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Luciana Bugni

Maria Zilda e Oscar Magrini insistem em viver num mundo machista que já era

Maria Zilda fez live com o amigo Oscar Magrini com festival de machismos - Reprodução/Instagram
Maria Zilda fez live com o amigo Oscar Magrini com festival de machismos Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

28/11/2020 04h00

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Maria Zilda e Oscar Magrini fizeram uma live há um mês e falaram bastante do passado, de costumes da Globo. O assunto só veio à tona na sexta (27), quando a mídia começou a divulgar o que eles comentaram sobre o famoso teste do sofá.

A teoria você conhece: quando um ator novato queria um papel na Globo, precisava ficar em uma salinha com o diretor. Dizem que nesse momento eram coagidos a fazer sexo: o que hoje chamamos de assédio sexual. Magrini e Maria Zilda descrevem o que acontecia nessas salas. Não parecem aprovar a prática, pelo contrário. Sabem que está errado.

Para a sorte das atrizes e atores iniciantes dos tempos atuais, os tempos mudaram. Felizmente, mudanças boas nos trouxeram para um tempo em que não tem lugar para assédio, machismo ou abuso de poder. Só vejo benefícios.

Os dois atores na live se contradizem, entretanto. Apesar de aparentemente não aprovarem o teste do sofá, eles prosseguem o papo defendendo José Mayer, que foi acusado de assédio na emissora, em 2017. E seguem cuspindo machismo na tela, repetindo máximas antigas como "chamar de gostosa é elogio", "olhar e cobiçar não é o mesmo que passar a mão na bunda", entre outros.

São raciocínios velhos, que mudaram graças a nossa evolução. Mulher não gosta dessas abordagens e hoje sabe que pode reclamar. Foi desse jeitinho que o movimento Me Too cresceu e no Brasil tomou proporções que culminaram na demissão de Zé Mayer. Justo.

Quando o assunto começa a ficar inflamado, vem a frase clássica de quem insiste em achar que o futuro devia ser do jeitinho que era antigamente: "Ai, o mundo está ficando chato". Deve ser chato mesmo para quem quer perpetuar abusos e desrespeitos antigos. Mas está bem mais legal para as vítimas que podem se sentir um pouco mais seguras com a possibilidade de denunciar e de serem ouvidas. Lógico, estamos longe do ideal, mas andamos um pouquinho.

Maria Zilda e Magrini não querem viver nos moldes atuais, eles preferem o mundo anterior em que machismo e violência caíam bem.

Eu não. Eu gosto dos tempos de hoje em que é sabido que assédio é crime e pode, no mínimo, render uma demissão. E que novos talentos despontam na TV com o discernimento de saber que buzinadas ou chamar de gostosa na rua não são coisas legais, muito menos elogio — como fez Maisa nessa semana.

Acho que chato mesmo é uma live arrastada, repleta de conceitos antigos de uma galera que insiste em viver num mundo que já acabou. Deus me livre, chato demais.

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