibilitem atingir as metas individualizadas de glicemia, é possível evitar as tão temidas complicações da doença e garantir mais qualidade de vida para quem convive com diabetes.

Só nos últimos 2 meses, tivemos o lançamento de uma medicação oral com ótimos resultados no controle da glicemia e do peso corporal, a possibilidade de uma insulina de uso semanal com os animadores dados de um recente estudo e a liberação da comercialização americana pelo FDA (Food and Drug Administration) de um agente antidiabético inovador com a maior potência em controle de glicemia e perda de peso já avaliada.

A recente chegada da formulação oral da medicação semaglutida no mercado brasileiro, que até então só era comercializada no Brasil na versão injetável semanal, já desponta como uma opção adicional que fornece controle eficaz dos níveis de açúcar, com baixo risco de hipoglicemias, enquanto reduz o peso, a pressão arterial e, em alguns casos, eventos cardiovasculares.

O fato de estar agora disponível em comprimidos pode melhorar a aceitação e adesão ao tratamento, sobretudo para pacientes resistentes em iniciar medicamentos injetáveis.

Passados 100 anos desde a descoberta da insulina, pesquisadores celebram os dados promissores obtidos em um recente estudo com a primeira insulina de aplicação semanal, a Icodec. Em portadores de diabetes tipo 2 que fazem uso de insulina, essa opção terapêutica representa uma revolução ao utilizar a medicação com injeções semanais, e não mais diárias.

No último dia 13 de maio, foi aprovada o uso da medicação tirzepatida pelo FDA, órgão regulatório americano similar à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Essa nova classe de medicação de uso injetável semanal vem demonstrando benefícios sem precedentes em sua capacidade de reduzir a hemoglobina glicada (média de açúcar dos últimos 3 meses) e o peso corporal em adultos portadores de diabetes tipo 2.

Além das medicações, várias inovações tecnológicas vêm ganhando espaço na área do diabetes com a finalidade de melhorar o seu gerenciamento e otimizar o tratamento da enfermidade.

É possível usar a tecnologia a nosso favor de diversas formas. Já dispomos de sistemas que permitem a monitorização contínua de glicose através de sensores na pele e aplicativos de celular que auxiliam na educação em diabetes ao oferecer registros de glicemias, de ingestão de alimentos, rastreamento de atividade física diária e até recomendação de doses de insulina.

Pode parecer utópico, pois sabemos que ainda há um longo caminho até a garantia de acesso de todas essas ferramentas terapêuticas para a maioria dos pacientes com diabetes, mas não podemos negar que toda essa evolução nos deixa mais esperançosos.

Referências

1. Meier JJ. Efficacy of Semaglutide in a Subcutaneous and an Oral Formulation. Front Endocrinol. 2021; 12:1-11.

2. Company announcement. Once-weekly insulin icodec demonstrates superior reduction in HbA1c vs insulin degludec in people with type 2 diabetes in ONWARDS 2 phase 3a trial. 2022. https://www.novonordisl.com

3. Frías JP et al. Tirzepatide versus Semaglutide Once Weekly in Patients with Type 2 Diabetes. N Engl J Med 2021; 385:503-515.

4. https://investor.lilly.com/news-releases/news-release-details/lillys-tirzepatide-delivered-225-weight-loss-adults-obesity-or.