Filipinho volta à WSL após pausa para cuidar da saúde mental: 'Me divertir'

O surfista Filipe Toledo está de volta ao circuito da World Surf League (WSL). O bicampeão mundial retorna após uma temporada longe das competições, em pausa na carreira para cuidar da saúde mental, e ressalta que a meta em 2025 é se divertir.

Minha prioridade, esse ano, é me divertir bastante, curtir, pegar onda, passar bateria e ganhar campeonatos, se tudo der certo. Se acontecer de estar no Finals [disputa do título], show de bola, mas esse ano quero me divertir e aproveitar o circuito. Voltar a pegar esse ritmo de competição. Óbvio que, em nossos planos, sempre temos o título mundial, mas meu objetivo é ser feliz, fazer o que eu fazia logo quando entrei no circuito Filipinho

O brasileiro não esconde o ânimo renovado depois de um ano em que pôde estar mais próximo de outros papéis que não apenas o de um atleta profissional. O tempo com a família, inclusive, foi um dos fatores que o atleta levou em conta ao tomar a decisão de deixar o circuito.

Foi um ano bom porque aproveitei bastante em casa, aproveitei para não ser um atleta profissional. Em 2024, fui pai, filho, como qualquer outra pessoa. O que tirou esse peso para a competição, e era exatamente o que eu precisava. O meu preparo foi agora, no final do ano, voltando devagarzinho, fazendo meus treinos, surfando, e sinto que estou preparado para começar mais uma temporada

Filipinho anunciou a pausa meses após conquistar o bi mundial — alcançou o topo do pódio em 2022 e 2023 — e se tornar o segundo brasileiro na história a ter mais de um título. Até então, apenas o tricampeão Gabriel Medina estava nesta prateleir. No ano passado, ainda disputou os Jogos Olímpicos de Paris, onde já tinha vaga.

Filipe Toledo celebra título da WSL em Trestles, nos EUA
Filipe Toledo celebra título da WSL em Trestles, nos EUA Imagem: Thiago Diz/World Surf League

A decisão que tomamos foi planejada. Falei com o meu manager, com os meus patrocinadores, com a WSL e, obviamente, depois de dois campeonatos, dois anos intensos buscando o título, e conseguindo, vi que era a hora perfeita para eu poder descansar. Apesar de ter sido em cima da hora, foi planejado

O Circuito Mundial de 2025 começa na semana que vem, com a primeira etapa do ano no Havaí.

O que mais ele falou?

Ausência de Gabriel Medina e John John Florence no circuito em 2025. "Eu sempre falei que, obviamente, existem alguns nomes que se destacam um pouco mais, mas acho que o circuito todo é muito difícil. Todo mundo tem o seu ponto forte ali, o seu diferencial. Para estar no circuito, tem de ter isso. Então, acho que todo mundo está apto a brigar por um título mundial. Obviamente que Gabriel e John John, nos últimos 10 anos, são nomes que se destacam muito mais, mas acho que isso não muda o fato de que temos de estar sempre atentos, porque tem nomes fortes, uma garotada nova."

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Sentiu falta do circuito? "Sendo bem sincero, sentado no sofá da minha casa não tive saudade alguma (risos). Queria mesmo era descansar, aproveitar esse momento. Mas não vou mentir que, olhando alguns eventos, a gente fala: 'pô, queria estar lá hoje, tem altas ondas e tal'. Está no nosso sangue de competidor, mas fiquei em casa bem relaxado."

Pensa em buscar o tri para igualar o Medina? "[O ano] Foi muito importante para eu poder me recuperar, estar bem preparado. Eu acho legal essa questão de igualar o Gabriel. Alguns dias atrás, alguém me perguntou sobre isso. A minha meta não é me igualar a John John, a Gabriel, a Mick Fanning, a minha meta é ganhar o título mundial. Não interessa se vão ser dois, se vão ser cinco ou 10 até o final da minha carreira, mas o que eu sempre coloquei como meta era entregar o meu melhor e deixar um legado. Acho que não adianta muito eu me igualar a alguns nomes e não deixar um legado. Fanning, John John, Gabriel são exemplos a serem seguidos, e é isso que eu quero para mim, para a próxima geração. Que eles possam olhar para mim, independentemente do número de títulos, e ver um exemplo."

O que tirou de lição desse período de pausa? "Saber me respeitar, saber respeitar os meus pensamentos, os meus limites. Acho que, em 2024, aprendi a ouvir muito mais do que falar. Foi um ano que eu trabalhei muito fora do surf, na minha vida pessoal, na minha vida como empreendedor também. Foi muito trabalho, mas é um outro lado que temos de ter um tempo para poder organizar também. Aprendi muita coisa fora do surf que foi bom para mim. Chegou um momento que começou a dar saudade do circuito, então, acho que foi o tempo necessário e a quantidade perfeita para poder voltar."

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