Novo estudo conclui que reposição hormonal pode ser segura após os 65 anos
Uma dúvida comum para mulheres na menopausa que fazem terapia de reposição hormonal (TRH) é: quando é hora de parar?
Um estudo que acaba de ser publicado na revista Menopause traz uma luz sobre isso ao concluir que o tratamento é uma boa opção para a maioria das mulheres com mais de 65 anos, apesar dos medos arraigados sobre a segurança que ainda cercam a reposição hormonal.
O estudo, feito por Seo H. Baik, PhD, do Centro Nacional de Comunicações Biomédicas Lister Hill (EUA) e colegas, baseou-se nos registros de saúde de 10 milhões de mulheres idosas no Medicare (sistema de saúde público dos EUA) de 2007 a 2020. A pesquisa conclui que existem importantes benefícios para a saúde com a TRH além dos 65 anos, e os efeitos do uso da reposição após os 65 anos variam de acordo com o tipo de terapia, via de administração e dose.
De acordo com o trabalho científico, em comparação com nunca usar ou interromper o uso de TH antes dos 65 anos, o uso de apenas estrogênio além dos 65 anos foi associado às seguintes reduções significativas de risco: mortalidade (19%); câncer de mama (16%); câncer de pulmão (13%); câncer colorretal (12%); insuficiência cardíaca congestiva (5%); tromboembolismo venoso (5%); fibrilação atrial (4%); infarto agudo do miocárdio (11%); e demência (2%).
Os autores também descobriram que o uso de estrogênio e progestina estava associado a reduções significativas de risco em câncer de endométrio (45%); câncer de ovário (21%); doença cardíaca isquêmica (5%); insuficiência cardíaca congestiva (5%); e tromboembolismo venoso (5%).
No entanto, o estrogênio mais progesterona foi relacionado apenas à redução de risco em insuficiência cardíaca congestiva (4%).
Polêmica sobre reposição x ciência
A "polêmica" em torno da reposição hormonal começou há mais de 20 anos, quando o Women's Health Initiative, um estudo realizado nos EUA e desenhado com metodologia hoje considerada imprecisa, avaliou mais de 160 mil americanas em menopausa.
Essa pesquisa apontou que a reposição provocava um aumento pequeno do risco de câncer de mama e de doenças cardiovasculares.
Segundo os autores, no caso do câncer de mama, esse aumento era "muito pequeno": menos de 0,1% ao ano. Mas a divulgação desse estudo, hoje ultrapassado, causou pânico e desinformação sobre a reposição hormonal, que duram até hoje entre mulheres, mas também entre médicos.
"Esses resultados (da nova pesquisa) devem fornecer uma tranquilidade adicional às mulheres sobre a terapia hormonal", disse Lisa C, Larkin, MD, presidente da Sociedade da Menopausa, em entrevista à revista Menopause, referindo-se aos achados da nova pesquisa.
"Esses dados são amplamente consistentes com os dados da WHI conforme os entendemos hoje —que, para a maioria das mulheres com sintomas de transição pela menopausa, a terapia hormonal é o tratamento mais eficaz e tem benefícios que superam os riscos."
Pode haver algumas exceções, observou ela, especialmente em mulheres mais velhas com alto risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. Entre essas mulheres, explicou ela, os riscos da TH podem superar os benefícios e pode ser mais prudente interromper a terapia hormonal. "Nessas mulheres mais velhas com fatores de risco específicos, a discussão sobre continuar ou interromper a TH é sutil e complexa e deve envolver a tomada de decisão compartilhada", disse ela.
Risco elevado de câncer de mama pode ser mitigado
Com uma terapia combinando estrogênio e progestógeno, tanto o estrogênio mais progestina quanto o estrogênio mais progesterona foram associados a um aumento de risco de 10% a 19% de câncer de mama, mas os autores afirmam que esse risco pode ser mitigado usando baixas doses de estrogênio mais progestina transdérmica ou vaginal.
"Em geral, as reduções de risco parecem ser maiores com doses baixas do que médias ou altas, administração vaginal ou transdérmica em vez de preparações orais, e com E2 (estradiol) em vez de estrogênio conjugado", escrevem os autores.
Mesmo com esses resultados, o uso de hormônios permanecerá controverso se não houver enormes esforços para educar mulheres e profissionais de saúde, disse a Dra. Larkin.
A terapia hormonal na menopausa em mulheres jovens de 50 anos com sintomas ainda é controversa —apesar de o grande corpo de evidências que apoiam a segurança e os benefícios na maioria das mulheres, disse ela.
"Nos últimos 25 anos, negligenciamos completamente a educação dos clínicos sobre a menopausa e os dados sobre a terapia hormonal. Como resultado, a maioria dos clínicos em prática não entende os dados e permanece muito negativa em relação aos hormônios mesmo em mulheres mais jovens. As décadas de falta de educação dos clínicos sobre a menopausa são uma das principais razões pelas quais muitas mulheres saudáveis de 50 anos com sintomas não estão recebendo o cuidado de que precisam na menopausa."
Portanto, procure um médico de confiança para avaliar seu caso individualmente. Saiba que o consenso entre as sociedades médicas internacionais é que os benefícios da reposição hormonal superam os riscos para as mulheres que não tem contraindicações. Mas ela deve ser feita com acompanhamento médico frequente e na dose mínima satisfatória para reduzir os sintomas.
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