Roberta Miranda faz relato sobre seu pai: 'Só não me agrediu sexualmente'

No "Roda Viva" (TV Cultura) desta semana, Roberta Miranda compartilhou com a bancada de entrevistadores um forte relato sobre a relação que ela teve com o pai até os 14 anos. Convívio incluía agressões.
O que aconteceu
Roberta Miranda introduziu o assunto ao falar sobre um livro biográfico, citando agressões sofridas. Segundo Miranda, estava previsto uma série de televisão sobre a sua vida, mas ela não deu prosseguimento porque não estava fazendo bem mentalmente para resgatar as memórias dos anos iniciais de vida.
Questionada sobre as agressões pela jornalista Janaína Nunes, da Record, Roberta Miranda descreveu a vez em que foi agredida com utensílio doméstico. O pai bateu nela com uma panela.
O cara [meu pai] me arrebentava com panela. Como eu não sofria agressão se ele me enforcava contra a parede e quem ia me salvar dele era o Zé Miranda, o meu padrinho e irmão? Eu só não sofri agressão sexual, porque aí eu matava ele.
Roberta Miranda, no Roda Viva (TV Cultura)
A sertaneja não cita o nome do pai, mas diz que até a adolescência sua vida foi difícil: "Até os 14 anos isso [das agressões] foi a pior fase da minha vida. Tem uma tela que pintei, os meus 14 anos estão ali na tela, foi terrível, destruiu a casa. Eu que tinha que faz o bloco, sei o peso do bloco, colocar no lugar certinho (...) pra fazer nossa casa".
Irmã caçula de outros três irmãos homens, Roberta Miranda acredita que seu pai fez uma projeção sobre ela, baseado no que ele acreditava ser o ideal de um homem masculino. "Acho que, no fundo, ele queria um homem da família".
Ele dizia para minha mãe: 'Você criou três porcarias, ninguém aqui é homem [de verdade], tudo é comandado por suas mulheres. Eu vou criar o homem da família'. Ao ponto de me levar ao barbeiro para cortar o cabelo.
Agressão corporal do pai de Roberta Miranda quase envolveu modificações que alterariam a percepção de gênero feminino da cantora: "Queria que eu tomasse injeção, hormônio para mudar tudo e eu ter barba. Só que ele fez uma vez, porque a segunda vez eu já não admiti mais, eu achava estranho. Ele criou o homem da família".
Roberta Miranda admite que toda essa interferência a fez ter, hoje em dia, "uma cabeça de homem": "Eu sou um homem de cabeça. Fisicamente eu sou uma mulher, mas eu sou um homem [de mente], um homem de caráter, um homem com todos os seus momentos e movimentos ideais que a gente idealiza que um homem de verdade tinha que ser".
Ele me botava para bater nas pessoas. Como ele era alcoólatra, eu tinha que ir para ele na zona e ele pegava mulheres dos outros. O que acontecia? Os caras vinham quebrar o meu pai, (...) e ele me jogava na briga. Eu tinha que dar porrada no cara, o cara dava porrada em mim. Era um inferno.
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