Por que polo norte magnético da Terra está se movendo e como isso te afeta

Em uma movimentação definida como "nunca vista antes" pelos especialistas da organização britânica British Geological Survey (BGS) e do NOAA (sigla em inglês para o órgão Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), dos Estados Unidos, o polo norte magnético apresentou nos últimos anos uma posição inesperada, o que pode influenciar a navegação via satélites.

O que aconteceu

O polo norte magnético é a direção para a qual a agulha da bússola aponta ao se alinhar com o campo magnético da Terra. A localização varia como resultado das mudanças nos contornos dos campos magnéticos terrestres.

O polo norte magnético se desloca e muda ao longo do tempo. Segundo o portal do Royal Museums Greenwich, do Reino Unido, a movimentação acontece em resposta a mudanças no núcleo magnético da Terra, fazendo com que o polo norte magnético não seja um ponto fixo como o chamado polo norte geográfico.

[O polo norte magnético] É uma grande, caótica e turbulenta bola de ferro fundido girando no meio da Terra que gera a magnitude. Dr. William Brown, geofísico da BGS, ao portal do jornal britânico The Independent

O modelo elaborado pelos especialistas da BGS e do NOAA auxilia na orientação de diversas ferramentas. O aplicativo de bússola no smartphone, por exemplo, utiliza este padrão para funcionamento. Sistemas GPS em geral e até mesmo o uso militar para orientação geográfica em submarinos no Ártico também são regidos por estas medições. Para preservar a precisão das medições GPS, a cada cinco anos os cientistas reveem o modelo, redefinindo a posição oficial do polo norte magnético e introduzindo novas previsões para os próximos cinco anos.

Eventuais novos padrões do polo norte magnético exigem atualizações de grandes indústrias. Companhias aéreas e organizações como a OTAN (sigla para Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança política e militar internacional) devem atualizar seus softwares de navegação a partir das conclusões dos especialistas. Segundo o Dr. Brown, o modelo magnético mundial está incorporado em "praticamente qualquer peça de tecnologia", desde smartphones até carros e jatos militares. Para o uso casual, como o de bússolas no celular, não é necessário atualizar ou mudar equipamentos.

Novo resultado mostra desaceleração inédita

O resultado divulgado recentemente pela BGS é fruto da parceria com os norte-americanos do NOAA. Os cientistas envolvidos são responsáveis pelo acompanhamento e a divulgação periódica em relação à posição do polo norte magnético.

Segundo os especialistas, o polo norte magnético apresentou uma desaceleração inédita nos últimos anos. De 1600 a 1990, estima-se que o polo tenha percorrido, anualmente, entre 10 e 15 quilômetros. De acordo com o Dr. Brown, no início dos anos 2000, o polo acelerou para cerca de 55 quilômetros percorridos por ano. Porém, as medições indicam que, nos cinco últimos anos, a movimentação foi de apenas 25 quilômetros anuais.

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Mesmo com a desaceleração, o polo norte magnético tem se afastado do local onde permaneceu por muitos anos. Segundo o Dr. Brown, o polo se moveu ao longo da costa norte do Canadá durante séculos. "Ele derivou para o Oceano Ártico na década de 1990 e, depois disso, acelerou e rumou em direção à Sibéria [região russa]", explicou ao The Independent.

Os cientistas não conseguem prever com exatidão como serão as mudanças na movimentação do polo norte magnético. Os especialistas seguirão monitorando a velocidade em que o polo se move e verificar se a desaceleração permanecerá ativa ou se o polo voltará a se mover mais rapidamente.

Abaixo, veja a movimentação do polo norte magnético entre 1840 e 2019, em animação elaborada pela ESA, a agência espacial europeia:

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