Pesquisadora da morte mudou a forma de ver a vida após experiência pessoal

Cynthia Araújo é professora, advogada e pesquisadora da morte. A decisão de entender melhor como vivemos nossos últimos dias não é mórbida. Pelo contrário, ela busca ajudar as pessoas a aproveitarem todos os momentos que estão nesse mundo da melhor maneira.

Em seu livro "A vida afinal - Conversas difíceis demais para se ter em voz alta" (Paraquedas), ela quer fazer as pessoas refletirem sobre a ilusão de que a vida ser eterna e a necessidade de pensarmos sobre a finitude.

"Tiramos a morte da nossa vida aos poucos. Passamos a escondê-la, usar metáforas. Tudo isso contribui para não pensarmos nela. Mas deixar de pensar não quer dizer que não vamos morrer", explica. Ela destaca também a ilusão de que só pessoas velhas morrem, quando jovens, crianças e até quem está saudável, pode falecer de repente.

Para facilitar o processo de entendimento do leitor sobre o tema, Cynthia usou sua experiência pessoal para ilustrar como a morte pode chegar quando menos esperamos.

"Em 2012, minha mãe teve dois AVCs hemorrágicos de forma repentina e foi parar na UTI. Naquele momento, realmente entendi aquilo que já pensava: a morte pode acontecer de repente e temos que aproveitar todas as nossas chances", conta.

Sua mãe está bem, mas para ela o choque foi um chacoalhão para dar valor a todos os momentos que vive. "Não guardo vida para depois. Não consigo impedir a morte, mas posso viver bem até que ela chegue. Ter essa perspectiva muda a forma como vivemos", explica.

Chance de escolher

Em sua pesquisa, Cynthia conversou com diversos pacientes que tinham prognósticos não animadores para o futuro. E ainda assim, não enfrentavam a possibilidade da morte. Preferiam fazer planos e deixar para realizar sonhos só depois da cura, algo que podia não acontecer.

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"Essa crença faz com que os pacientes adiem as conversas sobre morte. Eles só vão pensar nisso quando não há mais tempo. Perdem a vida que poderiam ter vivido", diz Cynthia. Ela é a favor de que tenhamos a opção de decidir como queremos aproveitar o mundo antes do nosso fim.

"O que aquela pessoa vai querer fazer antes de morrer? Ela quer se reconciliar com alguém? Deixar um legado? Escrever um livro? Não dá para deixar de viver o presente por um futuro que pode não vir", conta.

Segundo ela, mesmo com tantos estudos, não quer dizer que encare a morte de maneira leve. "Não quer dizer que se eu perder minha mãe ou minha filha, minha dor vai ser menor. Mas acho que posso ter vivido uma vida melhor até chegar na morte, o que pode facilitar o processo de luto", concluiu.

Seguem aqui os outros temas que foram destaque nesta edição do "Sem Filtro":

Jovem com gravidez psicológica ficou de luto por um ano: 'Meu mundo caiu'

Assim como a personagem da atriz Lucy Ramos em "Amor Perfeito", a social media Gisele Ramos, 21, passou por uma gravidez psicológica. Na época, ela tinha terminado um namoro abusivo e se afastado da família. Para Universa, a jovem contou que a menstruação estava atrasada, viu a barriga crescer, os seios ficarem diferentes, além de sentir tontura e enjoo.

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PL Mães de Maio quer que governo pague tratamento de mães que perdem filhos

Durante o programa, as apresentadoras falaram também sobre o PL "Mães de Maio", que quer atribuir ao governo a responsabilidade de arcar com custos médicos e jurídicos de mulheres que ficaram doentes após verem seus filhos serem mortos por violência do Estado. "Apoiar essas mães é de absoluta responsabilidade do Estado. As consequências não são só psicológicas, porque afeta também a saúde física dessas mulheres, por exemplo", avalia Cristina Fibe, jornalista, especialista em cobertura de gênero e colunista de Universa.

Dia dos Solteiros: 60% não abre mão de limites por namoro, diz pesquisa

Sabia que hoje (15) é Dia do Solteiro? Uma pesquisa do aplicativo Inner Circle revelou que 61% de seus usuários não abrem mão de seus limites só para conseguir um namoro. Mas a mesma pesquisa mostrou que 53% já aceitaram coisas que não gostavam só para ficar no relacionamento.

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Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

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