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Olhar Olímpico

Estudo conclui que exceção para substância proibida não influi em medalhas

Simone Biles, durante apresentação no Mundial de ginástica artística - Ricardo Bufolin/ Panamerica Press/ CBG
Simone Biles, durante apresentação no Mundial de ginástica artística Imagem: Ricardo Bufolin/ Panamerica Press/ CBG

25/05/2020 18h39

Um estudo conduzido pela Agência Mundial Antidoping (Wada) e publicada no British Journal of Sports Medicine, referência em medicina esportiva, concluiu que não existe relação entre Autorização de Uso Terapêutico (AUT) e medalhas olímpicas. A polêmica foi levantada em 2016, quando hackers russos vazaram documentos que indicavam que as norte-americanas Simone Biles e Serena Williams, entre outras estrelas do esporte, haviam recebido autorização para utilizar substâncias proibidas pelo código antidoping.

As AUT's são concedidas por agências antidoping nacionais ou de federações internacionais a atletas que comprovam que necessitam daquelas substâncias para tratamentos médicos. Simone Biles, por exemplo, alega que tem DDA (déficit de atenção) desde a infância e o tratamento para essa doença contém substâncias proibidas. Com a AUT, ela pode ser medicada.

Essas autorizações, porém, não são de conhecimento do público. Quando um atleta passa por um exame antidoping, ele já informa ser autorizado a ingerir determinadas substâncias. Assim, o simples teste positivo para essas substâncias não se configura doping.

Esse sistema foi posto em xeque depois que a Rússia foi acusada de montar um complexo esquema de doping. Em resposta, um grupo hacker invadiu o sistema da Wada, roubou documentos e expôs atletas que haviam recebido AUT's. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aproveitou para sugerir que outros países também burlavam o jogo limpo, se valendo dessas autorizações.

"Se continuar assim, apenas atletas com asma ou doenças crônicas vão poder ganhar grandes competições", ironizou o líder russo na ocasião. "Talvez tenhamos que colocar os atletas que recebem AUT em uma categoria especial ou registrar seus resultados separadamente", sugeriu.

A Wada levou quase quatro anos para responder às provocações. Em estudo conduzido pelo seu diretor médico Alan Vernec e pelo gerente de AUT David Healy, a agência demonstra que, entre 2010 e 2018, em cinco edições dos Jogos Olímpicos, 0,9% dos competidores (181 de 20.139) tinham autorização de uso terapêutico. Entre os medalhistas, a taxa foi de 1,0% (21 de 2.062).

Dos 34 países com maiores delegações na soma dessas cinco edições de Jogos Olímpicos, só seis não tiveram atletas com AUT's. O Brasil teve dois, não nomeados. Os Estados Unidos lideram a lista, com 21, que correspondem a 1,7% da delegação. Áustria, Dinamarca, Noruega, Suíça e Eslovênia lideram a lista comparativamente.