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Olhar Olímpico

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Olimpíada cede e permitirá que atletas lactantes levem seus bebês a Tóquio

Aliphine Chepkerker Tuliamuk, maratonista americana - Reprodução/Instagram
Aliphine Chepkerker Tuliamuk, maratonista americana Imagem: Reprodução/Instagram

30/06/2021 14h57

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio cedeu à pressão e anunciou que vai permitir que atletas que amamentam seus filhos levem os bebês para Tóquio. Elas terão que se hospedar em hoteis oficiais, permanecendo fora da Vila Olímpica, mas agora conseguirão que suas crianças sejam aceitas no Japão.

"Após uma consideração cuidadosa da situação única que as atletas enfrentam com crianças que amamentam, temos o prazer de confirmar que, quando necessário, as crianças que amamentam poderão acompanhar as atletas no Japão", disse um porta-voz do comitê organizador à Reuters.

Como mostrou o Olhar Olímpico ontem, a pressão começou depois que Kim Gaucher, jogadora da seleção de basquete do Canadá, fez um desabafo no Instagram na semana passada. Ela deu a luz à pequena Sophie em março e, para ir a Tóquio, teria que deixar de amamentar a criança aos quatro meses.

"Tudo que eu sempre quis da minha carreira no basquete foi representar o Canadá nas Olimpíadas. Mas agora estou sendo forçada a decidir entre ser uma mãe que amamenta ou uma atleta olímpica. Eu não posso ter os dois", disse em um vídeo. Segundo Gaucher, entre a viagem para a Ásia e a volta para casa, o time canadense vai ficar 28 dias longe de casa. Não seria viável, de acordo com a jogadora, bombear leite suficiente com antecedência, porque, por causa dos treinos, ela não produz tanto leite.

Na segunda (28), a maratonista norte-americana Aliphine Chepkerker Tuliamuk também se pronunciou sobre o problema, pela mesma rede social. Ela é mãe de Zoe, de cinco meses, e também terá que suspender a amamentação. "Eu estava adiando por um tempo a ideia de Zoe não ir para Tóquio comigo, mas tive que começar a pensar nisso e chorei muito desde então. Eu sei que vou deixá-la por apenas 10 dias, e ela vai ficar bem, e que tantas outras mães fizeram o mesmo, mas eu não consigo imaginar ficar longe dela por meio dia", desabafou.

Tanto a imprensa canadense quanto a americana relataram que os comitês olímpicos pediram ao comitê organizador que fosse aberta exceção para essas duas atletas, mas que as respostas haviam sido negativas. "Em qualquer outro cenário dos Jogos, teríamos encontrado uma solução há muito tempo. Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão, compreensivelmente, sendo conduzidos com um foco sem precedentes em saúde e segurança. Isso inclui o fechamento das fronteiras japonesas para visitantes estrangeiros, familiares e amigos", avaliou o comitê olímpico canadense, na semana passada.

Ontem, o comitê organizador deixou alguma margem de manobra. "Pode haver circunstâncias especiais, particularmente no que diz respeito a crianças pequenas, e, portanto, continuaremos a consultar o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o IPC (Comitê Paraolímpico Internacional) e a solicitar opiniões de outras partes relevantes", disse um porta-voz. Hoje, a mudança.