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Conheça o indie Retro Machina, um sonho adolescente que virou game premiado

Bruno Izidro

Do START, em São Paulo

20/05/2021 04h00

Quando Retro Machina foi eleito o melhor game brasileiro no BIG Festival 2021, do outro lado da tela o artista Rodrigo Pascoal agradecia, ainda sem acreditar, no prêmio que ele o estúdio paulista Orbit tinham acabado de ganhar.

"Até agora não tô acreditando muito não, e ainda acho que vai ser que nem La La Land na premiação do Oscar de 2017: vão chegar e falar que o prêmio está errado", falou ele depois em entrevista ao START.

O game, que está disponível para PC (Steam), PS4, Xbox One e Nintendo Switch, mostra a aventura de um robozinho em um mundo com bastante exploração e resolução de quebra-cabeças, mas nos bastidores, também é a realização de um sonho que começou quase 25 anos antes, quando uns adolescentes decidiram criar jogos.

Rodrigo Pascoal, o programador Valnei Costa e o game designer Elton Lopes se conhecem desde os tempos da escola, quando moravam em Rio Grande da Serra, uma pequena cidade com pouco mais de 50 mil habitantes no ABC paulista, interior de São Paulo.

Era lá que eles usavam os computadores da sala da informática para aprender e a criar os primeiros jogos "de forma bem amadora, não dá nem para chamar de jogo hoje em dia", diz Pascoal.

Mas a vida seguiu. Pascoal construiu uma carreira como ilustrador para livros infantis, enquanto Valnei e Elton se tornaram programadores web. Ainda assim, o desejo de trabalhar com jogos nunca foi embora.

Game Brasileiro Retro Machina - Reprodução/START - Reprodução/START
Retro Machina tem visão isométrica para valorizar ainda os cenários do game
Imagem: Reprodução/START

Foi só em 2016 que eles juntaram umas economias, pediram demissão dos empregos e montaram a Orbit Studios, passando por diversos perrengues que todo desenvolvedor já passou.

Depois de ganharem experiência criando e lançando dois games menores para mobile, eles sentiram que era a hora de algo mais ambicioso e autoral, assim começou o período de três anos de desenvolvimento de Retro Machina.

De volta para o Futuro

Game Brasileiro Retro Machina - Reprodução/START - Reprodução/START
Estética do game é de propagandas antigas da década de 1950
Imagem: Reprodução/START

Desde a época da escola os três se consideravam nerds, e gostavam muito de ficção científica em filmes, séries e livros. Valnei, por exemplo, é muito fã dos contos de Isaac Asimov.

Porém, ele diz que a principal influência do game veio de outro aspecto do sci-fi: o retrofuturismo, um movimento artístico que vê o futuro através de uma estética e uma visão do passado, das primeiras décadas do século 20.

A gente achou que seria muito legal criar um mundo de jogo dentro dessa temática e queríamos criar uma história de ficção científica com aquelas coisas exageradas que as pessoas pensavam de como seria o futuro nos anos 50
Valnei Costa, criador de Retro Machina

A influência do retrofuturismo está presente principalmente na parte artística de Retro Machina, que também é o aspecto que mais salta aos olhos. O game é um espetáculo visual.

Retro Machina: Ilustrações e artes conceituais

Para ajudar na arte, a equipe chamou o quarto elemento que fez parte do desenvolvimento central do game, o ilustrador Diocir Junior, que cuidou das artes conceituais de inimigos e das cenas que contam a história. Todas pintadas a mão, o que não é muito comum em jogos.

Bioshock + Transistor

Ao jogar Retro Machina é possível notar diversas outras inspirações, entre elas Bioshock, não só pelo visual como também na construção de mundo, em que a narrativa é feita por documentos e imagens encontrados pelo cenário.

Game brasilerio Retro Machina - Divulgação/Super.com - Divulgação/Super.com
Uma nova versão de Rapture?
Imagem: Divulgação/Super.com

Essa não foi a única inspiração mais forte que os desenvolvedores tiveram pra o game:

Os jogos da Supergiant Games são grandes referências pra gente, como Transistor e Bastion. Algumas soluções que eles têm pra jogos isométricos, como montar cenário, isso com certeza foi influência muito grande para nós
Valnei, criador de Retro Machina

Pena que nem mesmo essas influências foram o suficiente para deixar o combate do jogo melhor. As lutas são as partes mais fracas de Retro Machina, talvez pelo ritmo e os controles mais lentos do robozinho não conversarem tão bem com o que o combate do jogo exige.

Essa falha é algo que os próprios desenvolvedores admitem, por não terem investido tanto nesse aspecto, mas já preparam atualizações para balancear melhor as lutas.

game brasileiro Retro Machina - Divulgação/Super.com - Divulgação/Super.com
O visual chama a atenção, mas o gameplay também é bem satisfatório com exploração e puzzles
Imagem: Divulgação/Super.com

Com o reconhecimento, a Orbit agora já começa a pensar em seu próximo game, que não deve ser uma continuação de Retro Machina, mas eles não tiram a possibilidade de voltar ao universo com uma DLC no futuro.

Retro Machina é uma grata surpresa e mais um ótimo game independente brasileiro lançado nos últimos meses, junto com Dandy Ace e Kaze and the Wild Mask, provando que a cena de desenvolvimento local continua em um bom momento.

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