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Olhar Olímpico

Ginástica altera regras e abre espaço para juvenis na Olimpíada

Rebeca Andrade durante performance nas traves na Rio-2016 - Rebecca Blackwell/AP
Rebeca Andrade durante performance nas traves na Rio-2016 Imagem: Rebecca Blackwell/AP

09/04/2020 18h04

Ginastas que não teriam idade para estar na Olimpíada de Tóquio em 2020 poderão disputá-la em 2021. A Federação Internacional de Ginástica (FIG) resolveu nesta quinta-feira (9) alterar os critérios de elegibilidade e, assim, incluir atletas que só no ano que vem chegariam à categoria adulta.

Na ginástica, juvenis não podem participar de competições adultas. A subida de categoria acontece no ano em que a ginasta mulher completa 16 anos e que o ginasta homem completa 18. Mantendo esse conceito, a FIG vai alterar a regra que determina o momento mínimo de nascimento para poder estar em Tóquio. Na prática, a entidade abre as portas dos Jogos de Tóquio para homens nascidos em 2003 e mulheres nascidas em 2005.

Especialmente no feminino, isso tende a alterar a convocação de seleções que conquistaram vaga para a competição por equipes, uma vez que é comum atletas chegando ao adulto já em altíssimo nível. A Rússia, por exemplo, ganha o reforço de Viktoriia Listunova, que foi campeã mundial juvenil no ano passado, aos 14 anos, e agora poderá disputar os Jogos de Tóquio.

Para o Brasil, a novidade não deverá fazer diferença, porque outra decisão polêmica tomada pela FIG nesta quinta-feira afetou diretamente os planos da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e do Comitê Olímpico do Brasil (COB): o resultado da fase de classificação da Copa do Mundo de Baku (Azerbaijão) vai valer como final.

A etapa aconteceu no fim de semana do dia 15 de março, quando o mundo já estava parando para combater o coronavírus. As eliminatórias foram realizadas normalmente, mas o governo do Azerbaijão proibiu que o torneio continuasse porque, segundo ele, não tinha vacina contra o coronavírus.

Voltando a competir depois de sua terceira cirurgia no ligamento cruzado anterior do joelho, Rebeca Andrade precisava ser ouro na trave nas duas etapas finais da Copa do Mundo para se classificar para a Olimpíada, superando a japonesa Urara Ashikawa. Um plano factível, tanto que nas eliminatórias, ainda insegura depois de quase um ano sem competir, Rebeca só ficou 0,050 atrás da rival. A meta era superá-la na final, que acabou cancelada.

Agora, com a vitória definitiva de Ashikawa em Baku, a vaga olímpica destinada à melhor da trave nas Copas do Mundo é da japonesa, independente do resultado da etapa de Doha, que foi adiada, mas ainda será realizada. Rebeca, que é cotada para brigar por até quatro medalhas em Tóquio se estiver na melhor forma física e técnica, é favorita a conquistar a vaga olímpica pelo Campeonato Pan-Americano, que também será remarcado. Só que a competição só destina uma vaga por país, no máximo.

Por enquanto, Flávia Saraiva é a única brasileira classificada no feminino, com vaga nominal. No masculino, o Brasil já tem equipe assegurada e pode classificar mais um atleta pelo Campeonato Pan-Americano e o favorito a fazer essa tentativa é Diogo Soares, que entrou este ano na categoria adulta.

Nesta quinta, a FIG confirmou que os países e atletas já classificados nominalmente seguem com o mesmo status e que todos os torneios classificatórios restantes serão realizados como previsto, em novas datas. Os Mundiais de Ginástica Artística, na Dinamarca, e de Trampolim, em Baku, seguem mantidos em 2021. Já o novo código de pontos, que deveria entrar em vigor em 2021, só passará a valer em 2022.