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Creta 'antigo' ainda é boa compra? O que muda com chegada dos novos modelos

A Hyundai apresentou nesta semana importantes modificações em um de seus principais carros no Brasil, o SUV Creta. Lançado em 2016, o modelo já está indo para seu terceiro visual, aposentando de vez seu desenho polêmico.

Particularmente me agradava o visual anterior. Confesso que, quando apresentado, causou espanto a solução escolhida pela marca coreana, com faróis e lanternas que pareciam ter sido desenhadas por algum artista excêntrico. Mas, de tanto ver nas ruas, minha visão não só se acostumou, como também passou a apreciar o estilo, principalmente a traseira.

No mercado, o visual polêmico parece não ter impactado nas vendas. O Creta se manteve entre os SUVs mais vendidos e, segundo a Hyundai, é o mais comercializado no varejo. Agora, com um visual menos polêmico, é perceptível a aprovação geral e não será surpresa se ele ganhar ainda mais participação no mercado.

Dito isso, meu caro leitor que já é dono de Creta ou pretende comprar algum no mercado de usados deve estar se perguntando como será o impacto que os modelos antigos sofrerão no mercado. É o que explico abaixo.

Preços

Os preços se mantiveram idênticos em todas as versões, com exceção da mais cara, a Ultimate, cerca de R$ 2 mil mais cara. Porém, o pequeno aumento é justificado por ter recebido novo conjunto de motor e câmbio, além de mais equipamentos.

Sendo assim, quem acabou de comprar com o desenho antigo provavelmente vai sofrer mais com a desvalorização. Para entender isso, basta comparar os preços de referência da Tabela Fipe de qualquer carro, entre anos que tiveram mudanças de design.

Vou exemplificar com o próprio Creta, no caso o 2.0, única configuração que se manteve como a de topo nos dois primeiros desenhos do modelo, para facilitar a comparação.

Enquanto o primeiro desenho tem tabela Fipe entre R$ 85 mil para o 2017 e R$ 103 mil para o 2021, com intervalos pequenos entre esses anos, o salto passa a ser significativo no modelo 2022, com outro desenho e preço de R$ 137 mil, e chega em R$ 157 mil para o modelo 2024.

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Ou seja, os preços ficam sempre mais próximos quando a geração ou o desenho é o mesmo, e tende a ser maior quando tem
essas mudanças significativas. Vai acontecer exatamente o mesmo no futuro, portanto a desvalorização do antigo vai ser maior para se distanciar do novo.

Sendo assim, para quem pretende comprar alguma sobra de estoque do desenho antigo, só se for com um bom desconto para valer a pena.

Alguma versão vai encalhar

Desde o lançamento do Creta, quatro motores equiparam o modelo: 1.6 e 2.0 de aspiração natural, além de 1.0 e 1.6 turbo.

O 1.6 aspirado é certamente o mais simples de todos, inclusive é o mesmo que equipou HB20 na maior parte de sua vida. Pode não ser um primor de desempenho e consumo no mais pesado Creta, mas entrega algo que o mercado de usados valoriza muito, que é a confiabilidade e o baixo custo de manutenção, principalmente no longo prazo.

É o típico motor para quem foge de aborrecimentos. Sendo assim, provavelmente esse 1.6 aspirado jamais será rejeitado no mercado de usados.

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O recém-aposentado 2.0 é para mim a melhor opção para quem gosta de desempenho e simplicidade. No curto prazo, deverá ser ofuscado pelo novo motor 1.6 turbo, que é mais potente e eficiente. Sendo assim, é possível que o 2.0 - que já não era o mais procurado - encalhe nas lojas de usados. Entretanto, no longo prazo, por ser simples de se manter, imagino que vá se destacar dos modelos mais complexos, como os turbinados.

O 1.0 turbo, que continua em linha e é o motor mais vendido no Creta, deve continuar com a procura alta e tende a se dar bem no curto e médio prazo do mercado de usados. Mas ainda é incerto seu cenário no longo prazo, quando esses modelos equipados com esse propulsor ficarem mais velhos, fora do período de garantia do fabricante, e dependentes de manutenções mais onerosas.

Como tem toda uma complexidade do turbo, injeção direta e resfriador do ar, pode afastar compradores receosos com altos custos de
manutenção.

O mesmo pode acontecer com o 1.6 turbo, mas aqui tem uma curiosidade: a Hyundai decidiu lançar esse motor somente à gasolina, na contramão do que vem acontecendo nos lançamentos dos carros nacionais dos últimos 20 anos. Para alguns pode ser ruim, mas para mim, o tiro foi certeiro.

Em se tratando de bicos de injeção direta de combustível, muitos profissionais de oficinas mecânicas, tem alertado que esses bicos sofrem muito mais quando o carro é abastecido somente com álcool, principalmente quando adulterado. Usando somente gasolina, esse risco diminui, e é certo que a Hyundai calibrou esse motor já para nossa gasolina com maior teor de álcool.

Por outro lado, se o motor tende a ser mais confiável, o mesmo ainda não dá para cravar do câmbio. A escolha, foi um automatizado de dupla embreagem, configuração que sofre muito preconceito no mercado de usados pelo histórico de problemas em todos canto do mundo.

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Desgastes prematuros das embreagens, problemas na eletrônica e alto custo de reparabilidade são recorrentes nesse tipo de câmbio. Somente o tempo vai dizer se esse escolhido pela Hyundai - que informa ser uma segunda geração do já utilizado no
Tucson - será bem aceito.

Para compradores de carros novos, que gozam da vantagem da garantia do fabricante nos primeiros anos, poderão desfrutar dessa nova versão topo de linha, sem muitas preocupações do que vai acontecer no futuro. Mas no meu caso, que atendo todos os dias clientes querendo carros usados com vários anos de uso, não consigo prever o futuro desse novo motor e câmbio. Veremos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

2 comentários

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Julio Roberto Uszacki

Minha esposa tem um Creta Action 1.6. Mais de cinquenta mil quilômetros rodados, trocou apenas pneus e baterias! Usado vai ser bem vendido, assim como um Etios, da Toyota! 

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Ricardo Zardo

Creta action 1.6 melhor custo benefício,  seguro barato, baixa manutenção,  carro atual, amplo espaço e o principal, excelente valorização.  Hyundai não pode tirar de linha, seria um tiro no pé. 

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