Rodrigo Mattos

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Por que Tite poupou titulares do Flamengo na Libertadores

O Flamengo deixou sete jogadores de fora da sua partida diante do Bolivar, na altitude de La Paz, pela Libertadores. Perdeu o jogo e está a cinco pontos do time boliviano no grupo E da competição. A explicação dada por Tite para sua decisão: foi a ciência, isto é, o estudo do físico dos jogadores. Mas o que isso quer dizer? Qual é a estratégia da comissão técnica?

Primeiro, uma informação relevante: Tite é um técnico que mexe pouco no time titular em comparação com outros treinadores anteriores rubro-negros. Pelos dados do Flamengo, ele troca menos de dois titulares em média por partida, enquanto antecessores tinham números entre três e quatro substituições.

A estratégia de rodar o time rubro-negro começa, de fato, na estreia da Libertadores, diante do Millonarios. Ali, quatro titulares ficaram de fora da partida, Ayrton Lucas, Léo Pereira e Luiz Araújo poupados, e De La Cruz com quadro viral.

A informação no Flamengo é de que o primeiro jogo da final do Estadual, diante do Nova Iguaçu, foi aquele em que o time mais correu na temporada. Há recordes pessoais batidos de atletas em termos físicos. Essa demanda gerou consequências nos atletas para o confronto na terça-feira, pelo torneio continental.

O plano da comissão técnica não é exatamente poupar, mas escalar os atletas mais aptos fisicamente. Isso é medido por análise de fisiologistas, testes bioquímicos, termografia (que mede calor e possibilidade de contusões) e relatos de dores.

Foi com base nesses dados, e no desempenho físico em campo, que Arrascaeta também ficou fora da partida com o São Paulo, pelo Brasileiro. Mas ali o time era quase todo titular.

No outro domingo, diante do Palmeiras, o Flamengo deixou de fora Pedro e De La Cruz da formação inicial. O uruguaio apresentava dores no adutor, Pedro sentia dores em várias partes do corpo e vinha de sete jogos seguidos. Seus marcadores físicos eram alarmantes para possível contusões. Ambos jogaram no segundo tempo.

A decisão de cortar grande parte do elenco da viagem a La Paz ocorre após o jogo contra o Palmeiras em nova análise física dos atletas. Não era uma estratégia anterior e o campo sintético do Allianz Parque pesou na nessa avaliação por ser considerado mais desgastante. Allan e Léo Pereira foram tirados por questões médicas, tendo o volante uma condição no sangue que prejudica seu rendimento na altitude.

Os outros cinco - Pulgar, Arrascaeta, Ayrton, Varela e Pedro - tinham os índices de desgaste alto. E aí pesou o fator da viagem: eram cerca de 6 horas no total até Santa Cruz de La Sierra, primeira parada, e outras três horas para La Paz para adaptação melhor à altitude de 3,600 metros.

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Não haveria estrutura de recuperação em avião. Avaliou-se que levar os jogadores seria dificultar o descanso e o tratamento para o jogo de domingo, diante do Botafogo, às 11 horas da manhã. Se o jogo fosse a nível do mar, a decisão provavelmente seria outra e eles teriam ido para ficar no banco de reservas. Mas a escalação seria a mesma.

A diretoria rubro-negra não estabeleceu prioridade entre Brasileiro e Libertadores, e reconhece-se que houve impacto na competição continental. Mas entende ter sido a estratégia possível diante da sequência de jogos.

Porém, há uma decisão de priorizar o Estadual no início de temporada que tem, sim, impacto no atual momento. Foi informado pela diretoria a Tite que era importante ganhar o Carioca, o próprio técnico confirmou essa informação.

Pelas métricas rubro-negras, Tite é o técnico que menos rodou elenco em média. Ele troca menos de três titulares por jogo, enquanto outros treinadores rodavam entre três a quatro por jogo. O Flamengo jogou com a formação titular a maior parte do Estadual do Rio, com exceção das duas partidas em que estava em pre-temporada nos EUA.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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