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Sintomas e tratamentos da doença


Busca por mamografia caiu na pandemia; exame reduz mortalidade por câncer

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Imagem: iStock

Do VivaBem

05/02/2022 13h39

A pandemia do coronavírus prejudicou as rotinas de diagnóstico e tratamento de diversas doenças. Com o câncer de mama não foi diferente. Um levantamento da Fidi (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem), gestora de serviços de diagnóstico por imagem na rede pública de São Paulo e Goiás, aponta que em 2021 foram realizadas 35% menos mamografias do que em 2019. No entanto, houve uma pequena melhora em comparação a 2020, quando a diferença no número de exames foi 42% menor do que em 2019.

Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumores em mulheres no Brasil e estima-se que ocorram 66 mil novos casos da doença a cada ano. A redução no número de mamografias preocupa pois o exame é a melhor forma de descobrir o câncer de mama precocemente, quando a chance de sucesso no tratamento e de 90%.

"As mulheres que realizam mamografia regularmente diminuem seu risco de morrer por câncer de mama em até 25%. Isso ocorre porque o exame detecta tumores antes de eles se tornarem palpáveis ou sintomáticos, ainda num tamanho muito pequeno", afirma Jordana Bessa, mastologista do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco, da Rede D'Or São Luiz.

Bessa reforça que o tamanho do tumor impacta diretamente na possibilidade de "cura" do câncer e redução da mortalidade pela doença. Geralmente, os cânceres detectados pela mamografia têm menos de 2 cm. Já os tumores descobertos pelo toque (que não é mais indicado como método de diagnóstico precoce do câncer de mama) costumam ter, em média, 4 cm —o que geralmente significa que a doença já está em estágio avançado.

Quando fazer?

O Ministério da Saúde recomenda que mulheres com idade entre 50 e 69 anos realizem a mamografia de rastreamento a cada dois anos, desde que não tenham sinais da doença (ao surgir sintomas, o exame diagnóstico deve ser feito em qualquer idade) ou alto risco de desenvolver câncer de mama.

Já a orientação da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) é que o exame de rastreio seja feito anualmente a partir dos 40 anos —porém, nesse caso, a mamografia tem de ser realizada na rede particular, pois o SUS (Sistema Único de Saúde) segue a recomendação do Ministério da Saúde e só oferece o rastreamento para mulheres com menos de 50 anos que têm alto risco de desenvolver o câncer.

"Estudos científicos já mostraram que o benefício da mamografia (na redução do risco de morte) já ocorre a partir dos 40 anos quando ela é feita de forma anual. No entanto, essas pesquisas foram feitas em países desenvolvidos, onde o diagnóstico precoce se traduz em tratamento precoce. Aqui, muitas vezes, após a mamografia revelar um nódulo, há uma demora de meses para fazer a biópsia ou começar o tratamento", explica a mastologista Jordana Bessa.

Quando fazer a mamografia antes da faixa etária indicada

O médico Daniel Gimenes, oncologista da Oncoclínicas, em São Paulo, diz que o diagnóstico de câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos é raro (representa cerca de 10% dos casos) e, por causa da maior densidade das mamas, o exame pode ter resultados falsos negativos (que abalam bastante as pacientes). "Além disso, a mamografia antes dos 40 anos vai expor a mulher a uma radiação que não é necessária naquele momento", comenta.

Porém, ele ressalta que a mulher, mesmo com menos de 40 anos (ou 50, se seguir a orientação do Ministério da Saúde) deve buscar um médico e fazer a mamografia caso note alterações no formato e tamanho das mamas ou na pele.

Já as mulheres que fazem parte do grupo de risco moderado ou alto para desenvolver câncer —devido a fatores genéticos, histórico de alterações benignas e hábitos como consumo excessivo de álcool, tabagismo e sedentarismo— devem conversar com um especialista para avaliar a necessidade de iniciar a rotina de exames de rastreamento mais cedo (às vezes, dependendo do caso, o exame é indicado a partir dos 35 anos).