Topo

Fluminense

Flu supera 'maratona' e sofre com arbitragem, mas se impõe na Libertadores

Fluminense mostrou brio e se impôs nas adversidades para seguir líder na Libertadores - Mailson Santana/Fluminense FC
Fluminense mostrou brio e se impôs nas adversidades para seguir líder na Libertadores Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/05/2021 04h00

O Fluminense precisou fazer muito mais do que arrancar um empate com o Junior-COL para somar cinco pontos, seguir invicto em três rodadas e manter a liderança do grupo D da Libertadores,i. O Tricolor lidou com trapalhadas da Conmebol e viu seu principal rival no grupo, o River Plate, ter vantagens nos bastidores, mas se impôs para superar até as arbitragens ruins.

O pênalti marcado por Julio Bascuñan aos 10 minutos do jogo no Equador parecia o ato final de um drama com muitos vilões. O erro do árbitro chileno não foi o primeiro contra o Fluminense na competição, e prejudicou a equipe de Roger Machado no Estádio Monumental, em Guayaquil, 1.570 quilômetros distante de onde o Tricolor esperava enfrentar os colombianos, em Barranquilla.

"Levamos um ponto e não desculpas pelas dificuldades. Os atletas souberam lidar com a logística difícil e a qualidade do adversário. Conseguimos superar, inclusive, isso, um juiz que levou problemas para os dois times", disse Roger Machado em coletiva após o empate.

Jogadores cercam árbitro após pênalti inexistente; Fluminense foi prejudicado na Libertadores - SANTIAGO ARCOS/CONMEBOL LIBERTADORES - SANTIAGO ARCOS/CONMEBOL LIBERTADORES
Jogadores cercam árbitro após pênalti inexistente; Fluminense foi prejudicado na Libertadores
Imagem: SANTIAGO ARCOS/CONMEBOL LIBERTADORES

Horas depois de chegar à cidade no norte da Colômbia, um dos pontos mais setentrionais da América do Sul, o Flu recebeu a notícia de que, em função do caos social no país, precisaria atuar no Equador — onde nunca venceu em quatro jogos na Libertadores.

O comunicado da Conmebol aconteceu após a entidade incentivar o clube a viajar até lá, mesmo com a ebulição política tomando conta das ruas das cidades colombianas antes mesmo do voo. A medida foi diferente para Argentinos Juniors e River Plate, que se recusaram a viajar, ficaram em Buenos Aires e tiveram seus jogos remarcados para Assunção, no Paraguai, a pouco mais de 1.000 quilômetros de distância.

Ao todo, enquanto o Tricolor viajou quase 20 mil quilômetros em 11 dias, o River Plate enfrentará os dois colombianos em campo neutro no Paraguai. A viagem mais longa dos argentinos foi ao Rio de Janeiro: 1.965 quilômetros. Mesmo com a falta de isonomia da Conmebol, o Flu se mantém líder nos critérios de desempate, já que marcou quatro gols fora de casa até aqui, contra três dos "Millionarios").

"Chegamos na madrugada do dia do jogo, descansamos durante a manhã e a tarde, mas essa logística sempre gera um desgaste físico e mental em função das incertezas. Conseguimos sobrepor o prejuízo, a logística e o grande adversário. Fizemos um grande jogo, estamos levando um ponto importante para o Brasil apesar da logística da troca de lugar", destacou Roger Machado após o empate.

Atuação irregular mostra cansaço e brio

Depois da epopeia de viagens para chegar ao Equador e da péssima arbitragem, o Flu esteve um pouco fora de sintonia no primeiro tempo. Quando conseguiu igualar na técnica, na segunda etapa, sentiu, claro, na parte física. Se por um lado o cansaço pesou, do outro, sobrou brio.

Mais velho do elenco, Nene fez grande partida enquanto esteve em campo, ajudando inclusive a cobrir buracos deixados pelos jovens Kayky e Luiz Henrique na marcação. Fred, se esteve longe de seus melhores momentos, recuou para diminuir o ritmo, valorizar a posse de bola a acalmar os ânimos da equipe. Roger Machado, à beira do campo, repetia como um mantra: "não deixem o juiz tirar vocês do jogo".

Em um jogo que os destaques Martinelli, Calegari e Luccas Claro estiveram abaixo, coube a Marcos Felipe e Nino se agigantarem.

"É muito difícil tudo que enfrentamos. Vimos toda dificuldade e o esforço do estafe para que a viagem fosse amenizada. Agradecemos, mas é algo que não podemos deixar de falar. Fizemos uma viagem a mais, desnecessária e nos cansou. Combinamos que nada disso ia nos atrapalhar, ficaria do lado de fora, e foi isso que fizemos. Foi difícil e desgastante, todos ficamos insatisfeitos com a falta de certeza e todo percurso. Mas demonstramos força interior e fica um ponto positivo pela superação", afirmou Nino.

Nino foi o melhor em campo do Fluminense no empate com o Junior-COL pela Libertadores - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Nino foi o melhor em campo do Fluminense no empate com o Junior-COL pela Libertadores
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

Na esquerda, Danilo Barcelos jogou sério e pouco comprometeu. Yago, por outro lado, fez uma partida muito ruim, e apareceu mais reclamando de Julio Bascuñan — ainda que com razão — do que no meio de campo. Kayky, com calma de veterano, se tornou o mais jovem a marcar pelo Flu na Libertadores, e o Tricolor voltará de Guayaquil, na última de suas viagens da rodada, como líder do grupo D, com cinco pontos em três jogos.

Nas próximas duas rodadas da competição, o Fluminense recebe Junior-COL e Independiente Santa Fe-COL no Maracanã. Antes, no domingo (9), enfrenta a Portuguesa-RJ na segunda partida da semifinal do Campeonato Carioca, onde joga pelo empate.

Fluminense