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Nunca foi tão popular: veja por que podcasts cresceram em 2019 no Brasil

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Letícia Sé

Colaboração para Tilt

17/12/2019 04h00Atualizada em 17/12/2019 13h38

Sem tempo, irmão

  • Produção de podcasts cresceu 85% de janeiro a novembro de 2019
  • Brasil foi o segundo que mais cresceu, segundo levantamento da agência Voxnest
  • Sudeste brasileiro concentra maior porcentual de ouvintes do país

O ano de 2019 foi marcado pela popularidade dos podcasts no Brasil. Agora quem diz isso também é o relatório da Voxnest, agência de consultoria para podcasters. A criação de podcasts por aqui cresceu 85% entre janeiro e novembro deste ano, segundo a agência.

O crescimento ficou em segundo lugar no ranking mundial, perdendo apenas para a Argentina. Mas diferentemente de países em que o podcast já faz parte há alguns anos da rotina da população, o fenômeno recente no Brasil tem suas peculiaridades.

Quem produz podcast no Brasil

Os influenciadores que ao longo da última década fizeram carreira no YouTube hoje migram para os podcasts com um público fiel. Inclusive, uma das particularidades brasileiras apontadas no relatório foi o consumo de podcasts pelo YouTube —compartilhados pelos influenciadores com ou sem vídeo.

Outra parte do sucesso do consumo de podcasts no Brasil se deve ao jornalismo. Grandes empresas como UOL, Globo e Folha de S.Paulo investiram na produção de programas no formato, geralmente inspirados em podcasts jornalísticos americanos — aqui você encontra todos os nossos programas.

Apesar da liberdade de criação de conteúdo que o podcast oferece, ainda há um problema de gênero nas produções brasileiras. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Podcasts (Abpod), em 2018 mulheres representavam apenas 12% dos podcasters no Brasil.

Quem consome podcast no Brasil

Mulheres são também minoria quando se trata de consumo de podcasts —a mesma pesquisa da Abpod constatou que mulheres são 15% do público ouvinte no Brasil. Também há grandes diferenças no consumo de podcasts em diferentes regiões brasileiras.

Segundo dados da Voxnest, em novembro de 2019, São Paulo teve 40% das reproduções de podcasts do país, seguido por Rio de Janeiro com 18%. Enquanto isso, Fortaleza e Recife empataram com 5% dos ouvintes cada. Nenhuma cidade da região Norte entrou no ranking das dez maiores consumidoras de podcasts do Brasil.

Big techs investem

Em agosto, Tilt falou com profissionais envolvidos com o mercado brasileiro de podcasts, que concordaram sobre o bom momento desta mídia no país.

"Com a facilidade e penetração dos celulares, ficou muito mais acessível e conveniente consumir esse tipo de conteúdo", explicou Andrea Fornes, do time de parcerias dos produtos do Google. Segundo ela, a tendência é que podcasts se tornem ainda mais disponíveis ao público brasileiro com os alto falantes equipados com assistentes de voz, como o Google Nest Mini e a linha Amazon Echo, que chegaram ao país neste ano.

Outro fator importante, mundialmente falando, é que o Spotify iniciou o ano divulgando a intenção de investir US$ 500 milhões na aquisição de startups do setor de podcasts.

"O formato podcast está em plena evolução e, em pouco mais de dois anos, nos tornamos a segunda maior plataforma do mundo. Com base nos dados do setor de rádio, acreditamos que é seguro supor que, ao longo do tempo, mais de 20% de todo consumo de áudio do Spotify será de conteúdo não musical", aposta Javier Piñol, diretor do Spotify Studios na América Latina.

O ano que vem

A expectativa para 2020 é de melhoria das ferramentas usadas por podcasters e ouvintes, como dos mecanismos de busca e de recomendação dentro das plataformas. Além disso, mais gente deve começar a produzir conteúdo —e isso será positivo para o mercado, mas mais difícil para os iniciantes, que vão se distanciar em qualidade de produção dos podcasters profissionais.

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