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Sonda da Nasa em Marte 'rebola' para tirar 'pedra no sapato'; entenda

Sondas Perseverance e Ingenuity, da Nasa, em Marte - NASA/JPL-Caltech/MSSS
Sondas Perseverance e Ingenuity, da Nasa, em Marte Imagem: NASA/JPL-Caltech/MSSS

Lucas Carvalho*

De Tilt, em São Paulo

27/01/2022 14h01

Após semanas tentando achar um jeito de tirar a "pedra no sapato" da sonda Perseverance, em Marte, os engenheiros da agência espacial norte-americana, a Nasa, anunciaram que o robô está finalmente livre dos detritos que atrapalhavam sua escavação. E para fazer isso, o robô teve que "rebolar".

"Quando você se depara com um desafio, às vezes é melhor recuar e chacoalhar para se livrar dele", anunciou o perfil oficial da Perseverance no Twitter.

Segundo a Nasa, a manobra escolhida para livrar o Perseverance dos detritos presos ao seu sistema de escavação foi a seguinte: a sonda teve de dar marcha à ré para ficar "calçada" sobre algumas rochas próximas, ficar inclinada com uma roda só, e depois dar um giro "de um pé só" com a parte de trás empinada.

"Em algum lugar nesse caminho, eu chacoalhei para fora as outras pedras no meu sistema de corte de amostras", disse a conta da Perseverance no Twitter. "De volta a tirar amostras de Marte em breve!"

Pedra no sapato

Especialistas da agência espacial americana vinham trabalhando desde o final de dezembro de 2021 para encontrar uma forma de remover alguns detritos presos ao robô que foram identificados durante a extração de uma amostra no planeta vermelho.

De acordo com a Nasa, durante a transferência do bit que continha a amostra para o carrossel de bits do rover (que faz o processamento e envia os dados para a agência), os sensores indicaram a anomalia.

O problema ocorreu durante o chamado "Coring Bit Dropoff", que é quando a broca, com o tubo que contém a amostra recém-coletada, é guiada para fora da broca percussiva (na extremidade do braço robótico) e para o carrossel de brocas (localizado no chassi do robô). Neste momento, o sensor registrou uma resistência maior que a esperada durante a operação.

Até decidir pela manobra, os engenheiros da Nasa tiveram que calcular milimetricamente cada possível movimento. Primeiro, tiveram que estudar detalhadamente imagens do solo por onde o Perseverance passa para, inicialmente, compreender os tipos de rocha por onda a sonda vai transitar e observar a possibilidade de mais alguns fragmentos se juntarem ao carrossel de bits no futuro.

Apesar do problema, o rover Perseverance continuou sendo capaz de seguir trabalhando na superfície do planeta. Mas como a máquina ainda é relativamente nova em Marte, a agência quis tratar os componentes da melhor forma possível para evitar problemas futuros.

Essa não foi a primeira anomalia encontrada pela Nasa durante a missão. A primeira tentativa de coleta de amostras do solo veio vazia, o que levou a agência espacial americana a testar métodos alternativos para começar a coleta de rochas.

Segundo a Nasa, o robô é equipado com 43 tubos de amostra, sete dos quais foram arquivados até agora. Acredita-se que, até o final da década de 2020, esses tubos sejam enviados de volta para Terra por meio de uma ambiciosa missão chamada Mars Sample Return.

*Com reportagem de Felipe Mendes