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Governo de SP tem revés e discussão sobre tombamento do Ibirapuera é adiada

Estudo referencial do Complexo Esportivo do Ibirapuera - Divulgação
Estudo referencial do Complexo Esportivo do Ibirapuera Imagem: Divulgação

26/10/2020 18h00

O órgão estadual de São Paulo responsável pela preservação do patrimônio histórico adiou em pelo menos um mês a discussão sobre a abertura de um processo de tombamento do Complexo Esportivo do Ibirapuera, onde fica o maior ginásio da capital paulista. O debate foi pautado para a reunião de hoje (26) no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), um dia antes do fim do período de consulta pública do edital para concessão do equipamento à iniciativa privada.

O pedido de tombamento do complexo, que tem o nome oficial de Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, foi protocolado em novembro de 2017, quando o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou chamamento público para a concessão da área. A área técnica do Condephaat produziu um dossiê preliminar defendendo a abertura de um processo de tombamento, mas o item não havia sido ainda pautado.

Quando, desmontado o hospital de campanha montado no estádio Ícaro de Castro Mello, o governo paulista voltou a movimentar o processo de concessão, a questão do tombamento virou problema. Afinal, os interessados em construir uma arena no local temem que, depois de apresentarem suas propostas, o órgão de preservação do patrimônio decida pelo tombamento do complexo, inviabilizando as obras desejadas pelo governador João Doria (PSDB)

Foi nesse contexto que o dossiê preliminar, finalizado ainda antes do início da pandemia, foi colocado na pauta da conturbada reunião de hoje, no penúltimo dia de consulta pública do edital. A simples abertura de processo de tombamento já proibiria qualquer intervenção arquitetônica no complexo.

Apesar do pedido de vistas feito pelo arquiteto Renato Luiz Sobral Anelli, representante do Instituto de Arquitetos do Brasil, a reunião, realizada em teleconferência, teve diversos conselheiros opinando sobre o caso. Ao menos cinco expressaram verbalmente serem contra o tombamento, incluindo o relator, Pedro Taddei Neto, nomeado como profissional de notório saber em urbanismo. Com o pedido de vistas, são necessários mais pelo menos 30 dias para a discussão voltar à pauta.

Ao Olhar Olímpico, o governo do Estado disse que a falta de uma resposta sobre o tombamento não altera os planos de concessão. "Conforme já divulgado no cronograma da concessão, o lançamento do edital está previsto para dezembro deste ano. A discussão no Condephaat segue os trâmites normais. As deliberações do Condephaat não impedem a concessão, apenas estabelecem condições adicionais", comentou.

Pelo projeto apresentado pelo governo, o estádio de atletismo Ícaro de Castro Mello e o ginásio Mauro Pinheiros seriam destruídos para darem lugar a uma arena multiuso para 20 mil pessoas. O velho ginásio do Ibirapuera seria transformado em um shopping center e o Parque Aquático, maior da cidade, com piscina olímpica e tanque para natação, daria lugar um prédio comercial com hotel.

O terreno é da prefeitura e, ao ceder o uso ao Estado, há quase um século, o município colocou como exigência que seu uso fosse esportivo. Para atender essa exigência, o complexo teria, além da arena multiuso, três quadras poliesportivas abertas à população.

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