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"Disseram que queria ir para o BBB", diz ex-ginasta após denunciar assédio

Angélica Kvieczynski - Reprodução / Instagram
Angélica Kvieczynski Imagem: Reprodução / Instagram

De Universa

20/12/2020 14h40

"Fui chamada de louca, sensacionalista e até mentirosa por contar minha história", escreveu Angélica Kvieczynski, ex-ginasta brasileira, após dar um depoimento emocionado ao 'Esporte Espetacular' sobre os assédios morais que sofreu enquanto atleta, neste domingo (20).

Na reportagem, Angélica relata que utilizava laxantes e tinha uma preocupação exagerada com o peso, uma vez que este aspecto da vida das atletas era rigorosamente fiscalizado. Ela relembrou que chegou a escutar que parecia uma "vaca gorda" e que teve pensamentos suicidas devido aos traumas do período. Participaram da reportagem mais quatro atletas da modalidade, que relataram experiências pessoais, confirmando os abusos.

Após a veiculação da matéria, Angélica utilizou o Instagram para fazer um desabafo, afirmando que muitos desacreditaram da sua palavra. "Já me acusaram de estar querendo destruir a modalidade que tanto amo, que dei meu sangue, suor e a vida para trazer resultados, mesmo com todos os momentos difíceis", escreveu. Ela conquistou quatro medalhas, uma delas de prata, para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara.

"Inventaram que eu daria o meu depoimento para ir para o Big Brother. Já disseram que era apenas um caso isolado, que nada acontecia, quando na verdade todos sabem e tudo é empurrado para debaixo do tapete. Hoje eu chorei para que futuramente sua filha, irmã, conhecida ou ginasta não precise chorar".

A ex-ginasta afirmou ainda que muitas de suas colegas preferiram ser ouvidas de forma anônima, por medo de sofrer algum tipo de retaliação. "Não é um caso isolado e infelizmente não ficou só no passado. Agressões, assédios e humilhação jamais devem ser romantizados e servirem como desculpas para conquistas de resultados", opinou.

Por fim, Angélica, que hoje atua como técnica e pretende lançar uma fundação para ajudar jovens ginastas, disse que seguirá na área. "Com base na verdade e respeito, tratando minhas atletas com exigências de uma boa treinadora, mas com o amor e carinho de uma mãe. Pois eu acredito que é possível ter um ambiente mais prazeroso para as atletas e obter bons resultados", disse.