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Justiça manda Facebook tirar post em que homem culpa a ex antes de matá-la

Camilla Barros foi morta pelo ex no dia 3 de janeiro - Reprodução/Facebook
Camilla Barros foi morta pelo ex no dia 3 de janeiro Imagem: Reprodução/Facebook

De Universa

16/01/2020 18h47

A Justiça decidiu, nesta quarta-feira (15), que o Facebook retire do ar um post de autoria de Luis Pereira, 40, em que dizia que a ex-namorada, Camilla Rodrigues Barros, 29, teria se aproveitado dele enquanto se relacionaram por dois anos e, por começar a ignorá-lo, merecia morrer.

A mensagem foi publicada pelo agressor momentos antes de assassinar Camilla. Ele a matou a tiros, no dia 3 de janeiro, em Campinas (SP), e depois se suicidou.

Na postagem, ele conta sobre o momento em que os dois se conheceram, como ele a ajudou financeiramente, pagando dívidas e faculdade, e como ela se afastou ao começar a se relacionar com outro homem. "Em dois anos arrumei a vida dela. Em dois anos ela f* com a minha. Em 30 segundos eu acabo com as duas", escreveu.

A alegação da família ao exigir a retirada do post é de que, além de sofrerem pela morte de Camilla, ainda tinham que conviver com uma mensagem que vinha sendo compartilhada nas redes sociais difamando a mulher e colocando nela a culpa por ter sido assassinada.

Na decisão, a juíza Vanessa Miranda Tavares de Lima, da 4ª Vara Cível de Campinas, deferiu o pedido e afirmou que a postagem do agressor não se configura como mera liberdade de expressão. "A imagem e o texto que segue demonstram uma clara ofensa à imagem da falecida", afirma. O Facebook tem até sexta-feira (17) para retirar a postagem do ar.

"Demais disso, mostra-se inegável o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ante a manutenção da postagem na rede social Facebook, considerando os incontestáveis dissabores que tais atos representam."

Advogada do caso, Maíra Recchia considera essa uma decisão importante, pois abre o precedente de privilegiar a figura da vítima. "A Justiça decidiu por preservar a honra da vítima e, além disso, diminuir o sofrimento da família e conscientizar de que esses delitos de ódio não podem ter guarida em nenhum espaço, nem o da internet, que parece ser terra sem lei, mas não é", afirma.

"É surreal que a gente ainda precise acionar o judiciário para que ele se posicione sobre conteúdos ofensivos e difamatórios contra a mulher que sofreu o feminicídio. Mas a decisão é uma vitória."