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Ítalo Ferreira entra em campanha para depor presidente da CBSurfe

Italo Ferreira na final em Pipeline - Ed Sloane/WSL via Getty Images
Italo Ferreira na final em Pipeline Imagem: Ed Sloane/WSL via Getty Images

29/01/2020 13h05

Classificado para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Ítalo Ferreira tornou público seu descontentamento com a gestão de Adalvo Argolo frente à Confederação Brasileira de Surfe (CBSurfe). Em comentário no Instagram, o atual campeão mundial profissional de surfe cobrou a deposição do dirigente, que está no comando da entidade há duas décadas.

"Quando eu assinei para o cara cair, poucos estavam do meu lado e ninguém lembra agora. Depois nego (sic) vem falar que eu estou no muro, etc. Quando era para tirar, ninguém se mexeu de verdade e os caras continuam no comando. Em nenhum momento falei que apoio entidade alguma, pelo contrário. Eu votei para eles saírem", comentou o surfista em vídeo provocativo do veterano Picuruta Salazar.

No vídeo, que viralizou nos grupos de Whatsapp de surfistas, Picuruta cobra que os ídolos do surfe saiam de cima do muro sobre a situação da confederação. "Cadê os caras do WLS, os grandes feras, campões. Vocês que têm que se pronunciar. Toma vergonha na cara. Vamos fortalecer a molecada da nova geração que quer crescer e ficar famoso igual vocês. Mas para isso tem que incentivar. Já imaginou Menina pondo a cara, Mineiro, o Ítalo que veio da favela. Então põe a cara, brother", reclama Picuruta.

A reação veio em cadeia. "Precisamos saber como tirá-lo do poder e quem vamos eleger. Essa sacanagem já rola há muitos anos e nada foi feito. Precisamos de gente honesta e pessoas capacitadas para esse trabalho", comentou Caio Ibelli na mesma postagem de Salazar. Mais contidos, diversos outros profissionais como Mineirinho e Wigolly Dantas também se manifestaram contra a atual gestão.

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Vergonha ‍♂️

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O descontentamento da elite do surfe nacional com o trabalho de Argolo frente à CBSurfe é antigo, mas ganhou nova força nos últimos dias, depois de a confederação anunciar a realização de um circuito nacional profissional (tradicionalmente uma atribuição da Abrasp, a associação dos surfistas profissionais), listando apenas 22 atletas aptos a competir. Atletas desconheciam os critérios e federações alegam que não foram consultadas sobre a novidade.

Desde então tanto surfistas do Brasil todo quanto federações estaduais passaram a cobrar publicamente a CBSurfe. De oposição, a federação do Rio, soltou nota expressando "repúdio à decisão arbitrária da diretoria da CBSurfe" e cobrando que as demais federações defendam seus direitos e dos atletas. Santa Catarina, Espírito Santo e Pernambuco - esta, líder das entidades do Nordeste - também foram na mesma linha.

A CBSurfe tinha quase nenhuma relevância para o surfe profissional até 2016, cuidando apenas do surfe amador no Brasil. Com o esporte no programa olímpico, a entidade passou a administrar recursos da Lei Agnelo/Piva e a fazer convocações para eventos como os Jogos Pan-Americanos e os ISA Games. Aí a qualidade da gestão antes amadora da CBSurfe foi exposta. A entidade usou dinheiro público, por exemplo, para alugar um imóvel da esposa de Argolo.

No começo do ano passado, diante de irregularidades e falta de transparência na confederação, a Justiça chegou a determinar o afastamento de Argolo, que conseguiu derrubar a liminar e voltar ao poder. O incômodo ficou adormecido até a criação do novo Circuito Profissional e agora parece voltar mais forte do que nunca. Uma petição online cobrando a saída de Argolo já conta com mais de 1,5 mil assinaturas.