Batata frita, molho de tomate: quais alimentos podem causar azia e por quê

Quem já sentiu aquela queimação após comer algo sabe como a azia pode ser incômoda. O sintoma costuma se concentrar na região epigástrica —boca do estômago— e subir até o peito ou a garganta. Ela é causada pelo contato do suco gástrico (ácido) com a mucosa do esôfago, um tubo que conduz a comida da boca até o estômago, e que não possui proteção para suportar essa acidez. Por isso o refluxo normalmente causa azia.

Em condições normais, quando o alimento ou a bebida entram no estômago, o esfíncter, que separa o estômago do esôfago, fecha. "Mas se ele não fechar de forma eficiente, o conteúdo do estômago pode refluir para o esôfago e irritar este órgão, provocando a azia", diz Ana Karla Rodrigues dos Santos, nutricionista da AmorSaúde de Palmas (TO), rede de clínicas parceira do Cartão de TODOS, engenheira de alimentos, instrutora de alimentos do Senai e especialista em nutrição clínica funcional.

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Mas a causa do problema não é apenas essa. A seguir, veja os principais alimentos que contribuem para o surgimento da azia e por quê:

Alimentos e bebidas ácidas

Limão, laranja, kiwi, mexerica, morango, tomate, maracujá, entre outros, podem causar irritação direta da mucosa esofágica, além de diminuir o pH do conteúdo estomacal.

"Mas atenção: esses alimentos não devem ser excluídos da rotina alimentar, mas sim consumidos com moderação e sempre após a ingestão de outros alimentos", indica Aline Dias Gonçalves Ferraz, nutricionista da clínica AmorSaúde Limeira, especialista em neurociência.

Bebidas gaseificadas

Refrigerantes, água com gás, água tônica. Essas bebidas podem causar azia pelo aumento da distensão gástrica (aumento do tamanho do estômago) e relaxamento do esfíncter esofágico inferior, a válvula que impede que o conteúdo do estômago volte para esôfago.

Carboidratos simples

Doces, biscoitos, pães e outros alimentos com farinha branca reduzem a contração muscular do esfíncter esofágico inferior. Além disso, o consumo excessivo de açúcar, glúten e alimentos processados como salsicha e linguiça, que são ricos em aditivos químicos, libera uma quantidade excessiva dos sucos gástricos, por serem mais difíceis de serem digeridos ou por terem mais conservantes, gorduras ou açúcares.

Cafeína

Produtos que contenham cafeína, como café, chá preto e chá verde também podem causar azia, pois essa substância aumenta o relaxamento do esfíncter esofagiano.

Comida apimentada

A capsaicina é uma substância presente nas pimentas que provoca um aumento da produção de ácido pelo estômago e pode causar irritação na mucosa.

Molho de tomate industrializado

Contém altos níveis de ácidos, como o ácido málico e cítrico, que podem irritar a mucosa do estômago e do esôfago de algumas pessoas, além de estimular o relaxamento do esfíncter.

Temperos artificiais

Esses costumam ser muito condimentados e ricos em aditivos químicos, o que pode desencadear uma liberação excessiva do suco gástrico.

Bebida alcoólica

O álcool irrita o estômago e diminui a capacidade de contração da válvula que impede o refluxo, o que pode favorecer a sensação de queimação.

Comidas gordurosas

Feijoada, batata frita, pastel, salgadinhos. A gordura, em geral, é um nutriente que demora mais para ser digerido, pois estimula a liberação de uma substância chamada colecistocinina, que inibe o esvaziamento do estômago e estimula a liberação de suco gástrico.

Flávia Campos Corgosinho, nutricionista, doutora em ciências e professora da FANUT-UFG (Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás), diz que é importante ressaltar que, apesar de esses alimentos serem conhecidos por causar ou piorar a azia, a tolerância a cada um deles é muito individual. Ou seja, não necessariamente o que causa azia em uma pessoa vai ter o mesmo efeito em outra.

Como prevenir

A melhor forma de prevenção é manter um estilo de vida saudável e uma boa alimentação, rica em frutas, verduras e leguminosas. Só essa rotina ajuda a ficar longe do incômodo. Outras dicas simples para evitar a azia são:

• Evite longos períodos sem comer;
• Não faça refeições muito tarde ou de madrugada;
• Mastigue bem os alimentos;
• Não pratique atividades físicas muito intensas;
• Não deite logo após as refeições, mesmo que seja de dia;
• Tente não beber líquidos enquanto come;
• Pratique atividade física;
• Não fume;
• Evite mastigar chiclete, para não estimular a produção de suco gástrico sem necessidade.

Por outro lado, alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gordura hidrogenada e aditivos químicos, são gatilhos para o surgimento do problema. Além disso, é importante não exagerar na quantidade, comer apenas o necessário para atingir a saciedade.

Andressa Juliane da Silva Suaki, nutricionista da clínica AmorSaúde de Maringá (PR), especialista em nutrição clínica e alimentos funcionais, cita alguns alimentos e bebidas que podem ajudar no desconforto:

• Chá de camomila: a camomila é um anti-inflamatório natural que ameniza o enjoo e as dores na região do estômago;
• Chá de espinheira santa: atua como reguladora das funções estomacais e promove a proteção da mucosa gástrica;
• Abacaxi: essa fruta possui uma enzima chamada de bromelina, que ajuda a melhorar a digestão de proteínas e gorduras, além de auxiliar na regulação do intestino e, consequentemente, da digestão;
• Maçã, pera, banana: são frutas de pH básico que aliviam a queimação e contribuem para o bom funcionamento intestinal. A maçã também possui substâncias cicatrizantes que ajudam na recomposição da mucosa gástrica;
• Beterraba e cenoura: assim como algumas frutas, esses alimentos ajudam a regular o trânsito intestinal. A beterraba, por exemplo, possui betaína, um poderoso antioxidante capaz de regular a acidez estomacal;
• Gengibre: contribui para a melhora da sensação de enjoo e favorece uma boa digestão;
• Manjericão e alecrim frescos: temperos calmantes.

Em casos recorrentes de azia, procure um médico para investigar as causas e iniciar o tratamento mais adequado para sanar o problema.

Fontes: Aline Dias Gonçalves Ferraz, nutricionista da clínica AmorSaúde Limeira, pós-graduada em neurociência; Ana Karla Rodrigues dos Santos, nutricionista da AmorSaúde de Palmas (TO), rede de clínicas parceira do Cartão de TODOS, engenheira de alimentos, instrutora de alimentos no Senai, especialista em nutrição clínica funcional, controle de qualidade e gerenciamento da produção de alimentos; Andressa Juliane da Silva Suaki, nutricionista da clínica AmorSaúde de Maringá (PR); Flávia Campos Corgosinho, nutricionista, doutora em ciências e professora da FANUT-UFG (Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás); Gustavo Patury, cirurgião do aparelho digestivo dos hospitais São Luiz Itaim, Vila Nova Star e Albert Einstein.