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Remédio para emagrecer: o que funciona e o que não funciona?

Sempre sob orientação médica: saiba o que tomar para emagrecer - Getty Images/iStockphoto
Sempre sob orientação médica: saiba o que tomar para emagrecer Imagem: Getty Images/iStockphoto

Diana Cortez

Colaboração para VivaBem

06/02/2023 04h00

O desejo por emagrecer leva muitas pessoas a buscarem remédios que aceleram o emagrecimento. Em meio a isso, estão tanto pessoas que querem ter um corpo mais enxuto quanto quem sofre de obesidade.

Nos últimos anos, a indústria farmacêutica desenvolveu medicamentos cada vez mais eficazes para atuar no tratamento da obesidade. Alguns deles vêm apresentando bons resultados quando são usados com prescrição e orientação de médicos capacitados.

Esses remédios são indicados aos pacientes com o IMC acima de 30 (considerados obesos) e aqueles com IMC a partir de 27 (sobrepeso) que apresentam doenças associadas. (calcule seu IMC).

Atenção: não pratique a automedicação, ela pode provocar mais problemas.

Remédios para emagrecer: o que tomar?

No Brasil, existem algumas opções de medicamentos para a obesidade, sendo que alguns têm maior potencial de perda de peso do que outros.

Como cada paciente responde de uma maneira, nenhum deve ser descartado, sendo que o acompanhamento médico é essencial.

Desenvolvida para tratar o diabetes, a substância passou a ter indicação para a obesidade depois que estudos mostraram sua ação em diminuir uma média de 6% do peso dos pacientes, trazendo benefícios para a saúde cardiovascular, como a redução da pressão arterial e da gordura visceral.

A liraglutida age de maneira similar a um hormônio produzido no intestino, conhecido como GLP-1, que regula a produção de insulina pelo pâncreas, além de controlar o apetite e a saciedade ao enviar sinais para uma região específica do cérebro que faz esse controle, e retardar o esvaziamento do estômago.

A liraglutida é vendida como uma espécie de caneta com uma agulha fina na ponta para ser aplicada diariamente na região do abdome na quantidade orientada pelo médico. Pode ser usada em pacientes a partir de 12 anos, sendo as náuseas o principal efeito colateral em cerca de 20% dos pacientes no início do tratamento.

Também criada para o tratamento do diabetes, a semaglutida ("parente" da liraglutida) foi recentemente aprovada pela Anvisa para o tratamento da obesidade por apresentar resultados como uma redução de 15% no peso. conforme estudos realizados com a dose de 2,4 mg, como o divulgado no The New England Journal of Medicine.

A substância funciona de maneira similar à liraglutida: é análoga ao hormônio GLP-1, portanto, age no centro da fome e da saciedade, além de promover um esvaziamento gástrico mais lento e melhorar a produção de insulina.

A diferença entre as duas fica por conta da aplicação semanal da semaglutida e de sua maior potência, uma vez que a substância age por um tempo mais prolongado no organismo.

A substância injetável já é comercializada para o tratamento da obesidade nos Estados Unidos e, em breve, deve estar à venda no Brasil.

  • Tirzepatida

A substância demonstrou resultados muito promissores em 90% dos pacientes que usaram o medicamento, chegando a reduzir o peso em mais de 20% em um ano e meio de tratamento —nível semelhante ao de uma bariátrica. Esses dados estão no estudo Surmont-1 e o remédio deve revolucionar o tratamento para obesidade.

Além de oferecer a mesma ação da semaglutina e da liraglutina sobre o GLP-1, o novo fármaco também atua simulando outro hormônio secretado pelo intestino, o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose).

Em conjunto, eles atuam na saciedade, no controle da glicose e em alguns outros mecanismos que ajudam a manter baixos os níveis de açúcar no sangue após a ingestão dos alimentos por atuarem nas células beta no pâncreas. O medicamento ainda se mostrou seguro, podendo ser usado por tempo indeterminado.

  • Orlistate ou orlistat (Orlistat STADA®, Lystate® e Lipiblock®)

Trata-se de uma substância que atua em uma enzima que faz parte da digestão, diminuindo a absorção da gordura ingerida pela alimentação em cerca de 30%. Dessa maneira, gera um aporte calórico mais baixo, levando ao emagrecimento e contribuindo para reduzir os níveis de colesterol.

A desvantagem é que, como parte da gordura ingerida é eliminada pelas fezes, o paciente pode sofrer com gases e diarreia, além de ter interferência nos níveis de vitaminas que precisam de gorduras para serem absorvidas, como a vitaminas A, B, E e K.

  • Associação de bupropiona com naltrexona

Essa combinação de fármacos, até então usados separadamente para pacientes com quadros depressivos (bupropiona) ou em tratamento do alcoolismo ou de substâncias opioides (naltrexona), já foi aprovada pela Anvisa e deve ser lançada em breve no mercado brasileiro com o nome de Contrave.

