Há séculos as mulheres usam o pó extraído das folhas da planta Lawsonia inermis linné, que nós conhecemos como henna. O produto ainda tem fãs em todas as partes do mundo por ser livre de aditivos sintéticos tais como corantes, conservantes ou aromatizantes artificiais, e também de amônia, água oxigenada e metais pesados como o chumbo.
“A coloração química remove os pigmentos naturais do cabelo e deposita outros no lugar. Já a henna não abre a cutícula do fio para modificar a cor natural do cabelo, só deposita o pigmento”, explica o hairstylist Thiago Borba, do Spa Bella Donna, em Belo Horizonte. Por esse motivo, a coloração não danifica o cabelo como as tinturas comuns, mas também não possibilita mudanças drásticas de cor e nem clareia os fios. Com a henna, o efeito é cumulativo, ou seja, quanto mais se aplica, mais viva a cor fica.
Atualmente, as marcas que comercializam essas tinturas oferecem várias opções de cores, mas a henna original é a vermelha. Em cabelos levemente grisalhos, ela não garante cobertura total dos brancos, mas proporciona um tom acobreado . “Quando usado por mulheres com fios brancos distribuídos pela cabeça, o efeito da henna é o mesmo de um reflexo”, diz a terapeuta capilar Neide Pereirah, do salão Single Hair & Beauty, do Rio de Janeiro. O produto só não é recomendado para quem tem uma grande quantidade de fios brancos concentrados em uma mesma região. Nesse caso, o cabelo pode ficar com um vermelho muito intenso no local e acaba destoando do restante dos fios.
Os dois lados da planta
Apesar de os fabricantes garantirem que a henna nutre os fios, os profissionais de cabelo são unânimes em discordar. “A henna dá um brilho mais intenso se comparado ao de uma coloração comum. Mas não dá para falar que ela vale por um tratamento”, garante o cabeleireiro Cristhofer Glöe, do Homa Elite Salon, em São Paulo. Mesmo sendo um produto natural, o pó pode danificar o cabelo quando usado em excesso. “Por causa do efeito cumulativo, em longo prazo fica muito difícil remover o produto dos fios”, declara Glöe.
Dependendo da marca, a henna também pode apresentar incompatibilidade com outros tratamentos químicos. A Weleda, por exemplo, não recomenda o uso em cabelos que já possuem tintura ou que passaram por outros processos químicos. A Surya do Brasil não impõe restrições e garante que seus produtos podem ser usados “antes ou após, sem intervalo de tempo, entre químicas e colorações”. Por isso, é preciso ler cuidadosamente o rótulo do produto antes de escolher qual utilizará.
No entanto, é senso comum que, por agir na superfície, o produto deixa o cabelo mais encorpado, o que faz da henna uma boa opção para quem deseja mudar a espessura dos fios finos. “A aplicação deixa os fios mais grossos e pesados. Em alguns casos, também dá impressão de que o cabelo ficou mais liso, mesmo a henna não tendo propriedades alisantes”, diz o cabeleireiro.
Modo de usar
Com um pouco de paciência, é possível fazer a aplicação da henna em casa. O mais importante é seguir as instruções que constam na embalagem do produto. Normalmente, basta dissolver o pó em água morna até formar uma pasta cremosa e homogênea. Depois, com a pele devidamente protegida, para evitar manchas, deve-se aplicar a mistura da raiz até as pontas, tomando o cuidado de espalhar com o auxílio de um pente, para garantir uma cor uniforme. Facilita se o cabelo for divido em mechas durante o processo. Em geral, o produto precisa agir por cerca de uma hora.
A duração da cor é de cerca de um mês, dependendo da frequência de lavagem. “O xampu adstringente retira a henna mais rapidamente. Assim, para prolongar a fixação da cor o melhor é optar por um xampu hidratante”, orienta Glöe.
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