O que faz diferença para sobreviver perdido na selva, floresta ou deserto?

O ser humano tem um instinto de sobrevivência aguçado, mas algumas situações podem nos levar ao limite. O Discovery lançou em abril um novo reality de aventura chamado "Sobrevivência Extrema". Nele, dois especialistas vão tentar superar situações de risco que aconteceram em acidentes reais.

"Nosso corpo tem muita capacidade. Mesmo debilitados, conseguimos demonstrar uma desenvoltura absurda", disse Luciano Tigre, piloto e especialista em sobrevivência. Ele é um dos apresentadores do novo reality e também já participou do programa "Desafio em Dose Dupla Brasil".

Taís Teixeira, fisioterapeuta e profissional de educação física, que passou 21 dias no "Largados & Pelados Brasil", também estará à frente do novo reality. Ela acredita que todos conseguimos sobreviver em situações extremas.

"Já vimos vários casos em que esse instinto de viver brota. Estarei lá para mostrar o lado feminino e mostrar que conseguimos fazer tudo, mesmo em uma área dominada pelos homens", disse a VivaBem.

Mas enquanto na televisão a gente se diverte com produções para o entretenimento, fica aquela dúvida: quanto somos capazes de aguentar esses desafios na vida real?

Força mental é diferencial

Mesmo quem sabe o que está fazendo perdido em uma selva admite: a força mental faz a diferença na hora em que os problemas apertam.

"Você precisa trabalhar o controle e entender que não vai ser fácil. Vai passar fome, frio, ficar cansada... Sua cabeça precisa saber que vai enfrentar um desafio", diz Teixeira. Para ela, por exemplo, estudar sobre os efeitos da fome no corpo ajudou em seus dias de "Largados & Pelados".

Para Tigre, o equilíbrio psicológico é uma fonte de determinação nos momentos difíceis. "Quando o corpo não aguenta é a moral que sustenta o psicológico. O ser humano busca força naquilo que é mais importante para ele, a família, o amor que sente por alguém. Isso que calibra a mente", diz.

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Mas e se o desespero bater? É só respirar, segundo Teixeira. "Focava muito na respiração quando estava chorando de medo ou nervoso. Isso, além de acalmar, oxigena o cérebro e nos ajuda a traçar planos", ensina a fisioterapeuta.

Já para Tigre, o truque é focar no micro e não no macro. "Um detalhe pequeno pode resolver uma grande situação. Histórias de sobrevivência que escutamos provam isso. A pessoa precisou focar no pouco que tinha em mãos para resolver um problema mais dificil", diz.

Sem comida, sim. Sem água, não

Karina Oliani, médica especializada em medicina de áreas remotas e expedições, explica que nosso corpo pode sobreviver mais de 20 dias sem comida. Mas sem água, dois dias já colocam nossa vida em risco.

"Sem comida, o corpo queima primeiro o glicogênio muscular, que é o estoque de energia. Isso acaba muito rápido. Depois passa a buscar outras fontes: gordura, tecido muscular e proteínas. É como se estivéssemos nos digerindo", explica Oliani.

Segundo Tigre, o corpo humano foi feito para passar fome. "Largados & Pelados ter 21 dias de duração não é por acaso. Nosso corpo está preparado, em sua fisiologia, para ficar esse período sem comer", diz. Segundo ele, mesmo que seja na força, seu corpo vai acessar essa reserva de energia quando não tiver comida à sua disposição.

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Já água, não temos escolha: aguentamos pouco tempo sem ela. "Nosso corpo é basicamente feito de água. Sem beber nada, ele tira líquido das células até deixar o corpo em estado crítico, o que pode nos levar a uma falência renal", diz Oliani.

O tempo que aguentamos vai depender do ambiente. É um deserto? A desidratação vem mais rápido do que em uma floresta tropical e úmida. "O certo é bebermos água antes de sentirmos sede, pois isso já é um alerta de que o corpo está desidratado", reforça a médica especialista.

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