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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Existe esperança para o Barcelona: 7 clubes que faliram, mas "passam bem"

O Napoli saiu da falência para a liderança do Campeonato Italiano - Ciro Sarpa/Getty Images
O Napoli saiu da falência para a liderança do Campeonato Italiano Imagem: Ciro Sarpa/Getty Images

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Na semana passada, uma auditoria encomendada pela nova diretoria do Barcelona revelou ao mundo a real situação financeira do clube e decretou: se fosse uma empresa qualquer, o time vencedor de cinco títulos de Liga dos Campeões e de 26 edições de Campeonato Espanhol teria de fechar as portas.

Só no último ano fiscal, a equipe catalã gastou 481 milhões de euros (R$ 3 bilhões) a mais do que o seu faturamento. E a dívida acumulada pelo Barça já chegou à casa de 1,3 bilhão de euros (R$ 8,3 bilhões).

Isso significa que o clube que consagrou Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Lionel Messi vai morrer ou, pelo menos, deixar para sempre de ser competitivo? Não necessariamente.

O "Blog do Rafael Reis" apresenta abaixo sete times que podem dar esperança de dias melhores ao torcedor do Barcelona. Todos eles quebraram economicamente e tiveram perdas esportivas, mas conseguiram colocar a casa em ordem e deram a volta por cima.

NAPOLI (ITA)

Hoje em dia, é até difícil de acreditar, mas o único clube ainda com 100% de aproveitamento em um dos cinco principais campeonatos nacionais da Europa nesta temporada quase deixou de existir no começo do século. O Napoli, que venceu as sete primeiras partidas que disputou neste Campeonato Italiano, chegou a acumular uma dívida de 70 milhões de euros (R$ 445 milhões, na cotação atual) e, em 2004, foi condenado à falência pela Justiça local e expulso da liga que organiza o Calcio. O clube renasceu pelas mãos do produtor de cinema Aurelio de Laurentis, que comprou o espólio do antigo time de Maradona, refundou a equipe com um novo nome (Napoli Soccer, no lugar do tradicional Società Sportiva Calcio Napoli, recuperado mais tarde) e teve de recomeçar na Serie C1, então a terceira divisão italiana e a última do futebol profissional.

BORUSSIA DORTMUND (ALE)

Haaland comemora gol contra o Union Berlin - Reprodução/Twitter @BVB - Reprodução/Twitter @BVB
Imagem: Reprodução/Twitter @BVB

Outra força importante da Europa que passou por momentos difíceis e conseguiu se reerguer é o time do astro norueguês Erling Haaland. Ao contrário do Napoli, o Borussia Dortmund não passou por um processo legal de falência, mas ficou praticamente sem nenhum dinheiro em caixa. Entre 2002 e 2005, o clube só não faliu porque fez um "saldão" dos seus principais jogadores, cortou os salários dos atletas que ficaram em 20% e até recebeu empréstimos do Bayern de Munique para conseguir pagar as contas mais urgentes. Recuperado dos problemas financeiros, o Dortmund adotou uma política de investimento em jovens jogadores a voltou a ser forte na década passada, período em que conquistou dois títulos alemães (2011 e 2012) e foi vice-campeão europeu (2013).

RANGERS (ESC)

Steven Gerrard assumiu o comando do Rangers em maio de 2018 - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Protagonista de uma das maiores rivalidades do futebol mundial (contra o Celtic), o time tem 55 títulos escoceses no currículo, mas passou uma década sem levantar nenhum troféu relevante até ser campeão nacional na temporada passada. O que aconteceu durante esses dez anos de jejum foi um processo de falência que matou o antigo Glasgow Rangers e fez nascer o Rangers Football Club. O antigo clube teve que fechar as portas em 2012 por conta de uma dívida acumulada de 134 milhões de libras (R$ 975,5 milhões) e foi refundado como participante da quarta divisão escocesa. Desde então, os Rangers foram subindo degrau a degrau. Em 2016, retornaram à elite. E, na temporada passada, sob comando do agora técnico Steven Gerrard, encerraram a sequência de títulos do Celtic.

FIORENTINA (ITA)

Fiorentina goleia Juventus fora de casa - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

O primeiro clube italiano a disputar uma final de Liga dos Campeões da Europa (em 1957, quando ainda se chamava Copa Europeia) também chegou ao fundo do poço no começo do século. Em 2002, o clube passou por uma intervenção devido a dívidas na casa de US$ 50 milhões (R$ 275 milhões) e incapacidade de arcar com os salários dos jogadores. Refundado no mesmo ano pelas mãos do empresário Diego della Valle, o clube precisou disputar a Serie C2, que era amadora, mas teve uma ajudinha para voltar à elite -pulou diretamente da quarta para a segunda divisão. Com essa forcinha dos organizadores do futebol italiano, conseguiu retornar para a Serie A apenas dois anos depois da falência.

RACING (ARG)

Copetti comemora gol do Racing amrcado contra o São Paulo - Pool/Getty Images - Pool/Getty Images
Imagem: Pool/Getty Images

Não é apenas na Europa que clubes de futebol quebram e conseguem se reerguer. Atolado em dívidas, o Racing teve sua falência decretada em 1999 e só não fechou as portas porque sua torcida não deixou. A solução encontrada para a equipe de Buenos Aires continuar existindo foi a sua transformação em uma empresa. Entre 2000 e 2008, o clube foi administrado pela Blanquiceleste S.A, que colocou as contas em ordem. O Racing só voltou a ser uma associação com presidente eleito por sócios, modelo de administração que é o mais comum na Argentina e também no Brasil, em 2009. Na década passada, o ex-falido foi campeão nacional em duas oportunidades (2014 e 2019).

PARMA (ITA)

Gianluigi Buffon (Parma) - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Uma das potências do futebol italiana na década de 1990, quando era controlado pela Parmalat e tinha estrelas como Asprilla, Crespo e Taffarel no seu elenco, o Parma enfrentou um pesado processo de recuperação econômica na última década. Por conta de dívidas na casa de 218 milhões de euros (R$ 1,4 bilhão), o clube faliu em 2015 e teve de recomeçar sua história na Série D italiana. Em 2018, impulsionado pela grana de um investidor chinês, conseguiu retornar à elite. Atualmente, o Parma (que agora conta com o veteraníssimo Gianluigi Buffon como goleiro) está novamente na segunda divisão. Mas, pelo menos, as contas estão razoavelmente em dia.

AEK ATENAS (GRE)

AEK Atenas - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Vítima da grave crise financeira que abalou a Grécia nas últimas décadas, o terceiro maior campeão da história do país chegou a decretar falência em 2013. Rebaixado dentro de campo para a segunda divisão e sem recursos para pagar as dívidas que vinha acumulando, o clube desceu mais um escalão no futebol grego, foi proibido de contratar novos jogadores, perdeu pontos no campeonato nacional e teve vetada a participações em competições europeias. Mas esses dias de penúria ficaram para trás. O AEK já retornou à elite, voltou a figurar entre os grandes da Grécia e até foi campeão nacional na temporada 2017/18.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado na primeira versão do texto, a dívida do Barcelona equivale a R$ 8,3 bilhões, e não a R$ 8,3 milhões. O erro foi corrigido.