Luciana Bugni

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Opinião

Crise de Alane dói, mas aula de acolhimento de Tadeu aquece o coração

Eu não consigo ver uma mulher sentindo tanta dor com a derrota que chega a agredir o próprio rosto e cabeça e se arranhar. Não consigo porque me vejo nela. E dói. Quando Alane dá murros em si ao ter sua saída do Big Brother comunicada no programa, ela representa muitas mulheres (e homens também) que não conseguem ficar felizes com a própria versão de si.

Alane sou eu, na minha dificuldade em reconhecer o que sou e o que posso. E que isso basta. De me olhar com mais gentileza. A perna que Alane levanta até a cabeça é símbolo de querer ser o melhor possível, ir até o fim. E querer mais ainda mesmo quando chega lá — quem se reconhece?

Mas a bailarina sai da casa após um surto desses difíceis de digerir e é recebida por Tadeu Schmidt, paternal, em um abraço que conforta. Ela confessa que está envergonhada de si, ele rebate. Ela diz que não é boa o suficiente, ele acolhe: "Não fala mal da minha Alane". É bonito de ver o quanto o carinho pode ser mágico. O semblante da paraense vai mudando, ficando leve, embora ela ainda tente negar os elogios. Ele age de maneira mais enfática e garante saber do que está falando. Ela sossega, sorri, agradece.

Quantas vezes você esqueceu de que era bonita? Pode dizer: até hoje é meio difícil acreditar nisso. Mas há um momento em que encontramos algumas pessoas que se colocam a dizer verdades que nem sempre são óbvias. A gente é inteligente, bonita, esforçada. Mais que isso — ser exatamente do jeitinho que somos é o que nos leva além. E pode ser que o além seja um quarto lugar em um reality show. Nem só de pódio é feita a vida.

O desespero de Alane tem mil camadas — a geração Z cresceu comparando-se umas as outras. O mar mais azul, o trabalho mais legal, o drink mais colorido, o decote mais profundo. Nada basta quando a grama do vizinho é colorida pelo melhor filtro. A cobrança pode ser incapacitante quando a gente nem sabe até onde chega uma régua imaginária que nunca vimos. Como é que fecha essa conta?

A cena do BBB mostra que é difícil reconhecer a parte de si que é vitoriosa. E há uma vencedora dentro da gente em cada derrota, mesmo que às vezes seja só o destino nos mostrando por linhas tortas e difíceis de engolir que é possível pegar um atalho aqui outro ali. Eu desejo um abraço de Tadeu Schmidt para cada frustração que a gente acumula. Vai ver é bem isso que falta.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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