Dobrou aí? Passageiros reclamam do preço do Uber; por que está tão caro?

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Pedir uma corrida por aplicativo desde o início deste mês não tem sido uma tarefa fácil, reclamam usuários de redes sociais. Passageiros relatam que o preço das viagens está o dobro do que normalmente é cobrado pelo mesmo trajeto.
O que aconteceu
"Inacreditável como a Uber encareceu de uns tempos para cá", escreveu um usuário no X no domingo (15). "Corridas que eu costumava pagar 15 reais, agora estou pagando de R$ 30 para cima", acrescentou.
Uma passageira reclamou da demora para a corrida ser aceita. "Além de estar um absurdo de caro, Uber não está aceitando de jeito nenhum. Só 99, e sempre com valor maior do que a Uber", publicou na terça-feira (17).
Tanto a Uber, quanto a 99 ressaltam que o preço da viagem é definido de acordo com a oferta de passageiros e demanda de motoristas. "A 99 informa que o preço final da corrida utiliza uma equação que considera a distância percorrida e o tempo de deslocamento, que é definido de acordo com a oferta e demanda de motoristas parceiros por região".
A Uber é mais enfática e associa o aumento no preço das corridas às festas de fim de ano. "Historicamente há mais pessoas se movimentando pelas cidades e, consequentemente, fazendo mais viagens com a Uber. Pode acontecer de o preço ficar mais caro (dinâmico) para incentivar o equilíbrio de oferta e demanda. Vale reforçar que isso acontece não apenas no fim do ano, mas sempre em que há mais demanda do que oferta".
Procurada pelo UOL, a inDrive, terceira empresa mais popular nas lojas digitais, ressaltou que só oferece o sistema de negociação de preços entre motorista e passageiro. "Rejeitamos o uso de algoritmos para estabelecer valores em cada corrida - e como o acerto é feito de forma direta, entre demanda e oferta, excluímos as tarifas dinâmicas ou com preço fixo em nossas viagens". A empresa afirma que o preço mínimo estabelecido para as corridas está "dentro da média do mercado".
Combinação de fatores leva a aumento dos preços, diz empresário. "As pessoas recebem o 13º, acabam 'se dando ao luxo' de pegar mais viagens por aplicativo do que por transporte público, mas o número de motoristas disponíveis não aumenta na mesma proporção", explica Luiz Gustavo Neves, cofundador da GigU - empresa que estima custos e ganhos aos motoristas de app. "Mas não podemos desconsiderar também o fator trânsito. Em cidades de apelo turístico, por exemplo, o trânsito fica muito mais congestionado", completa.
O congestionamento no trânsito paulistano disparou em dezembro. Segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), até o dia 10, a média diária de lentidão foi de 509 km. É a maior para o mês desde 2019, ano anterior à pandemia de covid-19, quando o indicador foi de 570 km/h.
O motorista ganha mais?
Apesar de não detalhar as taxas cobradas sobre o motorista, a Uber afirma que ele ganha proporcionalmente ao aumento no valor da corrida. Um artigo no site da empresa diz que a taxa de serviço varia viagem a viagem e recomenda que o motorista consulte o extrato semanal.
Já a 99 informou que, em junho deste ano, reajustou a taxa cobrada aos motoristas. Segundo a plataforma, ela varia entre 14,99% a 24,99%. "Esta medida possibilita a manutenção de um equilíbrio saudável na plataforma e permite aprimorar a redistribuição de incentivos, estimulando corridas mais atrativas para os motoristas", justifica.
O UOL não conseguiu localizar um representante da categoria para comentar os números.
Luiz Gustavo Neves avalia que as empresas não deixam claro como o repasse ao motorista funciona. Segundo ele, a única plataforma com taxa fixa é a inDrive, com 90% para o motorista. "Uber e 99 têm taxas variáveis e sem transparência quanto ao cálculo", diz.
Neves estima que os motoristas faturem em média 35% a mais nesta época do ano. "É sabidamente a época do ano em que os motoristas faturam mais. Geralmente, eles trabalham por mais horas e também têm um ganho por hora maior", afirma.
Em julho, a GigU publicou uma pesquisa que estima o faturamento dos motoristas em capitais brasileiras. Segundo o levantamento, um motorista em São Paulo tem faturamento mensal na casa dos R$ 6.500. O salário líquido, no entanto, excluindo combustível, IPVA e manutenção, é de R$ 2.500.
Como conseguir corrida barata?
Planejamento pode ajudar. Com tanta demanda de viagens, uma maneira de driblar os altos valores é se planejar para evitar pedir motoristas em horários de pico, período de muita demanda ao mesmo tempo.
Como o preço dinâmico é temporário, os usuários devem esperar algum tempo antes de verificar o preço novamente no app.
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