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Jovem do Flu descobre habilidades em isolamento e se diz inseguro por volta

Zagueiro Nino, do Fluminense, em ação antes da paralisação dos campeonatos  - Lucas Merçon / Fluminense
Zagueiro Nino, do Fluminense, em ação antes da paralisação dos campeonatos Imagem: Lucas Merçon / Fluminense

Alexandre Araújo e Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

21/05/2020 04h00

Destaque do Fluminense, o zagueiro Nino tem aproveitado o período de isolamento social devido à pandemia do coronavírus e, entre um treino virtual e outro, descoberto novas habilidades. O jogador ressaltou ainda não se sentir seguro para retomar às atividades presenciais neste momento e salientou estar de acordo com as decisões tomadas pela diretoria do Tricolor, que, até aqui, tem se mostrado contrária ao retorno do futebol.

Aos 23 anos, Nino, que é natural de Recife e tem passagens pela base do Sport e Criciúma, busca apoio na literatura e na música para enfrentar a quarentena. Além da companhia de um livro que apontou "casar bem com esse momento difícil", ele também aprendeu a tocar instrumentos e até a jogar xadrez.

"O livro que tem me acompanhado nesse período se chama "Persiga o seu Leão", de um autor chamado Mark Batterson. É um livro que fala sobre correr atrás dos seus sonhos, além de muito interessante, casou bem com esse momento difícil para todo mundo", disse ao UOL Esporte.

Nino, zagueiro do Fluminense, dedica tempo à leitura, e técnicos europeus ganham destaque - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Nesse período eu aprendi a tocar violão e teclado, e fiquei bastante interessado. Estou curtindo tocar e, com certeza, vou seguir estudando esses instrumentos. Outra coisa foi jogar xadrez. Eu nunca tinha jogado e aprendi agora."

Questionado se sente-se seguro em voltar a treinar e jogar, o defensor admite que não, lembrando os próprios familiares e de outros funcionários envolvidos no dia a dia do CT e trâmites das partidas. Nino afirma também que a relação entre o elenco e a cúpula do Fluminense em sido transparente e garante estar de acordo com a posição adotada.

Recentemente, Fluminense e Botafogo foram os únicos da Série A do Campeonato Carioca a não assinarem uma carta em que os clubes, com a anuência da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), expressaram desejo em "retomar as suas atividades o mais breve que lhes for possível" e garantiam que estavam prontos para reiniciar os trabalhos. Nesta semana, inclusive, o Tricolor estendeu o período de 'treinos virtuais' do elenco até o fim deste mês.

"Nesse momento, não me sinto totalmente seguro, até pensando na minha família e dos demais funcionários envolvidos. Não tenho como falar em nome de todo elenco, mas sei que outros jogadores pensam de forma parecida. O grupo tem uma relação muito boa entre si e também com a diretoria. A gente confia nas decisões da direção, no presidente. Temos uma relação bem transparente. Particularmente, estou de acordo com os posicionamentos que vem sendo tomados", garantiu.

Apesar de apontar que a pandemia é "uma situação complexa" e "nova", Nino indica que a falta de consenso entre os poderes públicos tem atrapalhado na luta contra o aumento de números de óbitos devido à Covid-19.

"É uma situação muito complexa, é uma coisa nova para a nossa geração. A gente não sabia como agir quando a pandemia se desenvolveu e entendo que o poder público sofreu com isso também. A prioridade tem de ser preservar vidas e essa falta de consenso entre os poderes não ajuda nisso. É muito triste observar tantas vidas sendo perdidas."

Nino brilhou no pré-olímpico e volta para reforçar zaga do Fluminense - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Destacando que há diferentes realidades dos clubes brasileiros entre si, o zagueiro acredita que algumas discussões deveriam ser feitas em um âmbito menor, para que as necessidades pudessem ser, realmente, sanadas da melhor forma.

"Penso que a tentativa de um movimento mais amplo causaria ainda mais atrito, com muitas opiniões divergentes. Não acredito que seria produtivo. Cada clube tem uma realidade diferente. Entendo que as conversas e discussões devam ser internas, com os representantes dos clubes agindo de acordo com o que for definido".

Nino iniciou o ano à disposição da seleção brasileira que disputou o Pré-Olímpico da Colômbia e espera ter a oportunidade de estar nos Jogos de Tóquio, que foram adiados para 2021 devido ao coronavírus.

"Desde o início do projeto olímpico, tenho me dedicado também pensando nisso. Fiquei muito feliz com a oportunidade de ajudar o Brasil a se classificar para a Olimpíada. Sobre o adiamento, me parece necessário por tudo que vem acontecendo no mundo todo e não dá para dizer se vai ser bom ou ruim. Tem muita coisa para acontecer até lá, espero poder ter essa oportunidade."

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