Mulher na perimenopausa tem maior risco de depressão e ansiedade
Se você passou dos 40, 45 anos e anda se sentindo mais ansiosa, com menos energia, depressiva, não se reconhecendo ou achando a vida meio "blé" como um todo, saiba que você não está sozinha, nem perdendo a cabeça, e pode ser culpa dos seus hormônios. Esses podem ser sintomas reais provocados pela queda hormonal que acontece na perimenopausa (o período que pode durar até dez anos antes de a menstruação cessar de vez).
Embora seja uma transição natural, a menopausa pode apresentar desafios significativos, particularmente em relação à saúde mental. Um novo estudo, realizado por especialistas da University College London (UCL) e publicado no Journal of Affective Disorders, destaca um aumento preocupante no risco de depressão entre mulheres na perimenopausa.
Aumento do risco de depressão
A pesquisa revelou que mulheres na perimenopausa têm um risco 40% maior de experimentar depressão em comparação com aquelas que ainda não entraram nesta fase. A perimenopausa, que geralmente ocorre entre os 45 e 52 anos, é um período que foi identificado como o momento em que as mulheres enfrentam as maiores taxas de depressão.
Apesar de muita gente achar que a menopausa afeta principalmente o sistema reprodutivo, seu impacto no cérebro é o que mais afeta as mulheres. A progesterona, por exemplo, se conecta aos receptores de Gaba, um neurotransmissor, ou seja, um mensageiro químico que transmite informações de um neurônio para outro, regulando o sistema nervoso, trazendo um efeito ansiolítico, diminuindo da ansiedade e a tensão, pois apresentam efeito calmante.
"Quando esses receptores não estão recebendo o hormônio, eles acabam perdendo o uso, e isso já pode fazer a mulher se sentir mais ansiosa", diz Maria Klien, psicóloga especialista em neuropsicologia, ansiedade e medo.
Sintomas mentais e físicos da perimenopausa
Segundo a especialista, durante a perimenopausa, as mulheres podem experimentar uma variedade de sintomas de saúde mental, incluindo:
- Humor deprimido
- Ansiedade
- Oscilações de humor
- Baixa autoestima
- Problemas de memória e concentração
- Causas biológicas e impacto hormonal
Os pesquisadores sugerem que a queda nos níveis de estrogênio durante a menopausa pode ser um fator chave para o aumento dos sintomas depressivos. O estrogênio influencia o metabolismo de neurotransmissores como dopamina, norepinefrina, endorfina e serotonina, todos envolvidos na regulação dos estados emocionais. A diminuição desse hormônio pode, portanto, desencadear novos sintomas depressivos ou agravar os já existentes.
"Eu costumo dizer que o corpo está se preparando para desacelerar, biologicamente esse é o processo. Mas antes as mulheres viviam pouco depois da menopausa, e hoje aos 50 nós mulheres estamos acelerando. É como se o corpo não estivesse acompanhando esse momento", diz a psicóloga.
Importância do suporte e da triagem
Dada a vulnerabilidade aumentada das mulheres na perimenopausa a problemas de saúde mental, é crucial que sejam implementadas estratégias de suporte e triagem eficazes. O estudo sublinha a necessidade de uma abordagem proativa para identificar e tratar sintomas depressivos durante esta fase.
Desafios adicionais
Além das mudanças hormonais, fatores como histórico prévio de depressão e responsabilidades adicionais, como cuidar de pais idosos e filhos, podem aumentar a vulnerabilidade das mulheres a problemas de saúde mental durante a menopausa.
Pausa para se cuidar
Maria Klien diz que, num mundo ideal, as mulheres deveriam se preparar para essa fase antes mesmo de ela chegar. Mas sabemos quem nem sempre isso vai acontecer na prática, afinal as mulheres até pouco tempo atrás sequer falavam sobre a menopausa. A especialista recomenda um cuidado integral, com pilares importantes de cuidado que podem impactar diretamente na saúde mental nessa época.
A perimenopausa é um período crítico para a saúde mental das mulheres. Compreender os riscos e os sintomas associados pode ajudar a promover um melhor suporte e tratamento, garantindo que as mulheres atravessem a fase com a maior qualidade de vida possível. A conscientização e a preparação são essenciais para enfrentar os desafios emocionais e físicos da menopausa, proporcionando às mulheres o apoio necessário para manter seu bem-estar mental.
Autoconhecimento: "nesses momentos estreitos que a vida nos apresenta, é importante ter essa ferramenta", diz Maria. Ela sugere terapia e meditação, por exemplo.
Atividade física e alimentação saudável: sim, a nossa dieta e o quanto a gente se move afetam o nosso cérebro, tanto os neurotransmissores quanto os hormônios. Não subestime os benefícios que eles trazem. Às vezes é difícil ter forças para fazer exercício e comer saudável quando a gente está se sentindo ansioso ou deprimido, mas enxergue isso como medicamento para ajudar a melhorar.
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