Saiba até que ponto a luz dos smartphones e tablets pode afetar a sua pele
Nos dias de hoje, em que as pessoas passam grande parte do tempo em frente ao computador ou manuseando aparelhos como tablets e smartphones, uma dúvida fica no ar: a luz emitida por essas máquinas, por um período prolongado, representa algum risco para a pele?
A resposta é não. Mas essa incerteza, que já se tornou uma crença para muita gente, tem fundamento. “Esses aparelhos irradiam infravermelho --faixa de radiação do espectro eletromagnético que tem uma penetração maior na pele, isto é, até a hipoderme, camada mais profunda”, explica a dermatologista Márcia Purceli, da equipe clínica do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“Mas as pesquisas mostram que a quantidade de radiação desses aparelhos é pequena, portanto insuficiente para causar danos à cútis. Ainda não há comprovação científica que defina qual o nível do dano celular que esses eletrônicos efetivamente podem provocar”, resume a médica.
O físico Carlos Lenz Cesar, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica por quê: “Nos monitores de computador, tablets, smartphones, iluminados com LEDs e OLEDs, não há infravermelho, logo não podem causar problemas cutâneos por causa dessa radiação”, esclarece.
Que a luz tem efeito sobre a pele é indiscutível, mas segundo Lenz, o importante é saber quanto. “Só os valores numéricos podem apontar se é algo preocupante ou não. Para se ter uma ideia, os eletrônicos são carregados com bateria e, por isso, só usam iluminação de potência bem baixa --caso contrário, descarregariam a bateria muito rápido. Potência baixa significa quase nenhum efeito danoso na pele”, explica o professor.
E as lâmpadas, representam riscos?
As lâmpadas dos escritórios, dos bancos e empresas também levantam a dúvida sobre os riscos para a pele. “Como estamos expostos muito tempo às lâmpadas de iluminação dos ambientes seja no trabalho, em casa ou em estabelecimentos comerciais, esse contato quase que permanente, em longo prazo, favorece o escurecimento e o aspecto opaco da pele, assim como uma sensibilidade cutânea maior para quem já tem algum problema como os portadores de lúpus, só para citar um dos casos”, destaca o dermatologista Emerson de Andrade Lima, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Sim, o risco existe, mas depende de algumas variáveis como o tipo de luz, se emite radiação infrevermelho ou não, se é quente, se é fria, se aquece e aumenta a temperatura quando em contato com o corpo. “O infravermelho, por exemplo, afeta diretamente a matriz metaloproteinase, enzima que destrói o colágeno, levando ao fotoenvelhecimento precoce”, conta Márcia Purceli.
“Não há emissão de infravermelho nas lâmpadas fluorescentes (frias) e nem nos LEDs. As lâmpadas para iluminação que mais emitem infravermelho são as de filamento, incandescentes, quentes, que serão proibidas em breve”, diz o físico Carlos Lenz Cesar.
O problema é a sensação térmica
O professor da Unicamp diz ainda que um dos artigos que mais reúne informações sobre o efeito do infravermelho na pele humana, o “Effects of Infrared Radiation and Heat on Human Skin Aging in Vivo”, mostra que a ação danosa desse tipo de energia é indireta, o que significa que a absorção da luz se transforma em calor e é esse aumento da temperatura que gera os problemas cutâneos.
Em outras palavras: “Se a proximidade com a lâmpada não chegar ao ponto da pessoa sentir a pele queimando, o efeito do infravermelho é desprezível. Só para ilustrar, a potência das lâmpadas no infravermelho é quase 300 vezes menor do que a luz do sol”, compara Lenz.
“A luz das lâmpadas que provocam calor estimula os melanócitos (células que produzem o pigmento da pele). Essa é a maior preocupação dos dermatologistas porque a probabilidade de causar manchas é grande. Pacientes em tratamento de melasma, por exemplo, devem evitar se expor a fontes de calor, como o caso de ler perto de uma luminária que aquece”, destaca a médica Márcia Purceli.
Uma última conclusão mencionada em algumas pesquisas é que a energia térmica do infravermelho pode causar ainda danos oxidativos ao tecido cutâneo por causa de processos inflamatórios.
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