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OpiniãoEsporte

Crise da seleção exige diagnóstico certeiro, sem profetas do apocalipse

"Bebeto não tem nível para jogar na seleção brasileira."

"Não temos mais jogadores. Olha esse tal de Mazinho!"

"Cafu não sabe cruzar!"

Dá para montar uma coleção de frases estúpidas em momentos difíceis da seleção brasileira.

A profecia do apocalipse vem de muito tempo. O apocalipse mesmo, o 7 x 1, é mais recente.

E nem é de se dizer que o Brasil acabou naquele dia, o mais doído, com a mais humilhante das derrotas.

Perder por 2 x 0 para o Uruguai não simboliza a pior seleção que já se viu. Muito pior foi perder para Honduras em 2001, a primeira derrota para a Bolívia, em 1979, levar 4 x 0 do Chile, em 1987, 4 x 0 da Dinamarca, em 1989, 5 x 1 da Bélgica, em 1963...

Todas essas vezes houve decretos fulminantes de que o Brasil não formava mais seus grandes jogadores e que a nova geração não tinha nível para vestir a camisa amarela. Todas as crises têm em comum a transição de equipe e de referências. Até mesmo o 7 x 1. Antes da Copa, o peso estava nas costas de Neymar, porque Ronaldinho Gaúcho e Adriano desistiram de suas carreiras em alto nível e Kaká sofria com problemas físicos.

Sem alarmismo, é preciso fazer o diagnóstico da crise. Deve ser exato, para não correr o risco de matar o doente.

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O Uruguai está melhor do que o Brasil. Não significa que tenha melhores jogadores do que a seleção brasileira. Seu processo de atualização do futebol existe desde 2006, contou com árduo trabalho de Óscar Tabárez e construção de uma geração de atletas muito bem formados.

Não se deixe iludir pela presença recente e competente de Marcelo Bielsa. Dos onze titulares contra o Brasil, oito estavam na Copa do Mundo: Rochet, Ronald Araújo, Matías Olivera, Ugarte, Valverde, De la Cruz, Pellistri e Darwin Nuñez. O lateral Nández só não foi ao Mundial porque respondia na Justiça por violência doméstica. Então, nove faziam parte do trabalho anterior. Só Sebastián Cáceres e Maxi Araújo são novatos.

Hoje, o Brasil sofre para dar protagonismo à geração de Vinicius Junior e Rodrygo. Também para construir um jogo de meio-de-campo mais firme, que poderá existir com André, Bruno Guimarães, Lucas Paquetá, Gérson, Danilo, do Nottingham Forest. Por outro lado, é importante pensar por que razão, atualmente, os melhores times europeus não têm meio-campistas brasileiros. A exceção é Lucas Paquetá, pretendido por Pep Guardiola para o Manchester City, negócio interrompido pela investigação sobre apostas.

O desempenho ruim também tem a ver com a dificuldade dos jogadores da Europa entenderem o que Fernando Diniz deseja. O volante Casemiro e o lateral Danilo deixaram claro, em suas entrevistas pós-jogo, que é muito diferente jogar como o atual técnico da seleção deseja do que executar o que se pede em seus clubes.

Fernando Diniz - e Carlo Ancelotti - são contratados mais pela repercussão do que por um plano. A cúpula da CBF também tem de ser discutida.

Há muita coisa para melhorar.

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Muito para debater.

Sem alarmismo nem populismo digital.

Não é a pior seleção da história.

É uma crise.

Será precisará passar por ela e refletir sobre as necessidades de trabalho para voltar a ser um dos melhores times do mundo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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