CEO da Mynd não quer que a filha vire influenciadora: 'Exposição grande'
Chamada de "mãe" por alguns dos maiores produtores de conteúdo e influenciadores do país, a CEO da Mynd, Fátima Pissarra, contou no Alt Tabet, do Canal UOL, que não gostaria que sua filha mais velha entrasse no mercado de marketing de influência, como seus agenciados.
É uma exposição muito grande. Eu acho que vocês, famosos, são muito mais evoluídos, porque o que vocês aguentam [...] Só de vocês aguentarem xingamento, pessoas falando 'isso é bom', 'isso é ruim', pessoas comentando o que você veste... Uma pessoa que fala mal de mim eu fico sabendo por outro, ninguém vem me xingar.Fátima Pissara, CEO da Mynd e da Billboard Brasil
O principal receio da empresária é a maneira como a cobrança do público nas redes influencia a vida dos produtores de conteúdo. "Por isso que eu falo que para minha filha eu tenho medo. De qual lado ela estaria? De quem está nem aí ou de quem se abala?".
A experiência da empresária com criadores reforça a angústia de ter alguém próximo com sua autoestima e sonhos sendo vigiados e julgados em público. "Eu acho que o abalo pode te levar a coisas muito tristes. Eu vejo muita gente que vive em uma roleta-russa, em uma pressão, parece que vai explodir. Você precisa ficar monitorando, porque eles recebem muita pedra".
Receita média do influenciador é o dobro do salário mínimo
A empresária contou que um dos principais ramos hoje para trabalhar com internet é o de "influenciadores de nicho". "Tem muito mercado porque estão começando a surgir os influenciadores de assuntos específicos. A receita média do influenciador é mais que o salário mínimo do país, mas tem gente ganhando R$ 300 mil, R$ 400 mil por mês".
Pissarra ressalta esse segmento de influencer que trabalha para público segmentado. "Tem gente que começou assim, está com 700 mil seguidores e ganha R$ 200 mil por mês só em afiliar link [prática em que a pessoa divulga produtos de uma loja e ganha uma comissão conforme o produto é vendido]", explicou, ressaltando haver nicho para todos os gostos. "Você pode colocar qualquer coisa no TikTok que alguém já fez".
Ela ponderou que não existe um padrão para medir o sucesso de determinado influenciador, porque é preciso avaliar antes o perfil do público com quem ele fala. "Tem que avaliar o objetivo da marca. Você vai lançar um produto, ele precisa falar com muita gente, então essa campanha a gente vai colocar influenciador com muito alcance. Agora uma coisa de venda específica, não adianta colocar [influenciador generalista], você pega alguém do nicho".
CEO da Mynd defende Deolane: 'Brasil tem questão com quem fica muito rico'
A empresária defendeu a advogada Deolane Bezerra, investigada por supostamente integrar esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais. Pissarra disse que os brasileiros costumam implicar com pessoas que eram pobres e conseguem ficar "muito ricas", a exemplo da influenciadora.
Fátima Pissarra destacou que Bezerra não é mais agenciada da Mynd, mas afirmou que ela é "uma ótima pessoa" e que ficou "preocupada com tudo o que aconteceu". "O Brasil tem uma questão com quem não tem muito dinheiro e fica muito rica, que é o caso da Deolane. Dizem que esse [dinheiro da advogada] vem não sei de onde... Não sei, não posso julgar, não sou juíza, mas todos os trabalhos que a gente realizou com ela foram corretos, ela sempre vende para caramba".
A CEO da Mynd ressaltou que Deolane é uma influenciadora que gera bastante engajamento e, consequentemente, fatura alto. "O engajamento dela é de cinco, seis milhões de views por story no Instagram. Ela é uma pessoa que conta a vida dela no dia a dia, foi construindo em cima disso um público muito fiel ao engajamento. O que ela falar para comprar, a pessoa vai comprar, e ela ganha muito dinheiro por isso".
Deolane Bezerra chegou a ser presa em setembro pela Justiça de Pernambuco, mas já foi solta. A advogada é investigada no mesmo caso do sertanejo Gusttavo Lima, na Operação Integration, que apura suposta existência de esquema criminoso e lavagem de dinheiro de jogos ilegais no Brasil. Donos das casas de apostas Esportes da Sorte e Vai de Bet também são alvos da polícia. Todos os citados alegam inocência.
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