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Drogas são usadas para estuprar mulheres: 'Sobrevivi por milagre'

De Universa, em São Paulo

13/06/2023 11h00

O Sem Filtro de hoje (13) falou sobre as chamadas "drogas do estupro", usadas para dopar mulheres e aplicar golpes financeiros. Recentemente, ações das polícias de São Paulo e do Rio de Janeiro interceptaram o tráfico de GHB, que além de ser imperceptível ao se misturar com outras bebidas, pode levar a convulsões e a paradas cardíacas.

Outras substâncias funcionam de maneira parecida, como explica Rita Higa, professora de Toxicologia e Medicina Legal da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). E muitas não são ilegais, como os remédios para ansiedade e depressão usados em grande quantidade. Sedativas, fazem a vítima desmaiar e perder a memória. "Assim facilitam a ação a ação criminosa de estupro, roubos e golpes financeiros", diz a especialista

A estudante universitária Franciane Andrade, 24, conta ter sido uma vítima de uma "droga do estupro". Em 2021, ela havia ido à festa do rodeio de Jaguariúna, no interior de São Paulo, e, sem perceber, alguém colocou um "boa noite, Cinderela" em seu copo —diz que, até onde se recorda, não aceitou bebida de ninguém. Acordou horas depois de chegar ao evento, em meio a um cruzamento de trânsito, e sem lembrar o que tinha acontecido. Após sentir dores na região íntima, procurou a delegacia e fez exames, que constataram estupro.

"Ser uma sobrevivente é um milagre. Não tive ajuda médica, um segurança me tirou da pista premium e me deixou no camarote jogada no chão. Foi constatado que eu poderia ter morrido de parada respiratória por causa da droga que consumi. Nem era nem pra eu estar aqui", diz Franciane a Universa. A organização do evento foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou sobre o caso até a publicação deste texto.

Ianca Santos, advogada de Francine, afirma que têm sido cada vez mais comuns os casos de mulheres que são dopadas e abusadas. E fala da importância em denunciar, mesmo que a vítima não consiga reconhecer o agressor. "A mulher pode não lembrar o que aconteceu, mas há consciência de que seu corpo foi tocado. É importante frisar que os exames mostram lesões, bem como a presença de substâncias no corpo da vítima. Isso tudo são provas do crime", diz Ianca.

O que é estupro de vulnerável? 'É um dos mais graves, tiram a capacidade de consentir', explica Cris Fibe

Durante o programa, a jornalista Cris Fibe fala sobre estupro de vulnerável. "A gente tem uma ideia de que o estupro é um crime cometido sob grave ameaça, ou seja, quando o cara te pega na esquina e estupra à força. E não: tem o estupro de vulnerável, quando o sujeito tira a sua capacidade de consentir e discernir o que está acontecendo. E quando a pessoa volta a consciência, não sabe o que aconteceu", explica. "Assim como toda interação sexual com menores de 14 anos é estupro de vulnerável. Esse é um dos crimes mais graves pelo nosso Código Penal", lembra.

Mesmo que a vítima não se recorde de nada, Fibe ressalta a importância de denunciar, pois os agressores normalmente podem estar praticando o mesmo crime contra outras mulheres. A jornalista também fala sobre a realização de atendimento médico. "Assim, a vítima consegue ter acesso a coquetéis antivirais, e pode fazer tratamentos preventivos de doenças que eventualmente pode ter contraído."

Seguem aqui os outros temas que foram destaque nesta edição do "Sem Filtro":

Deputado compara mulheres com vacas para aprovar projeto contra aborto

Gilberto Cattani (PL) é autor de projeto de lei que dificulta acesso ao aborto no MT. Ao instaurar grupo pró-vida com outros deputados, comparou mulheres com vacas.

'É um peso que sai dos ombros da vítima', diz Fibe sobre caso de assédio no The Guardian

Ex-comentarista de política do "The Guardian" Nick Cohen, 62, foi acusado de assédio sexual por pelo menos sete mulheres que trabalharam no jornal britânico.

Maioria das brasileiras acredita que existe motivo para violência doméstica

De acordo com pesquisa da ONU, 75,79% das brasileiras acreditam que existe alguma justificativa para o homem bater na esposa ou que não há nenhuma justifica para uma mulher praticar aborto.

33% dos brasileiros passaram Dia dos Namorados comemorando com amante na hora do almoço

Pesquisa feita pelo Gleeden, plataforma para casos extraconjugais, revelou que no Dia dos Namorados, ontem (12), 33% dos brasileiros passaram a data com o ou a amante.

Assista ao Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

Veja a íntegra do programa: