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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Quem é o garoto nascido em 2004 que já virou titular da seleção da Espanha?

Finalista da Liga das Nações, Gavi estreou pela seleção espanhola com apenas 17 anos e 2 meses - Frank Fife/AFP
Finalista da Liga das Nações, Gavi estreou pela seleção espanhola com apenas 17 anos e 2 meses Imagem: Frank Fife/AFP

09/10/2021 04h00

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Cinco de agosto de 2004. Um garoto nascido nesse dia está a apenas 90 minutos de conquistar o primeiro título de sua carreira como jogador profissional de futebol... e, de cara, já pela seleção adulta da Espanha.

Com 17 anos e dois meses recém-completos nas costas, Pablo Martín Paéz Gavira se tornou na última quarta-feira o jogador mais jovem a vestir a camisa da Fúria. E, contra a França, amanhã, na final da Liga das Nações, pode se transformar também no seu campeão mais novo de todos os tempos.

Se o técnico Luis Enrique utilizar a mesma escalação da semifinal contra a Itália, Gavi não apenas participará do confronto contra os atuais campeões mundiais. Ele será titular na partida mais importante da sua ainda curta trajetória nos gramados.

Até 40 dias atrás, o jovem meio-campista jamais havia disputado uma partida de primeira divisão. Sua rotina se dividia entre os compromissos das categorias de base do Barcelona e algumas raras partidas pelo time B do clube, que disputa o terceiro escalão do futebol espanhol.

A pesada crise financeira enfrentada pelo Barça e a consequente saída de jogadores mais experientes (e caros), como Lionel Messi, Antoine Griezmann e Miralem Pjanic, levaram Gavi a ser puxado prematuramente para o elenco principal.

O meia estreou no Campeonato Espanhol em 29 de agosto, contra o Getafe. Duas semanas depois, já disputou sua primeira partida de Liga dos Campeões da Europa. E, na virada do mês, recebeu a inédita convocação para jogar a Liga das Nações.

Mas sua ida para a seleção principal, depois de apenas 363 minutos como profissional e nenhum gol marcado, passou longe de ser uma unanimidade. Principalmente a imprensa da capital Madri bateu demais em Luis Enrique por dar espaço a um garoto que ainda não teve tempo para se firmar nem mesmo no Barcelona.

Depois de ouvir muitas críticas nos últimos dias, o treinador aproveitou a boa estreia do seu pupilo com a camisa vermelha para contra-atacar.

"É um caso incomum. Ele está jogando como se estivesse no quintal de sua casa ou no pátio do colégio. É um prazer ver um jogador com essa qualidade e personalidade. Ele é o futuro da seleção nacional, mas mostrou que também pode fazer parte do nosso presente", disse o treinador, após a vitória por 2 a 1 sobre a Itália.

Gavi é natural de Los Palacios y Villafranca, uma cidade com cerca de 40 mil habitantes localizada nos arredores de Sevilha, e começou a carreira nas escolinhas de um dos clubes mais importantes da região, o Betis.

Quando tinha 11 anos, o meia foi disputado por Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madri e Villarreal. Acabou escolhendo se transferir para o time catalão, que havia acabado de vencer a Champions e contava com o trio MSN (Messi, Suárez e Neymar) como maior atrativo.

Meio-campista completo, daqueles que podem atuar desde como primeiro volante até fazer funções mais ofensivas pelos lados do campo, Gavi sempre foi visto como uma das maiores promessas de La Masia.

Comparado a Andrés Iniesta, ele defendeu as seleções espanholas sub-15, sub-16 e sub-18 até ser promovido ao time adulto do Barça e pular etapas para se meter entre os melhores jogadores do seu país.

A final de amanhã irá definir apenas o segundo campeão da história da Liga das Nações, torneio que a Uefa criou para ocupar as datas que as seleções europeias normalmente usavam para amistosos. Dois anos atrás, Portugal derrotou a Holanda na decisão e ficou com o título da edição de estreia do torneio.