Topo
OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conteúdo e renovação: F1 mira exemplos do eSport e rejuvenesce

F1 Esports - Divulgação/F1
F1 Esports Imagem: Divulgação/F1

Colunista do UOL

24/03/2022 06h00

Os esportes eletrônicos dividem opiniões desde que surgiram. Independentemente dos avanços dos jogos enquanto modalidades profissionais, sempre haverá quem julgue que não se pode levar a sério um esporte praticado no computador, no celular ou no console. A Fórmula 1 é um dos maiores exemplos de que unir os dois mundos e saber entender o próprio tempo em que se vive é uma ótima forma de evoluir e crescer onde nem se imaginava que era possível.

No Brasil, o automobilismo teve picos de popularidade e se estabeleceu como uma preferência nacional com o fenômeno Ayrton Senna, entre as décadas de 80 e 90. A trágica morte do piloto em 1994 certamente acabou com o gosto de muitos brasileiros pela Fórmula 1. Por anos e anos, assistimos à modalidade enfrentar obstáculos para voltar a um patamar de grande relevância em todos os sentidos. E sim, os eSports têm grande participação nisso.

Sob a batuta de Alexandre "Gaules", um dos maiores streamers do mundo, uma camada jovem e renovada de público passou a enxergar na Fórmula 1 um esporte divertido e uma atração digna de encher a timeline de comentários a cada final de semana de prova. "Ué, do nada?", perguntariam os mais céticos. Há diversas explicações por trás disso.

Ciente de que cada vez mais os esportes eletrônicos são um fortíssimo concorrente à altura das modalidades tradicionais, a Fórmula 1 revisitou as próprias origens para buscar dentro da própria essência o que seria capaz de recolocá-la em uma prateleira de atenção máxima. A produção de conteúdo, exemplificada por espetaculares materiais no YouTube e a incrível série "Dirigir para Viver" (Drive to Survive), evidenciam isso.

Produzir bons conteúdos sempre foi uma forma dos eSports se legitimarem perante quem insiste em dizer que eles não são dignos de atenção, assim como entender que sempre haverá renovação de público e que é necessário explicar a quem ainda não entende o "beabá" da modalidade. Além, é claro, de ter um jogo que desperte a atenção de possíveis novos fãs e os leve a se interessar pelas corridas, pilotos e tudo que cerca o esporte.

Acho difícil, por exemplo, que alguém passe a gostar de futebol depois de jogar FIFA. O caminho costuma ser contrário: você ama o esporte, e toma o game como parte do seu entretenimento em torno dele. No caso da F1, não tenho medo de afirmar que muita gente passou a olhar o automobilismo de outra forma após jogar o simulador graças ao seu incrível nível de detalhes e realismo.

Muitos duvidariam da capacidade de um esporte que parece tão elitista adentrar camadas mais profundas do público e ganhar a atenção de fãs improváveis. A Fórmula 1 vem dando aula nesse sentido e mandando recado: olhem para os eSports como um exemplo de renovação, e não como um mundo distante. É um caminho sem volta.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL