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Deu Match!?

O mundo dos apps está ficando pequeno: elas têm repetindo matches de amigas

Match "dividido": quando elas encontram o mesmo cara nos apps - ferrantraite/iStock
Match 'dividido': quando elas encontram o mesmo cara nos apps Imagem: ferrantraite/iStock

De Universa

19/10/2019 04h00

Matches se repetem entre amigas que usam aplicativos de relacionamento: a coincidência já livrou algumas de roubadas e proporcionou sexo bom a outras. Quatro usuárias contam que o mundo dos aplicativos está ficando pequeno demais.

A amiga que salvou do homem casado

"No começo do ano, eu dei match com um cara do Happn que parecia bem interessante: bonito, bom papo, gostos parecidos com o meu, idade próxima, parecia que valia a pena investir. A gente se falou praticamente todos os dias por quase um mês antes de marcar o primeiro date: um show no fim de semana.

Geralmente, passo um mês conversando com os caras para decidir se vale o encontro pessoalmente. Eu já estava ficando bem interessada e ansiosa para encontrá-lo. Dois dias antes do date, fui jantar com uma amiga e começamos a falar sobre nossas aventuras nos aplicativos de relacionamento e as histórias com os matches.

Contei do homem com quem eu sairia no sábado e mostrei a foto dele. Ela ficou muda por alguns minutos, fez uma cara de espanto que não tinha como disfarçar e me perguntou se eu já tinha saído com ele alguma vez. Eu disse que não, que seria a primeira vez, já sacando que tinha algo errado. Perguntei se ela conhecia, e a resposta foi que sim. E que ele era casado!

Como ela descobriu? No Happn também...Meses antes, eles deram match, começaram a falar, e combinaram de ir a um show, só que ela foi mais esperta e resolveu dar uma investigada no cara antes. Ao stalkear as redes sociais, descobriu que ele era casado.

Obviamente desisti de sair com ele. No dia, ele me procurou perguntando se a gente ia se encontrar, e eu falei que não, sem dar maiores satisfações. Não valia a fadiga ter DR. Ele também não pareceu se importar, nem retrucou. E foi assim que o match da minha amiga me salvou de uma roubada gigantesca!".

Márcia, 40, advogada, São Paulo

Monólogo de um boy lixo repetido

Match no celular - oatawa/iStock - oatawa/iStock
Encontrar mesmos pretendentes também tem vantagens: amigas podem tirar de cilada
Imagem: oatawa/iStock

"Era uma terça-feira chuvosa, o mundo estava desabando, mas mesmo assim resolvi não desmarcar um date com um cara que tinha conhecido no Tinder. Estávamos conversando há algumas semanas, ele parecia bem gato nas fotos, achei que valia o esforço. Combinamos de nos encontrar em um bar na Vila Madalena, bairro de barzinhos em São Paulo.

Quando cheguei, ele já estava sentado bebendo e nem levantou para me cumprimentar. Já achei aquilo bem estranho, mas mesmo assim sentei e começamos a conversar. Quer dizer, ele começou um monólogo. Foi pouco mais de uma hora dele falando sobre ele.

O quanto ele era um advogado sensacional, quantas viagens ele já tinha feito, e a opinião dele sobre coisas nas quais eu não tinha o menor interesse. O cara não perguntou nada sobre a minha vida em nenhum momento! Não pensei duas vezes: chamei o garçom e pedi a conta. Ele me olhou com cara de interrogação e perguntou o que tinha acontecido, e disse que eu nem tinha falado nada, que eu era estranha.

Fiquei mais p* da vida ainda, e respondi que não tinha falado nada porque ele só falava dele e não fez nenhuma pergunta sobre mim. Daí ele disse que eu era fechada. Eu respondi: 'Não, eu só não estou a fim de você, tchau'.

Quando voltei para casa, minha colega de apartamento estava com uma amiga em casa e sentei para conversar com elas. Comecei a contar do meu date frustrado, falei o quanto o cara era mala e egocêntrico, e como eu desperdicei uma ótima chance de ficar dormindo em vez de encontrá-lo.

Falei isso dando nome e sobrenome do sujeito. A amiga da minha amiga ficou pálida na hora e pediu para eu mostrar uma foto do cara. Mostrei. Era um cara com quem ela tinha dado match há mais ou menos um ano e por quem havia se apaixonado loucamente. Acontece que o cara foi um boy lixo total (o que não me surpreendeu...), mas ela continuava apaixonada (apesar de dizer que não).

Ela me pediu para mandar uma mensagem para ele dizendo que ela estava comigo. Fiquei muito sem jeito mas, devido à insistência, fiz o que ela pediu. A resposta dele foi: 'Nossa prosa termina aqui'. E me bloqueou. Ainda bem que o acaso reforçou a minha percepção de que realmente aquele cara boa coisa não era."

Cecília, 33, dentista, São Paulo

Te conheço de outros Carnavais...

"No mês passado, eu estava em uma festa na casa de uma amiga. Já estava 'muito louca' e comecei a olhar o Happn. Dei match com um cara muito gato, que me parecia familiar, mas na conversa não consegui identificar se realmente o conhecia. Não deu nem uma hora de papo (quente!) e ele foi me encontrar na festa.

Eu já tinha bebido um pouco além da conta, e a gente começou a se pegar ali mesmo, no meio da festa. Nem o apresentei para ninguém e, depois de um tempo, fomos embora para a casa dele. No dia seguinte tomamos café da manhã e conversamos melhor.

Ele começou a contar que estava desempregado há um tempo, e aquela história não me soou estranha. Mas não lembrava onde tinha ouvido. Fiquei o tempo todo encucada com isso. Em algum momento, a conversa mudou totalmente e começamos a falar de carnaval.

Ele contou de um bloco bem pequeno e pouco conhecido que ele foi com uns amigos, e eu lembrei que também estava lá com umas amigas, e tive um estalo. Achei que já sabia de onde eu o conhecia. Só perguntei para checar: "Você conhece a Tânia, que mora em Jundiaí?".

Sim, era ele mesmo...O cara que a minha amiga tinha ficado no carnaval, também por meio de um aplicativo de relacionamento. E eu estava junto! Não lembrava muito bem da cara dele, porque já fazia muito tempo, e no carnaval ninguém está sóbrio o suficiente pra lembrar muita coisa depois...

E minha amiga não se referia a ele pelo nome, mas por um apelido. Eles continuaram se falando depois do carnaval, se encontraram algumas vezes, ela ficou meio apaixonada, mas a situação profissional dele a fez desistir.

Depois disso, nem ele nem eu quisemos levar a coisa adiante. Eu contei para a minha amiga que tinha ficado com ele anteriormente. Ela levou numa boa.

Eis que entrei no Inner Circle e dei match com outro cara que minha mesma amiga (que nem é de São Paulo, onde eu encontrei o pretendente) também deu match. Só descobri porque adicionei o crush no Instagram e descobrimos o perfil da amiga em comum. Por fim, avisei minha amiga e parei de falar com ele. Esse mundo dos aplicativos está ficando pequeno demais!".

Paula, 36, empresária, Rio de Janeiro

Amiga indicou crush excêntrico na cama

"Entrei nos aplicativos de relacionamento no ano passado, com o objetivo bem claro de transar. Eu tinha me separado há pouco tempo, não estava a fim de entrar em um relacionamento tão cedo, mas queria sexo.

Sou muito sexual e não acho que isso está ligado a amor. Sou bem aberta sexualmente, curto transar a três, com homens, mulheres, enfim, não sou muito, digamos, convencional, na cama.

Sabendo disso, uma amiga me contou que tinha saído com um cara que havia conhecido recentemente no Happn, que era legal, bonito, transava bem, mas era muito excêntrico pro gosto dela, mas que achava que eu iria gostar.

E me deu a ficha completa do sujeito, para caso a gente se esbarrasse com ele nos aplicativos. Nos esbarramos...Algumas semanas depois ele apareceu para mim e demos match na hora!

Contei que já sabia da fama dele por uma amiga e que tinha gostado do que ouvi: objetivo alcançado com sucesso. Saímos algumas vezes para transar e fizemos excentricidades, mas com o tempo fomos parando de nos falar.

Só reativei o contatinho recentemente, pois agora estou em um relacionamento que minhas amigas também chamam de excêntrico, e estamos em busca de um segundo para um ménage. Ele já topou!

Renata, 39, publicitária, São Paulo

*Os nomes das entrevistadas foram preservados por questão de privacidade.

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