Astro do filme "Colegas" divide cinema com status de fenômeno do judô
O carioca Breno Viola é mais conhecido pelo papel no filme “Colegas”, grande sucesso do cinema nacional nos últimos meses. Mas nem todos sabem que uma das principais vocações do ator não está nas telonas e sim nos tatames. Além de atuar em filmes, Breno é considerado um verdadeiro fenômeno do judô para portadores de Síndrome de Down, com direito a inúmeros títulos internacionais da modalidade.
Na verdade, os feitos de Breno vão além da conquista de medalhas. Em 2002, ele se tornou o primeiro atleta com deficiência intelectual das Américas a chegar à faixa preta na arte marcial. Atualmente, o carioca de 32 anos é o único a obter o terceiro Dan (grau) do judô, além de atuar como árbitro do esporte.
“O judô faz parte da minha vida e sempre fará, vou continuar até o meu corpo aguentar. É algo da minha rotina e que eu gosto muito. O judô me ajudou a me impor como pessoa diante de todos”, afirmou o lutador em entrevista ao UOL Esporte.
A rotina de treinamentos de Breno é digna de um atleta de alto rendimento da modalidade. Ele pratica a arte marcial de segunda a sexta no Flamengo, por até 20 horas semanais, sempre no meio de judocas sem qualquer tipo de deficiência.
Ele disputa desde 2004 uma série de competições fora do Brasil. Além de lutar no peso leve (até 73 kg), Breno também se arrisca no absoluto contra adversários bem mais altos e pesados, como no campeonato “Judo for All”, sediado na Itália, onde conquistou o ouro em sua categoria e o bronze no peso sem limite.
"O Breno Viola é um dos atletas mais determinados para o treinamento. Fora do Brasil, dificilmente você encontra um judoca da Special Olympics [torneio para pessoas com deficiência intelectual] treinando junto com atletas de alto rendimento. Mas o Breno sempre buscou isso como uma forma de estar próximo aos ídolos do esporte e poder aprender com eles também”, destacou Leonardo Mataruna, estrategista da seleção principal de judô e um dos treinadores de Breno.
O ator começou a praticar a modalidade com o irmão mais velho quando tinha apenas três anos. Aos seis, ele se inscreveu na academia e nunca mais parou. De acordo com Breno, ele superou uma série de preconceitos graças à prática da modalidade japonesa.
“Sofria com gozações dos outros, mas o judô me ajudou a falar mais grosso e a me impor mais”, comentou o ator. “Tento misturar o estilo japonês, mais técnico, e o europeu, de mais força. Os dois são importantes no judô”, completou Breno, que aponta Flávio Canto, Sebastian Pereira e a lenda nipônica Yasuhiro Yamashita como ídolos.
Mas apesar de romper uma série de barreiras no tatame, Breno Viola é mais conhecido pelo trabalho como ator. Protagonista do filme “Colegas” ao lado de Rita Pokk e Ariel Goldenberg, ele interpreta um galanteador que foge da clínica para portadores de Síndrome de Down ao lado dos amigos para realizar seus sonhos.
O filme ganhou ainda mais projeção graças à campanha de seu companheiro Ariel para que o astro hollywoodiano Sean Penn viesse ao Brasil na estreia do filme. Apesar de faltar ao evento, o americano recebeu Ariel em sua casa, em Malibu (EUA), na semana passada.
Enquanto isso, Breno estava em Nova York preparando um discurso na Conferência do Dia Internacional da Síndrome de Down, realizada na sede da ONU. “O movimento Down precisa da ajuda das pessoas e discursar na ONU foi muito bom. Precisamos ajudar as pessoas que realmente precisam e foi isso o que eu falei”, afirmou Breno.
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