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Paulistão Feminino: ação lembra que a cada 8 minutos 1 mulher é estuprada

Gabi Nunes, jogadora do Corinthians feminino, está presente na grande final - Corinthians Futebol Feminino/Flickr
Gabi Nunes, jogadora do Corinthians feminino, está presente na grande final Imagem: Corinthians Futebol Feminino/Flickr

Ana Bardella

De Universa

20/12/2020 11h00

Em protesto ao alto número de estupros cometidos no Brasil, a Federação Paulista de Futebol preparou uma ação para a transmissão da decisão do Paulistão Feminino, transmitida via Facebook Watch, neste domingo (20), no duelo entre Ferroviária e Corinthians. A cada 8 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil, segundo dados do mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Por isso, ao longo de toda a partida final, a cada 8 minutos, o relógio será paralisado.

A transmissão traz ainda mais dados alarmantes sobre violência contra as mulheres na capital paulista, no Estado de São Paulo e no Brasil.

No canto superior direito da tela, a transmissão informa estatísticas de violência contra a mulher no Brasil - Reprodução / Facebook - Reprodução / Facebook
No canto superior direito da tela, a transmissão informa estatísticas de violência contra a mulher no Brasil
Imagem: Reprodução / Facebook

"O futebol tem um papel social extremamente importante. E nossa intenção é utilizar a final do campeonato mais tradicional do país, o Paulistão Feminino, para conscientizar sobre um problema que acontece todos os dias, a cada 8 minutos, e é tratado como se fosse trivial", diz Bernardo Itri, Vice-Presidente Executivo de Marketing e Comunicação da FPF.

As estatísticas exibidas na tela revelam outros dados, como o número de crianças e mulheres estupradas em unidades de saúde, de estupro de vulneráveis e de estupros cometidos em escolas, além de informar a faixa etária das vítimas.

2020 para as mulheres

Em 2020, durante a pandemia do Coronavírus, casos de violência contra mulher aumentaram 44,9% no Estado de São Paulo. Além das estatísticas, a transmissão era reforçar a importância do Ligue 180, que registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes.

"Não podemos aceitar a violência contra a mulher sem fazer nada. Nesse sentido, divulgar os números e principalmente incentivar as mulheres a denunciarem os agressores fazem parte desse processo", completa Itri.

Em 2019, final chamou atenção para desigualdade salarial

Na final do Paulistão Feminino do ano passado, a transmissão da FPF TV promoveu a ação Placar pela Mudança, em que o placar na tela era alterado para mostrar a diferença salarial entre homens e mulheres.

O salário médio da mulher brasileira é 20% inferior ao dos homens, segundo o IBGE. Por isso, a cada gol marcado, o placar na tela exibia 0,8 em vez de 1, para evidenciar essa diferença.


Veja as estatísticas trazidas pela transmissão:

  • A cada 13 dias, uma criança ou mulher é estuprada dentro de unidades de saúde em São Paulo.

  • O Estado de São Paulo registra um estupro de vulnerável por hora.

  • São Paulo registra ao menos um caso de estupro, ou tentativa de estupro, dentro de escolas todos os dias.

  • Em 84% dos estupros registrados no Brasil, a vítima conhecia o agressor.

  • 58% das vítimas de estupro no Brasil têm até 13 anos de idade.

  • Casos de abuso sexual cresceram 12% em São Paulo em 2019 em relação a 2018.

  • A cada 2 minutos, uma mulher sofre violência doméstica física no Brasil.

  • 74,8% das denúncias de violência doméstica foram contra atuais ou antigos parceiros.

  • Em 2019, morreram mais de 3 mulheres por dia vítimas de feminicídio.

  • Quase 60% dos feminicídio registrados no Brasil ano passado aconteceram dentro de casa.

  • No ano passado, o país registrou 22 casos de importunação sexual por dia.
  • Durante a pandemia, casos de violência de contra mulher aumentaram 44,9% no Estado de São Paulo.