Sua principal indicação será o tratamento de obesidade daqueles pacientes que apresentam episódios de compulsão alimentar, algo que atinge cerca de 30% dos pacientes que apresentam algum grau de obesidade.

A naltrexona potencializa a ação da bupropiona, atuando nos níveis de dois neurotransmissores do cérebro: dopamina e noradrenalina. Isso possibilita que o paciente controle seu impulso por comer um alimento calórico pela busca da sensação de satisfação, além de reduzir a fome.

Trata-se de um fármaco de venda controlada que atua nos níveis de serotonina e noradrenalina, controlando a fome e a saciedade, para ajudar o paciente a seguir uma dieta com restrição calórica e evitar que ele coma por impulso.

O medicamento apresenta bons resultados na perda de peso com a vantagem de ter um custo bem mais baixo do que a liraglutida e a semaglutida. No entanto, é contraindicado para pacientes com risco cardiovascular, e aqueles com diabetes e hipertensão não controladas.

Por isso, o fármaco só é vendido com a Receita B2 acompanhada do Termo de Responsabilidade do Prescritor, que deve ser devidamente emitido, preenchido e assinado pelo médico e também assinado pelo paciente.

  • Topiramato

Usado no tratamento da enxaqueca e da epilepsia, esse medicamento anticonvulsivante é uma opção de tratamento para os pacientes obesos que têm um padrão compulsivo na alimentação, já que atua no centro da fome e da compulsão no cérebro, contribuindo para a perda de peso.

  • Dimesilato de lisdexanfetamina (Venvanse® ou Juneve®)

Lançada com o objetivo de tratar pacientes com TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), em 2018 a substância foi liberada pela Anvisa para o tratamento da compulsão alimentar a fim de contribuir para a redução do peso.

Ela atua sobre a dopamina e a liberação de outros neurotransmissores no cérebro fazendo com que o paciente deixe de ter o impulso por comer. Mas é contraindicado para hipertensos ou pessoas que tenham outras doenças cardiovasculares, além daquelas com hipertireoidismo e glaucoma.

Remédios que NÃO funcionam para a perda de peso

Apesar de inicialmente a substância apresentar resultados nos pacientes a fim de controlar a fome e a sensação de saciedade por atuar em neurotransmissores do cérebro, seu efeito não dura muito tempo.

  • Laxantes

Medicamentos com efeito laxante (como Lacto-Purga® e Dulcolax®, por exemplo) não têm nenhum efeito sobre a redução de gordura corporal, e ainda há o risco de provocar uma inflamação intestinal, alterações na microbiota responsável pela absorção de nutrientes e até uma dependência de laxativos para evacuar.

  • Diuréticos

Os fármacos com essa ação como a furosemida (Lasix®), espironolactona e a hidroclorotiazida têm um problema: esse tipo de substância não é capaz de eliminar gordura e seu uso indiscriminado e sem a devida orientação pode levar à desidratação, problemas renais e até a morte.

  • Levotiroxina

Indicado para quem tem baixa produção de hormônio tireoidiano, esse medicamento é usado por algumas pessoas sem indicação médica na tentativa de "acelerar o metabolismo" para gerar o emagrecimento. Seu efeito, no entanto, costuma causar a perda de massa magra.

  • Fitoterápicos

Extratos de plantas (Citrus aurantium, Rhodia gordoni, Cáscara Sagrada, Pholia negra, entre outros) apresentam um resultado muito discreto na perda de peso, portanto são pouco eficientes no tratamento da obesidade.

  • Chás

Infusões preparadas com hibiscus, carqueja, gengibre e outras ervas possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e algumas vezes diuréticas, mas que não possuem evidência científica de trazer um emagrecimento potencial para os quadros de obesidade.

  • Probióticos

Apesar de existirem estudos que relacionam a alteração da microbiota do intestino com diabetes, obesidade e problemas cardíacos, ainda não foi possível demonstrar que um grupo específico de bactérias seja capaz de proporcionar uma perda de peso significativa.

Dicas que funcionam para a perda de peso

Apesar dos fármacos indicados para tratar a obesidade contribuírem muito para o processo de perda de peso, é preciso combiná-los com mudanças no estilo de vida como:

  • Dieta saudável com restrição calórica, mas com acompanhamento de profissional de saúde
  • Aumentar o consumo de proteínas
  • Garantir a ingestão de mais fibras
  • Praticar exercícios físicos
  • Beber mais água
  • Dormir mais e ter um sono de qualidade
  • Gerenciar o estresse

Fontes: Lúcia Cordeiro, médica endocrinologista, professora da disciplina de endocrinologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Marcelo Miranda, médico endocrinologista, pesquisador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp; e Fábio Trujilho. endocrinologista, vice-presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e diretor do departamento de obesidade da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). Revisão técnica: Marcelo Miranda.