Cientistas descobrem fungo capaz de transformar aranhas em 'zumbis'

Um novo fungo capaz de transformar aranhas em 'zumbis' foi descoberto na Irlanda do Norte, em Castle Espie, em 2021. Os detalhes foram publicados no mês passado em uma revista científica.

O que aconteceu

Exemplares das aranhas contendo o novo fungo foram encontradas em um depósito de pólvora. Cientistas divulgaram detalhes da descoberta em publicação no periódico Fungal Systematics and Evolution, em janeiro de 2025.

O fungo se assemelha ao Cordyceps, que aparece no mundo pós-apocalíptico do jogo e da série 'The Last Of Us'. Na produção da Max, cuja segunda temporada estreia em abril, o fungo sofre uma mutação para transformar humanos em zumbis.

As aranhas-tecelãs-das-cavernas (Metellina merianae) são conhecidas por ficarem escondidas em suas tocas ou teias. E a nova espécie de fungo, denominada Gibellula attenboroughii, altera o comportamento delas, levando-as para o ar livre até a corrente de ar, para consequentemente dispersar os esporos do fungo.

Parátipos de Gibellula attenboroughii na aranha
Parátipos de Gibellula attenboroughii na aranha Imagem: CABI

Fungo teria passado por evolução ao mesmo tempo em que as aranhas. O líder do estudo, Harry Evans, pesquisador no CABI, uma organização intergovernamental sem fins lucrativos de desenvolvimento e informação que se concentra principalmente em questões agrícolas e ambientais, disse que o processo de infecção por fungos é complexo e que o G. attenboroughii teria evoluído junto com as aranhas das cavernas.

Os esporos de G. attenboroughii penetram na aranha e infectam sua hemocele. Depois que a aranha deixa seu covil, G. attenboroughii produz uma toxina para matar seu hospedeiro, então usa antibióticos — substâncias antimicrobianas que matam bactérias — para preservar o cadáver enquanto o mumifica. O fungo absorve todos os nutrientes da aranha e quando as condições são adequadas, como alta umidade na caverna, G. attenboroughii desenvolve longas estruturas na aranha para dispersar seus esporos Harry Evans, esquisador no CABI, ao Live Science

Estudo deve focar em descobrir potencial medicinal do fungo. Com as recentes descobertas, Evans revelou que o objetivo principal da pesquisa é avaliar como o G. attenboroughii pode beneficiar os humanos por meio de novos antibióticos e outras substâncias produzidas por ele.

O fungo G. attenboroughii teria evoluído junto com as aranhas das cavernas
O fungo G. attenboroughii teria evoluído junto com as aranhas das cavernas Imagem: CABI
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Até o momento, o fungo só foi encontrado na Irlanda do Norte. Apesar disso, existem evidências do G. attenboroughii no País de Gales, mas será preciso a realização de estudos para comprovação.

Há muito mais fungos para encontrar. O reino fúngico pode ter até 10, 20 milhões de espécies, tornando-o o maior reino de longe, mas apenas 1% foi descrito Evans, ao Live Science.

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