Oceano bate recorde de calor pelo sétimo ano consecutivo
Essa não é uma história nova: todos os anos, emitimos toneladas e toneladas de gás carbônico (CO2) na atmosfera, o que altera o clima global. Estamos começando a sentir na pele os efeitos da emergência climática. Na verdade, porém, existe um herói pouco lembrado que absorve quase todo o calor em excesso retido pela atmosfera: o oceano.
O oceano cobre dois terços do planeta e absorve 90% do calor "extra" que vem do acúmulo de gás carbônico e aumento do efeito estufa, sendo o principal responsável por frear a crise climática. Em outras palavras, o mundo estaria muito mais quente agora se não fossem nossos mares segurando a onda.
Só que o oceano não absorve todo esse calor sem consequências. O resultado mais claro, como mostra uma pesquisa divulgada em janeiro, são anos consecutivos de temperaturas médias do oceano subindo e batendo novos recordes, desde a superfície até os 2.000 metros de profundidade - mas essa está longe de ser a única consequência.
Algumas são mais óbvias: o derretimento das geleiras, o aumento do nível do mar, a acidificação do oceano (o balanço de pH, que é o princípio para todas as reações químicas que ocorrem no mar, é alterado pelo calor excessivo e o excesso de CO2).
Outras consequências não aparecem tão de imediato ou leva tempo para ligarmos os fatos. Um exemplo? As intoxicações por algas que recentemente ocorreram em Alagoas.
Episódios de maré vermelha, como o recente que atingiu o Nordeste, são raros no Brasil, mas muito comuns em outros locais - são eventos quase anuais na Flórida, nos EUA. Trata-se da proliferação rápida de algumas espécies, normalmente avermelhadas. Em grandes quantidades, elas liberam compostos que se tornam tóxicos para humanos e para a vida marinha. E o que facilita esses aumentos de algas? Algumas formas de poluição marinha, como de esgoto, e o aquecimento do oceano estão entre os principais fatores.
Os oceanos também influenciam fortemente o clima em terra. Uma vez que a superfície do mar está quente, criam-se as condições perfeitas para o desenvolvimento de eventos climáticos extremos terrestres, como chuvas intensas, secas e tempestades severamente destrutivas. Afinal, águas quentes funcionam quase como um combustível para uma tempestade evoluir para um furacão.
Os oceanos registram atualmente uma forte tendência de aquecimento, mas essas tendências continuarão? Os especialistas dizem que isso depende, em parte, das ações da humanidade em resposta à emergência climática global. Podemos até curtir águas mais quentes no nosso banho de praia no verão, mas é preciso um esforço contínuo para não esquecer a trovoada no final da tarde.
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