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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Por que Sylvinho, que resgatou o Corinthians, deu tão errado na Europa?

Sylvinho é o técnico do Corinthians desde o fim de maio - Divulgação
Sylvinho é o técnico do Corinthians desde o fim de maio Imagem: Divulgação

08/10/2021 04h00

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Dez jogos sem perder, quinta colocação no Campeonato Brasileiro e a nítida sensação de que o melhor ainda está por vir. Pouco mais de quatro meses depois de ser contratado, Sylvinho caiu nas graças do torcedor do Corinthians.

E agora, com o sucesso batendo à porta, já tem muita gente se perguntando: como é possível que o técnico que está mudando a história do clube do Parque São Jorge na temporada tenha tido uma passagem tão decepcionante pelo futebol europeu?

Antes de assumir o Corinthians, o ex-lateral esquerdo só havia tido um trabalho como treinador no futebol profissional. Em 2019, ele comandou o Lyon, um dos clubes mais poderosos da França, durante três meses e em míseras 11 partidas oficiais.

O motivo da demissão precoce foi que, sob seu comando, o time teve o pior início de temporada em 24 anos. Foram quatro derrotas, quatro empates e apenas três vitórias à frente da equipe que tem Juninho Pernambucano como diretor de futebol.

Ex-auxiliar de Roberto Mancini na Inter de Milão e adepto de um futebol mais reativo, sem nenhuma preocupação em ter a posse de bola e ditar o ritmo da partida, Sylvinho até que teve resultados interessantes contra equipes que lhe permitiam atuar do jeito que mais gosta. À base dos contra-ataques, derrotou Monaco e RB Leipzig, por exemplo.

Mas, quando encontrava um adversário mais fechado pela frente e era privado da opção de sair com velocidade para o ataque, as coisas se complicavam bastante. Não à toa, as quatro derrotas que sofreu na França foram pelo mesmo resultado: 1 a 0.

Com enorme dificuldade para agredir rivais que só não queriam sofrer gols, o Lyon de Sylvinho nunca conseguiu uma vitória de virada. Ou seja, sair atrás no placar era certeza de um resultado indigesto.

O começo da trajetória do treinador no Corinthians não foi muito diferente. Seu time demorou mais de 400 minutos para balançar as redes pela primeira vez e passou meses sendo criticado pela falta de criatividade do setor ofensivo.

Só que a chegada de vários meios-campistas e meias-atacantes talentosos, como Giuliano, Willian, Renato Augusto e Roger Guedes, foram minimizando essa deficiência.

Ainda que continue preferindo a ideia de um futebol de maior segurança, Sylvinho passou a ter peças capazes de desequilibrar quando têm a bola no pé. E até abriu mão de algumas de suas convicções para encaixar todas elas em uma mesma escalação. O resultado está sendo visto dentro de campo, semana após semana.

Invicto há dois meses, o Corinthians está 13 pontos atrás do Atlético-MG, líder do Brasileiro, que tem também uma partida a menos. A diferença para o Palmeiras, melhor paulista desta temporada, é bem menor: somente dois pontos.

A equipe dirigida por Sylvinho defende seu ótimo momento e tenta subir um pouquinho mais na tabela de classificação amanhã (9), a partir das 16h30, contra o Sport, penúltimo colocado, no Recife.

Ainda que tenha chances mínimas de título, o time paulista tenta pelo menos se garantir na próxima edição da Libertadores. Sua última participação na fase de grupos do torneio sul-americano foi em 2018.

No ano passado, o Corinthians até esteve na competição, mas foi eliminado precocemente pelo Guaraní, do Paraguai, ainda nas fases preliminares. Com isso, nem chegou a fazer parte do grupo dos 32 melhores times do continente.