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Forte tempestade solar pode derrubar internet e rede elétrica no mundo todo

Imagem da Nasa mostra erupção solar. Esta ejeção de material não atinge diretamente a Terra, mas se conecta com o ambiente magnético, causando auroras boreais e, em alguns casos, problemas em sistemas de elétricos e de comunicação - AFP
Imagem da Nasa mostra erupção solar. Esta ejeção de material não atinge diretamente a Terra, mas se conecta com o ambiente magnético, causando auroras boreais e, em alguns casos, problemas em sistemas de elétricos e de comunicação Imagem: AFP

Colaboração para Tilt*, no Rio de Janeiro

22/03/2022 04h00Atualizada em 22/03/2022 09h32

É apenas uma questão de tempo até que a Terra seja atingida novamente por uma tempestade solar. Em 1859, o planeta já viveu o maior registro do tipo: foi o Evento Carrington. Na ocasião, telégrafos de todo o mundo pararam de funcionar.

Hoje em dia, uma tempestade dessas poderia causar danos aos sistemas elétricos e de comunicação em todo o mundo.

Para proteger o planeta, é preciso:

  • incentivar pesquisas sobre os efeitos dessas tempestades,
  • instalar dispositivos (transformadores) que protejam equipamentos vulneráveis
  • desenvolver estratégias para ajustar as cargas da rede quando as tempestades solares estão prestes a ocorrer.

O que são tempestades solares?

Vale explicar que essas tempestades ocorrem quando uma grande bolha de gás superaquecido, conhecida como plasma, é ejetada da superfície do sol e atinge a Terra. A bolha é chamada de ejeção de massa coronal.

O plasma é uma nuvem de prótons e elétrons (partículas eletricamente carregadas) que, ao atingirem a Terra, interagem com o campo magnético que circunda o planeta. Isso faz com que o campo magnético se deforme e enfraqueça, aumentando as chances dos fenômenos naturais acontecerem.

Tempestades solares ou geomagnéticas são capazes de desencadear grandes quantidades de raios cósmicos na atmosfera, que, por sua vez, produzem carbono-14, um isótopo radioativo de carbono.

Evidências encontradas no gelo da Antártida apontam para uma tempestade supermassiva em 774 d.C., conhecida como Evento Miyake, que produziu o maior e mais rápido aumento de carbono-14. Depois, em 993 d.C,, houve outra 60% menor.

Tudo indica que elas ocorrem a cada 500 anos em média.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) trabalha com uma "escala G" para medir a força dessas erupções solares, que vai de 1 a 5 —sendo G1 menor e G5 extremo. O Evento Carrington teria sido classificado como G5.

Nasa registra tempestade solar de 2015 - Nasa - Nasa
Nasa registra tempestade solar de 2015
Imagem: Nasa

Consequências da tempestade

Hoje, uma tempestade solar como o Evento Carrington poderia ser catastrófica, afetando todos os sistemas elétricos.

Esse fenômeno gera correntes induzidas, que fluem pela rede elétrica.

Se o serviço elétrico fornecido a muitas residências é de 100 amperes, correntes desta grandeza podem causar danos internos nos componentes e quedas de energia em grande escala.

Mais recentemente, em março de 1989, uma tempestade geomagnética três vezes menor que o Evento Carrington ocorreu em Quebec (Canadá). As altas correntes induzidas magneticamente danificaram um transformador em Nova Jersey, nos Estados Unidos, e desarmaram os disjuntores da rede, deixando cinco milhões de pessoas sem energia por nove horas.

Além das falhas elétricas, as comunicações poderiam ser interrompidas em escala mundial, com quedas de provedores de serviços de internet, problemas de serviços de TV, navegação (GPS) e telefonia.

Além disso, o aumento da atividade solar faz com que a atmosfera se expanda, alterando a densidade da atmosfera onde os satélites estão orbitando.

A atmosfera de densidade mais alta cria arrasto em um satélite, o que o torna mais lento e se não for manobrado para uma órbita mais alta, pode ser destruído ao voltar à Terra.

*Com informações do The Conversation