Não jogo tudo no ventilador porque tenho filhos, desabafa Manoel Soares
Três meses após deixar a Globo, o jornalista Manoel Soares avalia que atualmente só voltaria para a emissora em 'condições diferentes'.
Durante participação do Otalab, programa do Canal UOL comandado por Otaviano Costa, ele abriu o jogo sobre seu afastamento da TV e abordou a repercussão de sua saída do programa 'Encontro'.
Até poderia voltar pra esse jogo, mas hoje talvez a minha entrega fosse reduzida e mais qualificada. A paixão de fazer e de levar a verdade pra quem tá do outro lado me colocou em um lugar de mira para uma série de franco-atiradores. Hoje eu me preservaria um pouco mais.
Ele ainda explicou o motivo de não ter rebatido ataques que sofreu. "Hoje as pessoas vêm e falam 'Ah, Manoel, por que você não jogou tudo no ventilador?'. Pelo mesmo motivo que minha mãe quando o patrão dela chamava ela de 'negra fedorenta', ela não pegava o pano de chão e não jogava na cara dele. Ela tinha filhos para sustentar".
Durante quase um ano, Manoel dividiu a apresentação do programa Encontro com a também jornalista Patrícia Poeta. Na época, a dupla foi alvo de comentários sobre possíveis desentendimentos durante o ao vivo e nos bastidores.
A Otaviano, Manoel afirmou que se recusa a 'atender fetiche de fofocas' sobre sua saída da Globo. "Não vou destruir o colchão reputacional que minha família me ajudou a construir. Eu não vou descer meu nível (...) Ninguém vai me usar para agredir uma outra mulher, eu não vou aceitar, nem admitir isso. Isso tem nome: machismo", afirmou.
Digamos que agora eu decida: 'Vou atender ao apelo de tudo que é veículo de comunicação, vou sair xingando meus antigos colegas de trabalho, vou sair jogando tudo no ventilador e dane-se'. Beleza, e a partir de amanhã não trabalho mais no mercado, né?
Manoel Soares, no Otalab
'Ser Testemunha de Jeová foi faculdade para apresentar o É de Casa'
Durante a entrevista, Manoel Soares contou que já foi Testemunha de Jeová e afirmou que a religião o ajudou para apresentar o programa É de Casa.
Para você convencer uma pessoa no sábado de manhã, às 9h, que ela precisa de te ouvir, você precisa ser muito criativo. Ser testemunha de Jeová foi uma faculdade para eu ser apresentador no É de Casa. Eu queria que elas me ouvissem.
Ele também ressaltou a importância da religião na sua vida. "Apesar de muito criticada publicamente, poucas pessoas entendem o processo de estudo. Eu, por exemplo, li a bíblia inteira três vezes. Li mesmo e estudei. Foi o primeiro livro que eu li, depois que comecei a ler outros livros."
Manoel Soares confessa tensão antes de estreia na Globo
Manoel Soares contou que teve crise antes de estrear na Globo após assistir Amor e Sexo com Otaviano Costa.
"Eu ia estrear no Encontro. Tinha acabado de ser contratado. Eu não consegui dormir aquela noite. Foi uma coisa intensa. Eu ia começar em uma quarta-feira, aí fiquei vendo a Globo. Terça-feira a noite, o que passava na Globo? Amor e Sexo. Eu fiquei assistindo, só que nesse dia era o compilado da temporada".
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Quero receberEle contou que após assistir Otaviano ficou mais nervoso. "Quando eu olho o amor e sexo, eu vejo o arco absurdo e o 300 e lá vai cacetada de grau que esse cidadão fazia no palco tocando piano, rebolando, nu, mordendo a bunda das pessoas. Eu falei 'Meu Deus do céu! Eu não tenho como competir com isso!". Eu tô falando sério. Começou a me dar uma taquicardia. A gente fá falando de umas 15 para as três da manhã".
Livro 'A Luta de Denis' é sobre 'cura de traumas'
Manoel Soares lançou seu terceiro livro, A Luta de Denis, na 40ª Bienal do Livro no Rio de Janeiro, e deu detalhes sobre inspiração para a história.
"A Luta de Denis foi uma tentativa de cometer um furto na minha infância e a tentativa que eu tive de tentar roubar uma caixa de ferramentas, que acabou ocasionando uma hecatombe de uma série de coisas na vida da minha família. Eu tento roubar aquela caixa de ferramentas porque minha mãe me obriga a devolver uma carteira que eu achei cheia de dinheiro".
O apresentador ainda contou qual o objetivo do livro. "É fazer com que os pais comecem a fazer uma análise da ética da família com os seus filhos. Não se discute ética. A gente fica discutindo o que certo e o que é errado, e certo e errado é extremamente relativo. Não se discute ética. Ética é ética. A intenção é fazer isso para que quando essa criança cresça ela tenha pelo menos repertório para tomar uma decisão baseada no que ela entendeu como ética".
'Cresci em um ambiente hostil'
Manoel Soares é pai de seis filhos e, ao ser questionado sobre eles, desabafou sobre sua criação e a deles.
"Eu era uma pessoa muito pior antes deles. Eu fui criado em um ambiente de violência social e humana. Então quando você passa do zero aos seis anos vivendo em um cenário como esse, o primeiro lugar que o seu cérebro vai em uma situação de dor é para a violência. Os meus filhos foram responsáveis por decodificar isso".
Ele ainda confessa que é difícil dizer ama os mais filhos mais velhos. "Quando eu ouvi meu filho dizer eu te amo pra mim. Aconteceu uma ruptura naquele momento. É muito mais fácil pra mim falar eu te amo para os meus filhos pequenos. Para os mais velhos nem tanto porque a versão de mim que criou esses meninos mais velhos, não era uma versão tão madura como essa".
- Assista à íntegra do Otalab:
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