Pesquisa aponta que cirurgia plástica tem resultados limitados
Pacientes que passaram por cirurgia plástica facial frequentemente presumem que depois terão aparência mais jovem e mais atraente. Mas um novo estudo, o primeiro a tentar quantificar a atratividade após um lifting facial, lifting frontal ou uma cirurgia nas pálpebras, sugere apenas um aumento minúsculo na atratividade.
O estudo, publicado online na revista "JAMA Facial Plastic Surgery" na última semana, também apontou que os pacientes parecem, em média, apenas três anos mais jovens, segundo julgamento de espectadores independentes que tiveram acesso a fotos. Os resultados dificilmente proporcionarão muito conforto aos mais de 120 mil homens e mulheres americanos que realizaram um lifting facial no ano passado, um procedimento que os esforços de marketing argumentam poder retroceder o relógio em uma década.
O dr. A. Joshua Zimm, o principal autor do estudo e um cirurgião plástico facial do Lenox Hill Hospital em Manhattan, disse: "Eu não quero que as pessoas pensem, 'Oh, se seu fizer um lifting facial, eu vou parecer apenas três anos mais jovem'. Este estudo inclui pessoas que acabaram de fazer uma plástica nas pálpebras ou um lifting frontal."
Para o estudo, 50 avaliadores olharam para pastas distribuídas aleatoriamente contendo fotos de 49 pacientes, com idades entre 42 e 73 anos, que se submeteram a procedimentos cosméticos com o dr. Peter A. Adamson, um cirurgião em Toronto. Nenhum dos avaliadores viu fotos tanto de antes quanto após a operação da mesma pessoa, caso contrário eles deduziriam a meta do estudo. E na sequência seis meses depois, os pacientes foram excluídos quando realizaram rinoplastia, injeções de Botox ou enchimentos cutâneos. Antes da cirurgia, os avaliadores estimaram as idades dos pacientes em cerca de 2,1 anos mais jovens, em média, do que sua idade cronológica. Após a cirurgia, a média foi de 5,2 anos mais jovem, uma diferença geral de 3,1 anos, com mudanças mínimas na atratividade. Um estudo de 2012 envolvendo os pacientes de Adamson apontou, em média, uma redução de sete anos na idade percebida, mas este estudo utilizou critérios menos rigorosos.
Vários cirurgiões aplaudiram o rigor do estudo atual.
"É muito importante que um estudo esteja apresentando um resultado negativo", disse o dr. Eric Swanson, um cirurgião plástico em Leawood, Kansas, que não esteve envolvido no novo estudo.
Em 2011, ele conduziu o primeiro de apenas um punhado de estudos que buscava quantificar a mudança de idade aparente após uma cirurgia facial.
Zimm, o principal autor, disse ter ficado surpreso com o "resultado insignificante de atratividade". Ele disse que 60% dos avaliadores classificaram os pacientes entre 4 e 6 em uma escala de 1 a 10, com 10 sendo o mais formoso, de modo que não houve muita variação nas notas gerais de atratividade. Ele sugeriu que futura pesquisa "mostrará uma diferença na atratividade, se tivermos uma amostra maior e analisarmos apenas a atratividade".
A própria natureza do que consideramos "velho" hoje também exerceu um papel nos resultados, disse Nancy Etcoff, uma psicóloga da Escola de Medicina de Harvard e autora de "A Lei do Mais Belo: A Ciência da Beleza". Esse estudo analisou apenas os resultados cirúrgicos e não tratou de dermoabrasão para cuidar de manchas escuras ou injeções de gordura para adição de volume. Mas uma perda de "rechonchudez" no rosto significa velho, assim como rugas ou manchas de idade, ela disse.
"Eles estão olhando para um rosto que parece mais velho em certos aspectos e mais jovem em outros aspectos", disse Etcoff. "É difícil para os avaliadores –e confuso."
O dr. James M. Stuzin, um cirurgião de Miami que é especializado em lifting facial, disse que achou que os resultados apresentaram uma generalização limitadora.
"Muitos pacientes mostram uma melhor idade percebida e atratividade do que foi notado nesse estudo", ele disse. O estudo publicado não mostrou fotos e, sem elas, "nós não sabemos que técnica foi utilizada".
"Certamente, a técnica e o nível de habilidade do cirurgião afetam os resultados", acrescentou Stuzin.
O dr. Val Lambros, um cirurgião plástico em Newport Beach, Califórnia, aplaudiu o esforço de boa fé dos pesquisadores para quantificar a melhora na idade percebida e na atratividade após a cirurgia. "É notavelmente difícil realizar um estudo como esse", ele disse.
Mas ele alertou: "Atribuir números apresenta um potencial incrível de ser mal utilizado".
Imagine as propagandas concorrentes, disse Lambros, com um cirurgião dizendo: "Minha operação faz as pessoas parecerem 4,2 anos mais jovem" e outro se vangloriando: "A minha faz as pessoas parecerem bandeirantes".
Allan Imbraguglio, um especialista em tecnologia da informação de 55 anos em Washington, realizou cirurgia nas pálpebras em abril. Ele não tinha intenção de reduzir sua idade, ele disse.
"Eu apenas queria me sentir melhor comigo mesmo", ele disse.
Eliminar seu "aspecto cansado", acrescentou Imbraguglio, o ajuda a projetar a imagem de alguém "pronto para o trabalho de uma pessoa mais jovem".
Dito isso, ele não se queixou quando uma colega lhe disse que ele parecia ter 50 anos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.